Cerca de mil pessoas participaram esta terça-feira numa nova manifestação contra a amnistia de independentistas catalães, realizada nas imediações da sede do PSOE, na rua Ferraz, em Madrid, anunciou a delegação do Governo.

Nova noite de protestos em Madrid frente à sede do PSOE sem incidentes

A polícia bloqueou a rua, cerca das 2oh locais (19h em Lisboa) e montou um cordão de segurança frente aos manifestantes que protestaram pelo 19º. dia consecutivo na sequência da proposta de lei de amnistia entregue no parlamento pelo PSOE.

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A proposta resulta de acordos com dois partidos catalães que, em troca, viabilizaram, na quinta-feira, um novo Governo de esquerda em Espanha, liderado por Pedro Sánchez.

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Ao contrário de segunda-feira, quando o protesto juntou também cerca de mil pessoas, as forças de segurança não permitiram esta terça-feira que os manifestantes descessem a estrada, mas um pequeno grupo bloqueou parte do trânsito numa das ruas, a Marqués de Urquijo.

Entre os manifestantes contava-se Vito Quiles, detido na segunda-feira pela polícia por incentivar os protestos, tendo sido carregado aos ombros e aplaudido pelos presentes durante o 19º. dia da manifestação.

Na concentração encontrava-se também o deputado do Vox, Javier Ortega Smith, que na semana passada se juntou ao protesto em diversas ocasiões, defendendo os participantes e confrontando a polícia de choque, a quem acusou de atuação e mobilização desproporcionais.

Os manifestantes entoaram os mesmos slogans que têm usado todos os dias, como “Greve geral” ou “Pedro Sánchez para a prisão”, além dos habituais insultos ao primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e ao ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, que foram acompanhados, pela primeira vez, de gritos contra o novo ministro dos Transportes, como “Óscar Puente, deliquente” durante a manifestação desta terça-feira.

No protesto voltaram a ser vistas bandeiras de Espanha, algumas com o escudo recortado, mas também dos Terços da Flandres (um conjunto de unidades militares espanholas do século XVI e XVII que ficou conhecido pela disciplina e coragem) e do movimento Revolta, promotor destas mobilizações.

Os manifestantes também empunharam faixas com frases como “Todos os PSOE [são] culpados”, “Espanha na ditadura”, “Espanha: acordem, mobilizem” ou “SOS Europa, sem amnistia”.

Numa das faixas é mostrado um desenho de um agente da Unidade de Intervenção Policial (UIP) e Sánchez atingindo a Espanha com o cassetete.

Segundo as autoridades, não foram registados incidentes até às 22h locais (1h em Lisboa).

As manifestações recorrentes, à noite, em frente da sede nacional do PSOE, em Madrid, têm sido convocadas nas redes sociais e são apoiadas pelo Vox, mas o PP tem-se demarcado.

Vários destes protestos, marcados por símbolos, cânticos e gestos fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco, acabaram com distúrbios e cargas policiais.

A direita espanhola considera que a amnistia de políticos catalães que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017 pode constituir um ataque ao Estado de direito e ao princípio da separação de poderes, num alerta que também já fizeram associações de juízes e procuradores.

O PSOE sublinha que a amnistia já foi considerada legal pelo Tribunal Constitucional espanhol, em 1986, que já foi aplicada em Espanha em 1976 e 1977 e está também “perfeitamente homologada” nas instâncias europeias e pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Os socialistas defendem que esta amnistia devolve um conflito político à esfera política e servirá para recuperar a convivência entre catalães e entre a Catalunha e o resto de Espanha depois da fratura de 2017.