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Os comentadores e apresentadores do principal canal da televisão estatal russa voltaram esta segunda-feira a discutir a anexação de Portugal. Num debate em tom descontraído, o apresentador Vladimir Solovyov defendeu que os “portugueses viveriam bem como parte do império russo”, depois de sublinhar que só “uma desnazificação da Alemanha resolveria o problema”, numa referência à postura do Ocidente em relação à Rússia.

Parem de dar Lisboa a outros. Vocês tentam ‘abandonar’ Lisboa em todos os programas“, queixou-se Solovyov. Em resposta, um dos outros membros do painel de debate retorquiu que “Lisboa nunca foi russa”, ao que o conhecido apresentador respondeu: “Essa é a razão para passar a ser”.

O debate continuou e o mesmo comentador acentuou a sua posição contra a utilidade da anexação de Portugal. “Para que precisamos de Lisboa?”, questionou, sendo, de imediato interrompido por outra das propagandistas do Kremlin, a também jornalista Margarita Simonyan (que é editora-chefe da Russia Today). “Não precisamos, mas eu gostaria muito de a ter“, disse Simonyan, por entre referências a outros territórios que poderiam também ser anexados pela Rússia, como os estados norte-americanos da Califórnia e do Hawai.

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O excerto do programa, que visa Portugal, foi partilhado na rede social X pelo conselheiro do Ministério da Administração Interna da Ucrânia, Anton Gerashchenko, pedindo a atenção de Portugal para o momento que foi transmitido na televisão russa.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quarto episódio da série em podcast “O Encantador de Ricos”, que conta a história de Pedro Caldeira e de como o maior corretor da Bolsa portuguesa seduziu a alta sociedade. Pode ainda ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo episódio aqui e o terceiro episódio aqui.]

Não é a primeira vez que o programa “Noite com Vladimir Solovyov”, que se estreou em 2012 no canal Rússia-1, aborda a possibilidade de anexar outros países, incluindo Portugal. Os comentadores discutem com frequência qual deverá ser a estratégia de alargamento do território russo, depois de Moscovo tomar a Ucrânia, e apontam como alvos imediatos países da NATO, como a Finlândia e a Polónia, e membros da antiga União Soviética, como a Letónia, Lituânia e Estónia.

Propagandista do Kremlin sugere na televisão estatal russa querer “libertar Lisboa”

Antes, os mesmos comentadores e apresentadores tinham defendido que a Rússia deveria “libertar Lisboa”, uma cidade a partir da qual se “consegue ver a Estátua da Liberdade [em Nova Iorque], quando o tempo está bom”.

Em abril do ano passado, o ex-primeiro ministro Dmitry Medvedev, que tem usado uma retórica inflamada contra o Ocidente, afirmou que objetivo de Putin é uma Eurásia aberta “de Lisboa a Vladivostok”, ligando o extremo oriental da Ásia ao extremo ocidental da Europa.