O novo livro sobre a casa real britânica escrito por Omid Scobie, “Endgame – Por dentro da luta pela sobrevivência da família real e da monarquia” foi lançado na passada terça-feira, mas nos Países Baixos foi rapidamente removido. A versão neerlandesa continha, aparentemente, indicações que permitem perceber que foram o Rei Carlos III e Kate, a princesa de Gales, os membros da família real responsáveis por comentários sobre o tom de pele do primeiro filho dos duques de Sussex, que Meghan referiu na entrevista a Oprah Winfrey. Segundo o jornal The Times, o livro foi também retirado do mercado na Bélgica.

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Em reação à polémica causada pelo seu livro, Omid Scobie explicou que apenas pode falar sobre a versão em inglês, porque foi essa que escreveu e afirma que nunca usou a palavra “racista” e que o livro se refere antes a um “preconceito inconsciente”.

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O autor afirma que não entregou nenhuma versão do livro com os nomes. “Nunca entreguei um livro que tivesse lá os nomes deles”, disse o autor esta quinta-feira no programa This Morning no canal ITV. Disse também que a inclusão dos nomes estava a ser investigada e que uma nova versão no livro estava a ser impressa.

O autor refere ainda que os nomes são uma informação que já era conhecida há muito pelos jornalistas de Fleet Street (que é de facto o nome de uma rua, mas é também a expressão usada para referir os jornais nacionais britânicos e os jornalistas que trabalham para eles). “Eu estou tão frustrado como toda a gente. A realidade é que, no entanto, esta é informação que não é privada, só para mim. Jornalistas em Fleet Street têm conhecimento destes nomes há muito tempo. Todos seguimos como que um código de conduta quando se trata de falar sobre isto.”

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Vários meios de comunicação britânicos contornaram esta informação ao longo dos últimos dias, optando por não publicar as identidades das figuras em questão. Contudo o apresentador Piers Morgan revelou os nomes no seu programa TalkTV esta quarta-feira, que pode ser visto no Youtube. Morgan explicou que revelava os nomes porque, se os neerlandeses podiam entrar numa livraria ter acesso a essa informação, então os britânicos, “que de facto pagam para a família real”, também têm direito a saber. “E então podemos ter um debate mais aberto sobre este novelo porque eu não acredito que algum comentário racista tenha sido alguma vez feito por nenhum membro da família real e, até haver provas concretas de que esses comentários foram feitos, eu nunca irei acreditar”, afirmou o apresentador.

Entretanto a notícia espalhou-se pelo mundo. O jornalista neerlandês Rick Evers é correspondente real e, tendo consigo uma cópia da polémica edição deste livro, fez um curto vídeo que pode ser visto no Youtube e no qual mostra as duas partes da obra onde aparecem os nomes de Carlos e da princesa de Gales. O mesmo afirma que a versão nerlandesa “contém temas ou aspetos que não estão na versão inglesa, não há apenas palavras que foram mal traduzidas, há parágrafos completos que desapareceram”.

O jornal Guardian questionou o Palácio de Buckingham sobre o tema. “Isto não é algo que iremos comentar”, disse um porta-voz do palácio ao jornal esta quinta-feira. Ao Telegraph, uma fonte do palácio disse que estão “a considerar todas as opções”, deixando em aberto, segundo o jornal, a possibilidade de uma ação legal depois de Piers Morgan ter revelado os dois nomes.

O tema que está a gerar toda esta polémica foi inicialmente abordado pela duquesa de Sussex na entrevista que deu a Oprah Winfrey, em março de 2021. “Enquanto estive grávida, assistimos a conversas sobre ele não vir a ter segurança, sobre o facto de não receber um título e ainda sobre quão escura a pele dele podia ser quando nascesse, tudo ao mesmo tempo”, disse Meghan. Oprah perguntou de quem tinham vindo essas conversas, mas a duquesa acabou por não responder concretamente, alegando que poderia prejudicar muito as pessoas em questão. Segundo deu ainda a entender, conversas como estas não eram tidas à sua frente, embora lhe chegassem aos ouvidos através do marido.

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A versão neerlandesa que foi colocada à venda no início desta semana deixava, aparentemente, entender que o Rei e a princesa de Gales foram os membros da família real que participaram em conversas sobre o tom de pele de Archie, quando Meghan ainda estava grávida.  Desde esta entrevista, muito se especulou sobre quem seriam os membros da família real envolvidos, mas nunca se soube quem eram.

O livro fazia uma série de revelações sobre a família real, mas entretanto, esta questão ganhou relevância sobre todas as outras. Omid Scobie ficou conhecido há cerca de três anos quando foi lançado o título “Finding Freedom”, da sua co-autoria, e que era uma espécie de biografia dos duques de Sussex na tumultuosa altura do Megxit. A obra chegou às listas de bestsellers no Reino Unido e nos Estados Unidos.