O candidato a secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos disse hoje que o Chega pode ser “a surpresa” na coligação pré-eleitoral à direita admitida pelo líder do PSD, Luís Montenegro.

Em entrevista à SIC, o presidente dos sociais-democratas afirmou que o partido está “aberto a dialogar e ponderar” coligações pré-eleitorais com o CDS-PP e PPM e, sobretudo, a abrir as listas a independentes, admitindo até “algumas surpresas”.

“Se calhar a surpresa é o Chega, porque foi assim que fizeram também nos Açores. Prometeram sempre que não iam fazer nenhuma aliança com o Chega, mas depois fizeram quando ganharam as eleições sem maioria”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas em Beja, após um encontro com militantes.

O candidato socialista frisou ainda que o cenário de eleições antecipadas para o governo regional dos Açores é “a prova de que alianças entre diferentes partidos de direita não oferece estabilidade”. “Não ofereceu estabilidade na região autónoma dos Açores e não oferece estabilidade ao país”, afirmou.

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Pouco antes, no seu discurso perante mais de centena e meia de militantes numa unidade hoteleira de Beja, Pedro Nuno Santos afiançou que o aumento dos salários é “maior batalha [do país] nos próximos anos”.

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“Precisamos de dar um novo impulso e de resolver problemas que ainda persistem no país, desde logo nos serviços públicos, mas também do ponto de vista salarial, pois ainda não temos os níveis salariais a que o povo português tem direito”, justificou o candidato.

Numa intervenção de quase 30 minutos, com os três líderes federativos do PS no Alentejo, Nelson Brito (Baixo Alentejo), Luís Dias (Évora) e Luís Testa (Portalegre), além dos autarcas de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola, Odemira e Ourique, o ex-ministro das Infraestruturas lembrou a “trajetória de recuperação” do país iniciada em 2015, com a entrada em funções do governo de António Costa.

“Tivemos uma economia que cresceu sempre acima da média europeia desde 2015, entramos num processo de aproximação da média europeia e conseguimos criar mais de 600 mil postos de trabalho”, assinalou.

Ao mesmo tempo, continuou, “os salários aumentaram, as pensões aumentaram e a despesa social aumentou”, enquanto “a dívida pública foi baixando em cada um destes oito anos”.

“Não temos de contrariar o que fomos fazendo, só temos de continuar a fazer o que sempre fizemos”, disse o candidato do PS, para logo “atacar” as medidas anunciadas pelo PSD para os pensionistas.

“Hoje assistimos a um PSD com uma linguagem extremada, panfletária, radicalizada, mas ao mesmo tempo a tentar dirigir-se a uma parte do eleitorado que sempre maltrataram, os pensionistas”, que “nunca contaram com o PSD para lhes aumentar as pensões e os rendimentos, antes pelo contrário”, frisou.

Pedro Nuno Santos disse ainda que o debate político “não se divide entre radicais e moderados”, mas sim “entre quem tem convicções e quem não tem convicções”. “Eu não sou radical moderado, eu tenho convicções”, notou.