Num assunto que já se esperava polémico, o ruído e os apartes foram constantes no debate de urgência pedido pelo partido de André Ventura sobre a imigração em Portugal. Já na reta final, o vice-presidente da bancada do PSD, Miguel Santos, criticou “o nível intolerável de comentários” e a “linguagem brejeira” para concluir: “definitivamente, assim, nunca seremos amigos”.

O vice-presidente do grupo parlamentar estava a tentar concluir uma questão sobre o acesso dos emigrantes portugueses ao SNS — na sequência do despacho do ministério da Saúde que Manuel Pizarro desmentiu entretanto –, mas tendo em conta o ruído de fundo acabou por deixar críticas à postura do Chega durante o debate. Minutos antes, já Augusto Santos Silva tinha dito que estava “a chegar ao limite das condições” para continuar os trabalhos.

Depois deste bate-boca entre Miguel Santos e a bancada do Chega, o deputado Pedro Frazão, na intervenção de encerramento, contra-atacou ao dizer que “ainda bem que não somos amigos do PSD porque ser amigos dessa nulidade de bancada não é necessário”.

Já depois de esgotado o tempo e depois de várias pateadas das bancadas do PS e algumas da bancada social democrata à intervenção de Pedro Frazão, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento ainda pediu a palavra para frisar que “o PSD não leva lições de comportamento do Chega”, acrescentando já em tom irónico que “relativamente ao que se assistiu neste debate o deputado André Ventura vai voltar a escrever a Sua Santidade para pedir perdão“.

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No debate, em que participava também a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes — que tem a pasta das migrações –, deixou a garantia, em resposta à questão deixada pelo PSD, que “todos os cidadãos têm acesso ao SNS”, confirmando o desmentido de Manuel Pizarro sobre o acesso dos emigrantes portugueses ao sistema público de saúde.

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Todos os partidos procuraram vincar a diferença de pensamento face ao Chega, com a Iniciativa Liberal a garantir ter uma visão oposta à do partido liderado por André Ventura. O PCP apontou à falta de resposta dos serviços públicos para acolher os imigrantes e as preocupações com as redes criminosas que trabalham com base na imigração. Já o Bloco de Esquerda, por Pedro Filipe Soares, acusou o Chega de querer “promover a imigração ilegal” e o PS, por Luís Soares criticou o debate por servir de “incitamento ao ódio” pelos imigrantes.