Mais uma janela de mercado, mais uma novela, o protagonista do costume. Quando prolongou contrato com o PSG no último verão, numa jogada quase de all-in feita pelos franceses perante o parceiro de jogo do outro lado da mesa chamado Real Madrid, Kylian Mbappé ficou com uma cláusula que lhe permitia prolongou esse vínculo até 2025. Não aconteceu. Ou seja, e mais uma vez, o avançado é cabeça de cartaz naquelas habituais longas listas que se fazem a 1 de janeiro para identificar os jogadores que podem assinar por qualquer clube de forma “livre” mudando depois em julho. No entanto, e se a maioria dos adeptos parisienses volta apenas a esperar que o número 7 escolha ficar, também há quem comece a ficar “saturado” de tantos capítulos.

Afinal, há uma outra cláusula no contrato de Mbappé. E é essa cláusula que pode colocar o avançado no Real em 2024

“Tenho a impressão que de seis em seis meses é sempre isto. Fica, vai, fica, vai… Já me aborreço, estou a ficar farto disto. Quero que o Mbappé embarque num projeto do clube e deixa de andar sempre num projeto mais pessoal. Estou cansado de ouvir histórias atrás de histórias sobre o futuro no clube de seis em seis meses, já estou. Não me interessa, não me interessa”, desabafou o antigo campeão mundial gaulês Christophe Dugarry, numa entrevista concedida ao também ex-jogador Jérôme Rothen na RMC Sport. “Do fundo do coração, espero que vá. Cada vez está mais previsível nos seus duelos, com falta de força. Desaparece demasiadas vezes de alguns combates. Assim, passa algo negativo e não está a evoluir. Até demonstrem o contrário, o futebol ainda é um desporto de equipa e não de estatísticas individuais”, acrescentou o antigo avançado.

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Não se pode dizer que o campeão mundial de seleções de 2018, hoje com 25 anos, esteja a ter uma má época no PSG, levando 21 golos e duas assistências em 22 encontros realizados pelo conjunto francês entre Ligue 1 e Liga dos Campeões. Aliás, no atual ritmo Mbappé poderia bater a melhor média jogos/golos desde que chegou a Paris em 2018 (a nível de passes para finalizações certeiras está abaixo de outros anos). Contudo, os tabus que vai criando em relação ao seu futuro colocam-no numa posição que não é aceite por todos e que, de uma forma inevitável, deixava todos os holofotes da primeira decisão da época em si, na final da Supertaça frente ao Toulouse. Podia ser o último troféu do avançado, podia ser o primeiro de Luis Enrique.

“Percebo a desilusão dos adeptos do Real Madrid. Espero que também entendam a minha decisão…”. As explicações de Mbappé depois de renovar

“Vou gerir essa expetativa à volta dele da mesma forma como faço sempre, não é algo que dependa de mim. Não sou a pessoa certa para responder a isso. Da minha parte, gostava de poder jogar um troféu todas as semanas porque a motivação de uma final é maior do que qualquer partida do Campeonato. Estamos encantados com isso”, relativizou o técnico espanhol, que preferia colocar o enfoque na equipa e na hipótese de ganhar o primeiro título da época, o primeiro de Gonçalo Ramos (que não chegou a entrar) e mais um para Vitinha e Danilo (que também ficou no banco, após ausência por lesão). E se a diferença entre os dois conjuntos era mesmo de Golias e David, Mbappé voltou a ser aclamado pelos adeptos do PSG no dia em que se tornou o jogador que mais vezes marcou em encontros realizados no Parques dos Príncipes durante uma vitória que teve Vitinha como um dos principais destaques num meio-campo de sonho com Zaïre-Emery.

O encontro começou praticamente com o primeiro golo do PSG e com Vitinha em destaque no arranque de uma jogada que deixou Luis Enrique particularmente satisfeito: grande passe de 40 metros do português a “rasgar” a defesa contrária, assistência de primeira de Dembélé e remate de pé esquerdo de Lee Kang-in sem hipóteses para Guillaume Restes (3′). Estava materializado o mais do que esperado domínio da equipa da casa, entre uma tentativa quase do meio-campo que saiu ao lado do Toulouse, mas a partir do quarto de hora inicial a partida ganhou outros contornos, com os parisienses a criar muito volume ofensivo no último terço e os visitantes a aproveitarem da melhor forma as poucas saídas rápidas, com Gabriel Suazo a ter um desvio ao segundo poste que ficou nas malhas laterais (18′) e Thijs Dallinga a atirar na área ao poste (36′). Entre estes lances, Mbappé, Lee Kang-in e Barcola podiam ter aumentado a vantagem mas falharam na finalização até ao último minuto da primeira parte, quando Mbappé deixou três adversários para trás e fez o 2-0 (45′).

As bancadas do Parque dos Príncipes, já cientes de que o encontro estava “feito” (e Roger Schmidt ficou com a receita para “anular” o Toulouse, adversário do Benfica no playoff de acesso aos oitavos da Liga Europa, sendo necessário colocar mobilidade num jogo ofensivo com muita bola e estar atento às transições), voltava a cantar o nome de Kylian Mbappé, algo que aconteceu também durante a segunda parte quando o avançado tocava na bola. Se o primeiro tempo tinha sido desequilibrado apesar das ameaças do Toulouse, o segundo foi ainda mais esmagador por parte do PSG, que teve uma bola no poste num livre direto de Hakimi logo a abrir (54′). Dava para tudo embora a baliza tenha deixado de ser um objetivo, com Lucas Beraldo, jovem central brasileiro contratado este mês ao São Paulo, a entrar e a ser ovacionado sempre que tocava na bola. A história do Troféu dos Campeões estava escrita e com os parisienses a ficarem com o troféu, o décimo entre as últimas 11 edições numa série que começou em 2013 e que só foi travada pelo Lille no ano de 2021, sendo que o Toulouse ainda fez o suficiente para merecer nos derradeiros minutos o seu golo de honra nesta final.