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Os primeiros nomes da muito aguardada lista de 187 pessoas referidas no processo legal que acusa de tráfico sexual o magnata Jeffrey Epstein, que acabaria por morrer na prisão, foram revelados esta quinta-feira, (quarta-feira à noite nos EUA), avança a BBC. Os ficheiros foram tornados públicos pelo Distrito Sul de Nova Iorque a 3 de janeiro, após ter chegado ao fim o prazo de recurso colocado por dois dos mencionados no documento.

Os nomes estão a ser revelados a pouco e pouco e até às 8h00, a imprensa internacional confirmou a presença de dois nomes que já tinham sido referidos, o Príncipe André de Inglaterra e o antigo Presidente norte-americano Bill Clinton, revelando também os de Donald Trump, Michael Jackson, David Copperfield e Stephen Hawking.

No entanto, como sublinha o The New York Times ou o The Guardian, por exemplo, na maioria dos 46 documentos tornados públicos existem apenas meras referências a figuras que em muitos casos Epstein conhecia, contactava ou mencionava. Inclusão dos nomes na lista não implica que tenha havido alguma infração dessas pessoas, ou que tenham sido acusadas de atos ilícitos relacionados com o magnata (na lista constam até jornalistas que fizeram reportagens sobre os casos).

Bill Clinton, por exemplo, é referido no depoimento de Johanna Sjoberg, uma das vítimas que alegou que o Príncipe André lhe apalpou o peito quando estava sentada num sofá no apartamento de Epstein, em Manhattan, em 2001 (afirmações que o Palácio de Buckingham considerou serem “categoricamente falsas”).

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Sjoberg relatou uma conversa que teve com Epstein na qual este lhe disse que Bill Clinton “gostava delas [mulheres] jovens”. Quando confrontado com estas acusações, os representantes de Clinton remeteram para uma declaração de 2019, na qual este assegurava que não sabia “nada” sobre os crimes de Epstein.

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E em relação a Donald Trump, também ele ex-Presidente dos Estados Unidos, Sjoberg refere que numa viagem de avião com Epstein, fizeram uma paragem não prevista em Atlantic City, em Nova Jérsia: “Jeffrey disse: ‘Ótimo, vamos telefonar ao Trump’”, contou Sjoberg, acrescentando que ele sugeriu a seguir que visitassem o casino de Trump.

Também o mágico David Copperfield é mencionado no processo. Em maio de 2016, Sjoberg garante ter estado presente num jantar — numa das casas de Epstein — onde se encontrava Copperfield. O mágico fez alguns truques antes de lhe perguntar se Sjoberg tinha conhecimento de que “as raparigas eram pagas para encontrar outras raparigas”.

Sjoberg também relatou ter conhecido Michael Jackson, na casa de Epstein em Palm Beach (na Flórida) mas garantiu que nada de desagradável se passou com o já falecido cantor. Já o nome do físico Stephen Hawking surge no processo quando é mencionado por Epstein durante uma tentativa de corromper as vítimas para que negassem as acusações que tinham feito contra o próprio Epstein. O magnata enviou, em janeiro de 2015, um email a Ghislaine Maxwell, sua cúmplice, pedindo para que esta oferecesse dinheiro às vítimas de tráfico sexual de modo a que estas negassem as acusações, sobretudo as que envolviam o jantar em que Bill Clinton participou e a orgia em que Hawking terá estado envolvido. “O mais forte é o jantar de Clinton e a nova versão nas Ilhas Virgens de que Stephen Hawking participou numa orgia com menores de idade”, escreveu Epstein, citado pelo The Telegraph.

São mais de 943 páginas de documentos que estão a ser analisadas por vários órgãos de comunicação social norte-americanos. Os anónimos que eram anteriormente conhecidas como “J Doe” nos documentos do tribunal são agora identificados. Mas outros nomes permaneceram selados, incluindo os de crianças vítimas.

Antes de ser revelado oficialmente o conjunto de nomes, já eram conhecidas personalidades mencionadas no caso, como os já referidos Príncipe André e o antigo Presidente Bill Clinton, o seu assessor Doug Band e o agente de modelos francês Jean-Luc Brunel, que, tal como Epstein, morreu enquanto aguardava julgamento.

Estes documentos fazem parte de uma ação judicial intentada contra Ghislaine Maxwell, em 2015, por uma das vítimas de Epstein, Virginia Giuffre.

Clinton e Trump são ambos referidos no processo judicial, em parte porque Giuffre foi questionada pelos advogados de Maxwell sobre imprecisões em artigos de jornal sobre o tempo que passou com Epstein. Uma das histórias citava-a como tendo andado de helicóptero com Clinton e namoriscado com Trump. Giuffre disse que nenhuma dessas coisas aconteceu de facto. Ela não acusou nenhum dos dois antigos Presidentes de atos ilícitos.

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Epstein morreu em 2019, enquanto aguardava julgamento numa prisão federal por acusações de envolvimento numa rede de tráfico sexual. A causa da morte, oficialmente declarada um suicídio, levantou dúvidas junto da opinião pública e de pessoas próximas do caso.