A primeira entrevista de Luis Rubiales a um órgão nacional espanhol depois da polémica chegou uma semana depois de Jenni Hermoso ter testemunhado em tribunal para declarar que o beijo nas comemorações da conquista do Mundial “não consentido”. Na conversa com o jornal El Español, o antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, que está afastado pela FIFA de todas as atividades relacionadas com o futebol por um período de três anos, voltou a desvalorizar o ato que o colocou no olho do furacão.

Do beijo “inesperado e não consentido” às pressões que levaram a “tempos de desassossego e tristeza”: o testemunho de Jenni Hermoso

Luis Rubiales afirma que a polémica em que esteve envolvido serviu interesses político. “É importante ver as coisas que aconteceram nos últimos tempos: um tiro na cara de um político em Espanha, houve outras questões muito importantes a nível político, também a nível social… Coisas que aconteceram na rua, crimes sexuais reais. Não vi isso na televisão”, apontou num julgamento contínuo aos meios de comunicação social. “Há políticos que estão tão longe da rua que não se apercebem e acreditam que alcançaram o seu objetivo. Digo-vos que conseguiram o efeito oposto. Ando pela rua e a maioria das pessoas dá-me os parabéns por ter aguentado”, continuou.

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Depois da suspensão, a decisão: FIFA afasta Luis Rubiales do futebol espanhol e internacional por três anos

“Creio que não há ninguém que acredite que o que aconteceu foi uma agressão sexual e ninguém acredita na Jenni Hermoso, porque disse o que se disse e depois mudou de opinião”. Rubiales recuperou um momento em que alegadamente a jogadora lhe deu a entender que não ficou afetada com a situação, criticando que nenhuma das “30, 40 ou 50 câmaras que a FIFA tinha estivesse focada na Jenni quando disse vale“. Ao apontamento deixado, Rubiales acrescentou que considerava o presidente do organismo que tutela o futebol mundial, Gianni Infantino, um “demagogo”.

De acordo com Rubiales, Jenni Hermoso estará a apresentar uma postura diferente da que mostrava perante si. “Jenni Hermoso era minha amiga. Acontece que a Jenni Hermoso, em anos anteriores, pediu-me coisas com uma linguagem como ‘Porra, Rubiales…’. Foi assim que ela falou comigo. Ela, assim que terminou [o Mundial] e espontaneamente, falou com os media e contou a verdade naquele momento. Então, o que é feminismo ou igualdade para Jenni Hermoso e para algumas pessoas?”.

Porém, o beijo a Jenni Hermoso não é a única polémica na qual Rubiales está envolvido. Recentemente, o El Mundo revelou que a Real Federação Espanhola terá pago 24 milhões de euros a Piqué, por via de uma empresa da qual é proprietário, no decorrer das negociações que levaram a que a Supertaça Espanhola se disputasse na Arábia Saudita. Em sentido contrário, o clube que o central representava e que participou na competição, o Barcelona, recebeu apenas 6,8 milhões.

Afinal, pagava mais a Piqué do que ao Barcelona: a meia-verdade de Rubiales questionada em Espanha

“Isso é falso”, garantiu Rubailes ao El Español. “Dedicam-se a mentir sistematicamente. Mentira após mentira. Primeiro, disseram que pagávamos ao Piqué, depois, que o Piqué era meu sócio… Eu não sou sócio do Piqué de forma alguma. A empresa Kosmos [detida pelo ex-jogador] trouxe-nos uma oferta, negociámos e o Piqué negociou a sua comissão com a Arábia Saudita. Não lhe pagámos nada nem lhe demos nada”. O antigo dirigente comparou o caso a um episódio em que um jogador do Real Madrid lhe pediu que o ajudasse a vencer a Bola de Ouro e não o fez.

Foi durante a liderança de Luis Rubiales que a Real Federação Espanhol se uniu à Federação Portuguesa de Futebol para levar a cabo uma candidatura conjunta para o Mundial de 2030. “Todos sabem que houve três pessoas a nível político-federativo que foram fundamentais para que isso fosse alcançado. O mais importante é Aleksander Ceferin [presidente da UEFA]. Sem ele, o Mundial não teria chegado a Espanha. Isso é certo. Depois o trabalho que Fernando Gomes [presidente da Federação Portuguesa de Futebol] e eu fizemos”.

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