A primeira conversa entre o Presidente da República e o novo líder do PS durou pouco mais de uma hora e acabou tudo em bem, pelo menos agora. A garantia de Pedro Nuno Santos é de que o que se passou no Congresso da sua entronização como líder  — e os ataques feitos a Marcelo — não têm nada a ver com a posição oficial do partido e que essa é de “boa relação institucional” com Belém. O aviso serve para fora, mas tambem para acalmar as hostes socialistas nesta fase.

Este fim de semana, o partido juntou-se em Congresso e com criticas sérias a Marcelo, sobretudo na linha do que já tinha sido levantado pelo ex-líder António Costa, que discordou frontalmente da dissolução Assembleia da República e da maioria socialista nesta altura. Não que Pedro Nuno discorde disso mas — como diria o presidente Carlos César que o acompanhou nesta audiência — o que “lá vai lá vai”.

Como o PS faz de Marcelo um alvo: a culpa pela crise e a pressão para o pós-eleições

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“Foi uma boa reunião”, descreveu sobre este primeiro encontro com Marcelo onde disse ter ido para garantir a sua intenção de “promover uma boa relação institucional com o Presidente” e que a entende como “fundamental para o funcionamento da democracia”. Sobre as críticas que se ouviram no Congresso, o novo líder do PS diz que deve ser respeitada a liberdade de opinião dos delegados, mas que “isso não quer dizer que a liderança do PS tenha o mesmo posicionamento ou a mesma opinião sobre o Presidente da República”.

“Temos de separar a opinião individual da que é a opinião do PS”, acrescentou ainda Pedro Nuno Santos que sobre a sua própria posição nessa matéria garante: “Tive o cuidado de preservar a relação do PS e a minha relação pessoal com o Presidente da República.”

O novo líder do PS não quis acrescentar mais nada sobre o conteúdo da conversa com o Presidente da República para onde levou o presidente Carlos César, o seu diretor de campanha, João Torres, e também a coordenadora da sua moção e do programa eleitoral do partido, Alexandra Leitão. César e Torres foram dos dos socialistas mais duros com Marcelo no Congresso, com o presidente do partido a dizer mesmo que, perante a saída de António Costa, Marcelo “não fez o que politicamente era devido“. Já João Torres disse, numa entrevista ao Observador durante o Congresso, que Marcelo “não pode deixar de fazer uma leitura dos resultados das eleições em face dos instrumentos de que dispunha para tomar decisões políticas”, colocando uma pressão adicional sobre o Presidente para o dia 11 de março.

Já esta quarta-feira, Pedro Nuno Santos não foi por aí e nada disse sobre eventuais análises na reunião que acabara de ter como Marcelo mais voltadas para o futuro, nomeadamente para o dia a seguir às eleições. Recusou-se mesmo a dar “conselhos” sobre como o Presidente “deve encarar a configuração Parlamentar” e que “não será o PS a dizer ao Presidente como deverá actuar”, declarando apenas que da parte do PS o foco é apenas um: “Ficámo-nos num único cenário que é o da vitória do PS”.

À margem da reunião, o novo líder socialista ainda foi questionado sobre os protestos dos polícias nos últimos dias e apesar de defender que muito foi feito pelo atual Governo, “é preciso dar um novo impulso” — o seu lema que faz o compromisso com o legado de Costa e a sua proposta para o futuro. Sem entrar muito no assunto, Pedro Nuno prometeu respeitar o “princípio da valorização da carreira e salarial”, que diz ser “fundamental” em relação às forças de segurança.

Também foi questionado sobre a crise no grupo Global Media (que detém a TSF, o DN, o JN e O Jogo, que estão em greve esta quarta-feira), o líder socialista disse que vai fazer “diligências” junto do sindicato dos jornalistas para conhecer pormenores deste caso e também sobre “o panorama geral da comunicação social no país”.