Por precisar de manter “a cabeça clara e sem distrações”, Carlos III jantou apenas com o filho mais velho na noite da morte de Isabel II, enquanto Harry e outros membros da família real se mantiveram em Balmoral, de acordo a nova biografia Charles III: New King, New Court. The Inside, escrita pelo jornalista do Daily Mail Robert Hardman, que será publicado a 18 de janeiro, mas cujas revelações já se estão a espalhar pela imprensa britânica.

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Quando Isabel II morreu, o Rei de Inglaterra precisou de ter “conversas discretas” com William antes de se focar em “consolar todo o país”.”Noutros anos, um momento destes incluiria automaticamente também o seu filho mais novo. Mas não mais”, escreve Hardman, citado pelo Telegraph. “Esta ocasião não era nitidamente para abrir corações e mentes em relação ao príncipe Harry, particularmente se ele ainda estava a tomar notas para o seu futuro livro [Na Sombra, entretanto publicado]”.

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Chegado a Balmoral, o Duque de Sussex foi recebido pela tia, a princesa Ana. Depois de visitar o quarto da avó, juntou-se ao jantar de família no andar de baixo. “Nem o seu pai nem o irmão lá estavam”, descreve Hardman. “O Rei e Camila tinham, por essa altura, regressado a Birkhall, a sua casa na propriedade de Balmoral.” William e Kate juntaram-se ao casal para jantar em Birkhall, tendo também passado lá a noite.

Em Na Sombra, o Duque de Sussex também escreveu sobre a noite em que a avó morreu, sem explicar por que motivo o pai, William e Camila não estavam em Balmoral, onde acabou por jantar com o resto da família.

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A “comédia de erros” no ensaio do funeral

O novo livro inclui entrevistas a vários membros do staff sobre o funeral e a coroação de Carlos III, incluindo um testemunho da Princesa Ana. O sargento Andrew “Vern” Stokes, responsável pelos aspetos militares e cerimoniais do funeral de Estado, descreveu o ensaio como uma “comédia de erros”, durante o qual uma banda desapareceu e um guarda cerimonial quase sofreu um acidente ao virar para o lado errado em Marble Arch.

“Tudo o que podia correr mal correu mal”, contou Stokes sobre o único ensaio, que decorreu durante a manhã de 15 de setembro de 2022. Um dos erros teve que ver com o planeamento dos tempos da parada, que não tiveram em consideração o facto de diferentes elementos terem tempos e comprimentos de passo diferentes. A dada altura, descreve o autor, a parada “acabou por separar-se do caixão”, uma vez que os vários elementos, das gaitas de foles aos oficiais da marinha, estavam “fora de compasso”.

A morte da Rainha forçou várias movimentações repentinas entre o pessoal militar, uma vez que os Guardas Granadeiros estavam em patrulha no Iraque, os State Trumpeters (“Trompetistas do Estado”) estavam num avião a caminho do Canadá e um elemento da equipa de segurança estava em lua-de-mel. Todos tiveram de se deslocar de volta para o Reino Unido com a máxima urgência.

Três cortejos, dois minutos de silêncio e o enterro privado com a família real. Como vai ser o funeral de Isabel II?

James Stopford, um dos membros da equipa de segurança cerimonal de Isabel II, relatou a Hardman como estava na ilha grega de Corfu a discursar no casamento da filha quando recebeu a mensagem: “Ordena-se que regresse imediatamente ao Reino Unido para comparecer aos seus deveres no funeral de Sua Majestade.”

O passeio “constrangedor” em Windsor

Foi o Príncipe de Gales quem organizou o passeio por Windsor para consolar a multidão junto da mulher, de Harry e de Meghan depois da morte de Isabel II. De acordo com a nova biografia, William considerou a situação “constrangedora”, mas a coisa certa a fazer. Na altura, os dois irmãos já estavam afastados.

“Foi claramente uma ideia do William”, lê-se no livro, que cita um dos conselheiros próximos do Príncipe de Gales, de acordo com o Telegraph. “Organizou [o passeio] em cerca de duas horas, ao todo. Pensou bastante no assunto e disse: ‘Sei que é constrangedor, mas não será o certo, no contexto da morte da minha avó?'”

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William, Kate, Harry e Meghan durante o passeio por Windsor, que aconteceu a 10 de setembro, dois dias depois da morte da Rainha

A caminhada durou cerca de 40 minutos, ao longo dos quais os quatro cumprimentaram e consolaram várias pessoas que esperavam na multidão. “Acho que nenhum dos casais achou fácil fazê-lo”, revelou a Hardman um membro da equipa dos Príncipes de Gales.