O encontro, a quatro vozes, que decorreu esta quarta-feira na feira do Turismo de Madrid, era pouco expectável. Mas aconteceu. O presidente da Comunidade de Castela-La Mancha, o socialista Emiliano García Page, esteve vários minutos à conversa com três presidentes de comunidades autónomas eleitos pelo Partido Popular. Segundo o jornal El Español, Page — que é apontado como um dos possíveis sucessores de Pedro Sánchez na liderança do PSOE — apoiou os homólogos do PP num tema em que a sua comunidade também é afetada: o do subfinanciamento, perpetuado pelo governo de Madrid ao longo dos anos.

O encontro entre os quadro líderes autonómicos (Emiliano Page, de Castela-La Mancha e eleito pelo PSOE; e Fernando López Miras, de Murcia; Carlos Mazón, da Comunidade Valenciana; e Juanma Moreno Bonilla, da Andaluzia, eleitos pelo PP) serviu para mostrar apoio a um relatório divulgado pela Fundação de Estudos de Economia Aplicada, um organismo independente, que propõe criar um fundo com 3 mil milhões de euros destinados a colmatar o subfinanciamento crónico de que sofrem algumas regiões autónomas espanholas, entre as quais as lideradas por Page e pelos três barões do PP.

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Segundo a Fundação, 1.409 milhões seriam alocados à Andaluzia (a mais populosa das quatro comunidades), 1.148 para a Comunidade Valenciana, 405 para Murcia e 315 para Castela-La Mancha. Os habitantes destas quatro regiões recebem, em média, menos dinheiro do que outras zonas de Espanha, a partir de um método de financiamento que expirou há dez anos. O governo socialista de Sánchez apresentou, em 2021, um esboço para uma reforma do sistema de distribuição de fundos mas a mesma não chegou a avançar.

O governo regional da Comunidade Valenciana, que se tem esforçado para constituir uma frente ampla contra o subfinancinamento das regiões autómonas, foi a primeira a divulgar a foto dos quatro líderes. De seguida, foi o próprio governo regional de Castela-La Mancha a fazê-lo, sem receios de divulgar a proximidade de Emiliano Page aos homólogos do PP.