A Autoridade Federal de Transporte Motorizado alemã (KBA) abriu uma investigação aos motores diesel da BMW, por suspeita da utilização de um software malicioso, destinado a diminuir artificial e ilegalmente as emissões poluentes. O esquema, similar ao que deu origem ao Dieselgate – que envolveu as marcas do Grupo VW, Mercedes e Fiat, entre outras -, permite identificar quando o veículo está a ser submetido a um teste de emissões em condições laboratoriais (em banco de ensaio) e adaptar a cartografia da gestão do motor para lhe diminuir as emissões, mesmo se à custa de uma menor potência ou capacidade de aceleração. Quando o software reconhece que o veículo não está a ser testado, mas sim utilizado em condições normais, permite um maior volume de emissões.

Quem o anuncia é o jornal alemão Bild, que recorda que já em 2019 a BMW foi acusada e punida pelo uso de software “incorrecto” em alguns modelos, o que lhe valeu uma multa de 8,5 milhões de euros aplicada por um tribunal de Munique. Mas o actual processo tem potencial para se tornar substancialmente mais dispendioso, de acordo com a publicação germânica.

O caso foi descoberto pelo grupo ambientalista Deutsche Umwelthilfe (DUH), enquanto procedia a testes de emissões com um BMW X3 equipado com um motor 2.0 turbodiesel. Notaram os técnicos do DUH que o motor emitia menos NOx (óxidos de azoto, um produto cancerígeno) quando o veículo, entre outros factores, tinha o ar condicionado desligado, o que curiosamente também acontece durante os testes de homologação de consumos e emissões em banco de ensaio.

Este comportamento do veículo levou a DUH a suspeitar da presença de um software capaz de detectar a diferença entre uma fase de testes em laboratório e uma utilização normal do veículo na via pública, o que levou à abertura de uma investigação por parte da KBA, centrada de momento nos BMW X3 fabricados entre 2010 e 2014. Caso se confirme a fraude, como afirma a DUH, a investigação da KBA será alargada a outros veículos de outros anos de fabrico.

A BMW, que negou inicialmente ter utilizado software fraudulento, argumenta agora tratar-se de um “defeito de produto”, segundo o Bild. A DUH espera que, a confirmar-se a fraude, se sucedam os processos cíveis e criminais.

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