As cinco derrotas do Barcelona nos últimos 12 jogos, que incluem a goleada contra o Real Madrid na final da Supertaça e a eliminação da Taça do Rei, deixaram a temporada dos catalães algo hipotecada. O mês de janeiro foi complexo e o apertar do cerco deixou claro que alguém teria de cair. No fim, Xavi assumiu esse papel de forma unilateral.

Na sequência da derrota em casa contra o Villarreal, num jogo em que o Barcelona deu a volta a uma desvantagem de dois golos e concedeu outros dois já nos descontos, o treinador anunciou que vai deixar o cargo no final da temporada e que a decisão é irrevogável. “O melhor é sair no dia 30 de junho. Dito isto, darei o meu melhor nos restantes quatro meses. Não quero ser um problema. A solução é deixar de ser o treinador”, atirou, numa conferência de imprensa onde surgiu acompanhado pela mulher e pelo irmão.

“Não quero ser um problema. O melhor é sair.” Xavi anuncia que vai deixar o Barcelona no final da temporada

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Ora, de forma natural, a comunicação social espanhola tem passado as últimas horas a tentar reconstituir os instantes que levaram à decisão de Xavi — recuando até ao dia 17 de janeiro, altura em que o treinador reuniu o círculo mais próximo na própria casa para anunciar que estava a pensar sair em junho. De acordo com o Sport, três dias depois da derrota contra o Real Madrid na final da Supertaça, Xavi juntou a mulher, o irmão, o adjunto, o agente e o assessor e revelou que “meses de profunda reflexão” o levaram a acreditar que o Barcelona está melhor sem a sua presença.

Só faltava, portanto, a gota de água. Gota de água que surgiu este sábado e com a derrota frente ao Villarreal. Xavi não fez qualquer menção à decisão durante a flash interview, já que queria falar com Joan Laporta primeiro, e só anunciou a saída já na conferência de imprensa. Assim que deixou a zona de entrevistas rápidas, pediu uma reunião improvisada com o presidente do Barcelona — onde acabaram por juntar-se Deco, o vice-presidente Rafa Yuste, o assessor Enric Masip e Alejandro Echevarría, braço direito de Laporta.

Aí, comunicou que tinha decidido sair em junho, que iria anunciá-lo daí a minutos na sala de imprensa do Estádio Olímpico Lluís Companys e que não existia qualquer hipótese de mudar de ideias — por muito que Joan Laporta, que instantes antes tinha dito à restante Direção que ia surgir perante a comunicação social para defender e respaldar o treinador, tenha tentado dissuadi-lo. O presidente ainda se ofereceu para acompanhar Xavi na conferência de imprensa, mas o antigo internacional espanhol defendeu que esta era uma “decisão pessoal, não do clube”.

De acordo com o Mundo Deportivo, o treinador apressou-se a deixar claro que abdicava dos oito milhões de euros previstos no último ano de contrato, já que tinha assinado até 2025. Depois da conferência de imprensa, dirigiu-se ao balneário para comunicar a decisão aos jogadores — num momento onde João Cancelo, Koundé e Gavi terão sido os mais emotivos.

Num momento em que Xavi já está fora da equação, mesmo que o Barcelona esteja a 11 pontos da liderança do Real Madrid e ainda nos oitavos de final da Liga dos Campeões, começam a surgir as naturais hipóteses para a sucessão. Os primeiros nomes a sair da cartola foram Míchel, que está a realizar uma grande temporada no Girona, Rafa Márquez, antigo central dos catalãs que orienta atualmente a equipa B, e Thiago Motta, também ele antigo jogador blaugrana que está à frente do Bolonha. O preferido da cúpula do clube, não obstante, será Roberto De Zerbi, italiano que tem dado nas vistas no Brighton.

Numa linha mais periférica, é impossível não recordar Hansi Flick, sem trabalho desde que deixou a seleção da Alemanha, Mikel Arteta, produto de La Masia que está no Arsenal, ou até Jürgen Klopp, que nos últimos dias também anunciou que vai deixar o Liverpool no final da temporada. Segundo o Sport, porém, o balneário do Barcelona já elegeu um favorito: Luis Enrique, que ganhou tudo com o clube entre 2014 e 2017. Com contrato com o PSG até 2025, contudo, o regresso do treinador espanhola à Catalunha parece complicado de concretizar.