O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai desembolsar 33 milhões de dólares (30,7 milhões de euros) para ações de promoção da segurança alimentar e resiliência climática em Moçambique, revelou esta quarta-feira à Lusa o representante da instituição no país.

“O primeiro objetivo é abordar as questões de segurança alimentar em Moçambique, através do aumento da produtividade agrícola e da redução das perdas pós-colheita, e o segundo é melhorar os meios de subsistência, através de criação de empregos e do aumento do rendimento no setor agrícola”, declarou Cesar Augusto Mba Abogo.

Para atingir esses objetivos o financiamento destina-se a projetos para a melhoria da nutrição, incentivo ao setor privado para aumentar o seu envolvimento no setor agrícola, e a promoção da cadeia de valor na produção de aves de criação, milho e soja, avançou.

O representante do BAD assinalou ainda que o investimento visa igualmente a criação de emprego na agricultura.

Noutra dimensão, a da resiliência climática de Moçambique, Cesar Augusto Mba Abogo referiu a montagem de radares meteorológicos nas cidades de Nacala, norte de Moçambique, e Xai-Xai, no sul, visando a instalação de sistemas de aviso prévio, para a prevenção e mitigação do impacto das mudanças climáticas.

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Os referidos aparelhos, prosseguiu, juntam-se a um radar já montado na cidade da Beira, centro do país, no quadro de um projeto traçado pelo Governo moçambicano, para a colocação de sete radares em vários pontos do território nacional.

“Um dos entraves à produtividade agrícola em Moçambique são as mudanças climáticas e este projeto está estruturado de maneira a reforçar a resiliência climática no país”, frisou o representante do BAD.

Cesar Augusto Mba Abogo referiu que o financiamento foi aprovado pela direção do BAD em janeiro, como parte do cofinanciamento do programa de desenvolvimento da cadeia de valor agroalimentar do Governo moçambicano.

O programa, que conta com vários parceiros, está orçado em 150 milhões de dólares (139 milhões de euros) e insere-se nas ações de transformação da agricultura, através da capitalização de cadeias de valor que permitam a ligação entre os centros de produção e os mercados.

A iniciativa prevê beneficiar pelo menos 58 mil produtores.

Moçambique é considerado um dos países do mundo mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.