O comissário europeu da Economia disse esta quinta-feira ver como “boas notícias” as melhorias nas previsões da inflação, que abranda mais rapidamente do que esperado, destacando “a redução no horizonte” das taxas de juro, esperada pelo mercado no verão.
A Comissão Europeia previu esta quinta-feira, nas previsões económicas de inverno, um abrandamento da taxa de inflação na zona euro mais rápido este ano, para 2,7%, devido à queda acentuada dos preços da energia e às pressões moderadas, mantendo 2,2% em 2025.
Em entrevista à agência Lusa e outros três meios europeus em Bruxelas, no final da apresentação dos dados, o comissário europeu da tutela, Paolo Gentiloni, apontou que, “de facto, foram boas notícias”.
“A inflação está a baixar e […] há uma redução bastante grande, sendo o motor de tal diminuição os preços da energia, que estão a ir numa boa direção, apesar das tensões geopolíticas”, elencou.
Questionado sobre eventuais reduções nas taxas de juro, dada a apertada política monetária do Banco Central Europeu (BCE) para, precisamente combater os elevados níveis de inflação registados nos últimos meses e garantir a estabilidade dos preços, Paolo Gentiloni rejeitou especular sobre as decisões da instituição.
“Os bancos centrais tomarão as suas próprias decisões com base em dados sólidos, […] mas o que descrevemos nas nossas previsões são, em todo o caso, as expectativas do mercado financeiro, que indicam que a redução está no horizonte e que é suposto começar em junho”, assinalou o comissário europeu da Economia, quando questionado pela Lusa.
“É claro que a expectativa do mercado financeiro é baixar autonomamente os spreads e as taxas de juro e não é só a decisão oficial que muda isso, mas, no que diz respeito à decisão oficial, penso que temos de apoiar esta ideia de tomar decisões com base em dados”, acrescentou.
Nas previsões intercalares de inverno, esta quinta-feira divulgadas, o executivo comunitário prevê que a inflação medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor desacelere de 5,4% em 2023 para 2,7% em 2024 e para 2,2% em 2025 na área da moeda única e que, na União Europeia (UE), desça de 6,3% no ano passado para 3% este ano e 2,5% no próximo.
Nas anteriores projeções, as de outono publicadas em novembro passado, Bruxelas previa, para a zona euro, uma descida da inflação de 5,6% em 2023 para 3,2% este ano e de 2,2% em 2025.
“Há uma redução de cinco pontos percentuais”, assinalou ainda Paolo Gentiloni.
Estas projeções surgem numa altura em que se registam vários bloqueios no Mar Vermelho, onde os combatentes huthis iemenitas estão a atacar embarcações da Marinha Mercante em retaliação pela guerra de Israel na Faixa de Gaza.
Teme-se um eventual aumento dos preços na área da moeda única e na União devido a estes ataques no Mar Vermelho, que provocaram perturbações no transporte marítimo e aumentaram os custos nas rotas comerciais entre a Ásia e a Europa.
Nas previsões hoje divulgadas, Bruxelas admite inclusive que “a inflação global da zona euro deverá situar-se ligeiramente acima do objetivo do BCE”, na ordem dos 2%.
“As condições de crédito continuam a ser restritivas, mas os mercados esperam agora que o ciclo de flexibilização se inicie mais cedo [pois] o mercado de trabalho da UE continua a registar um desempenho notável”, diz ainda a instituição.