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“Como destruir uma mesquita” é o título de um popular vídeo se tornou muito popular em plataformas como o TikTok em Israel. O vídeo, editado num estilo frenético próprio da linguagem dos memes da internet e com uma banda sonora humorística, pretende retratar os passos necessários para construir um engenho explosivo capaz de destruir edifícios de culto da religião muçulmana em Gaza. É também um de muitos vídeos feitos por soldados israelitas na frente de combate que, nos últimos meses, têm ganho popularidade nas redes socais — e aumentado a polémica em torno da conduta de Israel na guerra contra o Hamas.

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As gravações em questão oferecem um olhar privilegiado ao dia-a-dia dos soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) no decurso das operações em Gaza. Muitos chegam mesmo a ter dezenas de milhares de visualizações e são partilhados em todas as principais plataformas de partilha de conteúdos, do já referido TikTok ao Twitter, do YouTube ao Facebook.

Se alguns destes vídeos retratam cenas mundanas do dia-a-dia, como soldados a comer e em várias atividades militares ou lúdicas, muitos outros há que adotam uma postura diferente. O tom é quase sempre jocoso e frequentemente faz pouco das consequências da guerra para os civis palestinianos.

Um vídeo partilhado várias vezes na rede social X inclui dois soldados da IDF num aparente sketch humorístico numa escola deserta e destruída pelos combates.

Outro vídeo retrata um soldado israelita a atear fogo a um camião de mantimentos destinados às vítimas humanitárias do conflito. Dizem que estão a destruir “os doces que eles dão aos miúdos quando fazem ataques terroristas”:

Pelo meio, há imagens que retratam soldados israelitas a vandalizar estabelecimentos comerciais em Gaza, a posar com armas junto a cenários de destruição causada pelo conflito e até a demolir um edifício no contexto de um convite de casamento.

@linmoskona

חשוב שהוא יכול להפטר ממני חחחחחחחחחחחחח ???????????? #foryou #פוריו #כיאנחנוחיילים #אקסיתאובססיבית

♬ צליל מקורי – Lin Moskona

@middleeasteye

An Israeli soldier announces his wedding date saying “It’s going to be a blast” while blowing up a house in Gaza. The soldier then carries on the celebrations with his comrades.

♬ original sound – Middle East Eye

As imagens têm bastante repercussão mediática na esfera digital, muitas vezes acabando mesmo por circular em páginas ligadas à extrema-direita de Israel, que as promove como exemplo da conduta a seguir pelos soldados da IDF. No entanto, alguns espaços da sociedade civil têm criticado aquilo que vêm como a conduta excessiva do exército, motivada não por uma necessidade de guerra, mas por um ódio contra o povo palestiniano.

“Mesmo que o porquê de termos ido para esta guerra seja importante e necessário, temos de nos questionar sobre como nos estamos a comportar durante a guerra”, disse à CNN Internacional, que recentemente documentou alguns destes casos, Avnar Gvaryahu, um antigo soldado israelita que participou na Segunda Intifada e que hoje dirige a organização Breaking the Silence, um coletivo que encoraja ex-combatentes a relatarem a verdade da sua experiência no exército e nos vários períodos de ocupação israelita dos territórios palestinianos.

Por outro lado, há quem entenda este fenómeno de redes sociais como uma tentativa de retomar controlo da narrativa da guerra e afirmar a superioridade de Israel, como é o caso de Eran Halperin, professor de Psicologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.

A ideia central é ‘Estamos aqui, vamos ganhar, somos poderosos’. O que estes soldados estão a fazer nestes clipes que encontramos nas redes sociais faz parte de uma tentativa de reestabelecer uma sensação de agência, de poder e da imagem positiva que tínhamos de nós próprios antes do 7 de outubro”, disse.

À CNN Internacional, as forças israelitas confirmaram estar a par destas situações, mas demarcaram-se de qualquer incentivo aos vídeos, garantindo que a situação está a ser monitorizada. “A IDF tem agido, e continua a agir, por forma a identificar casos que se desviem da conduta usual esperada de soldados da IDF. Esses casos serão arbitrados e serão tomadas medidas significativas contra os soldados envolvidos”, referiu fonte do exército.