O PSOE abriu esta quarta-feira um processo tendo em vista a expulsão do antigo ministro dos Transportes e do Fomento, José Luis Ábalos. Em causa está um caso de corrupção que liga o ex-governante a um esquema de compra de máscaras faciais — alegadamente um ex-assessor de Ábalos recebeu cerca de 10 milhões de euros em troca da compra das máscaras por parte do Estado espanhol.

Ex-ministro da Economia espanhol demite-se da Comissão de Segurança Interna depois PSOE ter pedido entrega de mandato parlamentar

De acordo com o El País, o processo de expulsão aberto pelos socialistas espanhóis acontece depois de Ábalos ter recusado renunciar ao seu mandato no parlamento espanhol, como lhe havia sido exigido pelo partido. Numa conferência de imprensa, o ex-ministro, que apenas abandonou a presidência da Comissão Parlamentar de Segurança Interna, justificou a sua decisão com o facto de não estar a ser formalmente investigado pela justiça espanhola. Assim sendo, no seu entender, continuam reunidas as condições para manter as suas responsabilidades de deputado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entendimento diferente teve o PSOE, que tinha pedido ao deputado que abrisse mão do mandato voluntariamente “para salvaguardar a imagem do partido”, sob pena de abertura de um processo de expulsão caso não o fizesse . Cenário esse que agora se confirmou. “Se renunciasse, tal seria entendido como uma admissão de culpa” defendeu Ábalos em resposta, antes de anunciar que passaria a integrar o Grupo Misto — na legislatura espanhola são um grupo de deputados não inscritos, independentes ou de assento único que, em todo o caso, não reúnem as condições para formar um grupo parlamentar próprio.

“Nunca me imaginei fora do PSOE. (…) Volto a constatar que não estou acusado de nada, nem sou visado na investigação em curso, nem tampouco tenho qualquer enriquecimento ilícito, e não será porque não fui investigado a esse respeito”, argumentou.

Na terça-feira da última semana, um ex-consultor de José Luis Ábalos foi detido por suspeitas de ter recebido ‘luvas’ de 10 milhões de euros, em troca da compra de máscaras por parte do Estado espanhol.  Esse valor terá sido depois distribuído por várias pessoas envolvidas no esquema. Ao todo, a Guardia Civil fez 20 detenções.

De acordo com o jornal El Confidencial, Koldo García (o referido consultor) aplicou o dinheiro gerado pelas ‘luvas’ na compra de propriedades imobiliárias.

Em causa está a cobrança de comissões ilegais na celebração de vários contratos para compra de máscaras faciais e material sanitário, destinados aos ministério da Administração Interna e às comunidades autónomas das Baleares e Canárias. A Procuradoria Anticorrupção e a Unidade Central Operativa da Guarda Civil suspeitam que Koldo García terá servido de intermediário nas negociações, cobrando avultadas comissões.

Após ser tornado público o esquema, o antigo ministro disse estar “estupefacto” com as revelações, que alegou desconhecer. Em todo o caso, ao longo dos dias seguintes, a pressão público para a sua saída foi aumentando, até chegar ao ultimato por parte do PSOE, que conta com o apoio do primeiro-ministro espanhol. “Quero reafirmar que a luta contra a corrupção deve ser implacável, venha de onde vier e caia quem cair (…). Quem faz paga”, disse Pedro Sánchez no sábado num evento da Internacional Socialista.