Rui Rocha insistiu de novo no risco de retrocesso dos direitos das mulheres para apelar ao voto na IL e tentar resistir ao apelo da AD ao voto útil. “O que diremos às nossas filhas e netas se depois dessa mudança de ciclo político [vitória da AD e derrota do PS] houver uma hipótese, por pequena que seja, de retrocesso nos direitos das mulheres?”

A primeira reação de Rui Rocha quando se soube que Paulo Núncio defendeu o referendo ao aborto, há nove dias, foi dizer que tinha a certeza de que Luís Montenegro não ia deixar passar essa medida. Mas desde então, tem referido de forma muito crítica esta hipótese para atacar a AD em quase todos os discursos, sendo sempre muito aplaudido nesta parte.

A mudança de ciclo político a que Rocha se refere é a eventual derrota do PS, que acredita que vai resultar das eleições deste domingo. Dar como certa essa derrota (e a vitória de Luís Montenegro) é parte essencial da estratégia da Iniciativa Liberal para tentar convencer eleitores que estejam indecisos entre o partido e a AD.

“Quando acordarmos na próxima segunda-feira, o ciclo político do país já terá mudado. (…) O socialismo na governação do país será passado. O que estamos a decidir agora já não é a mudança do Governo — essa vai acontecer. O que estamos a decidir é se mudamos o Governo e temos mais do mesmo ou se mudamos o Governo e mudamos o país a sério”, argumentou o líder da IL.

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Noutro apelo ao voto invocou a consciência: “Como pai de dois filhos não quero ter o peso na consciência de mudarmos de ciclo e tudo continuar  na mesma. Não vou ter esse peso”. Recordou ainda os 50 anos do 25 de abril para sublinhar: “A única maneira de honrar essa conquista é votar no país que queremos e não no que outros querem ou no que é útil que outros queiram”.

Bernardo Blanco apela ao envio de mensagens no dia de reflexão: “Amanhã ainda é dia”

Bernardo Blanco, cabeça de lista por Lisboa, discursou antes de Rui Rocha e apelou aos simpatizantes que continuem a tentar convencer indecisos no dia de reflexão.

“Amanhã ainda é dia. Os eventos públicos estão proibidos por lei, mas todos os contactos privados não são. Os contactos pessoais e mensagens devem ser reforçados amanhã, porque há muita gente para convencer”, pediu.

Num apelo a eleitores que estejam a pensar no voto útil, o vice-presidente da IL perguntou: “Preferem eleger um deputado liberal competente ou o 9º ou 10 das listas do PS ou PSD, que vai falar uma vez num ano e estar na última fila do parlamento a mexer no telemóvel?”

Também tentou seduzir eleitores do Chega, dizendo: “Percebemos a angústia destas pessoas. Mas gritar mais alto chama a atenção mas não põe mais dinheiro no bolso de ninguém, não vai marcar uma consulta, não vai resolver o problema da habitação”.

Discursaram ainda Mariana Leitão, número 2 por Lisboa, Joana Cordeiro, cabeça de lista por Setúbal, e Miguel Silvestre, cabeça de lista por Leiria, num comício de encerramento que reuniu cerca de 300 simpatizantes na LX Factory, em Lisboa.