O realizador polaco Roman Polanski vai ser julgado por alegada violação em agosto de 2025, num tribunal em Los Angeles, nos Estados Unidos da América. Caso remonta a 1973 e a alegada vítima seria menor na época. A informação é reportada por meios norte-americanos como a Variety,

“O juiz marcou a data para 4 de agosto de 2025 às 10h para um julgamento de dez dias com júri”, afirmou Gloria Allred, famosa advogada que representou mulheres em acusações semelhantes contra o produtor Harvey Weinstein, no olho do furacão do movimento #MeToo, Jeffrey Epstein ou o ator Bill Cosby.

A queixosa alega que Polanski a violou em 1973, quando ela tinha 16 anos, na casa que o cineasta mantinha em Benedict Canyon, na mesma cidade norte-americana. De acordo com o processo, ambos se conheceram numa festa, meses antes. Polanski tê-la-á convidado para jantar num restaurante e ter-lhe-á dado shots de Tequila antes e durante a refeição. Já em casa de Polanski, a adolescente terá adormecido na cama.

“A queixosa lembra-se de acordar na cama do arguido com ele deitado na cama ao lado dela”, refere o processo, citado pela imprensa norte-americana. “Ele disse-lhe que queria ter relações sexuais com ela. A queixosa, embora embriagada, disse ao arguido ‘Não’. Ela disse-lhe: ‘Por favor, não faças isso'”. O processo acusa-o de a ter despido e, posteriormente, violado.

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Roman Polanski, a condenação eterna e o #MeToo

Segundo a Variety, a alegada vítima, que mantém o anonimato, falou pela primeira vez sobre o assunto em agosto de 2017, numa conferência de imprensa com a advogada Gloria Allred. Na altura, Allred disse que a queixosa, então identificada como Robin M., tinha 16 anos quando ocorreu a suposta agressão sexual. Usando o nome de Jane Doe, a queixosa intentou uma ação judicial em junho do ano passado, com o processo a dar entrada no Tribunal Superior de Los Angeles ao abrigo de uma lei no estado da Califórnia que alarga o prazo de prescrição para crimes de abuso infantil. Polanski foi notificado da ação judicial na sua casa em Paris, onde vive desde que fugiu dos Estados Unidos há mais de 40 anos.

“Demorei muito tempo a decidir este processo contra o Sr. Polanski”, disse a queixosa numa conferência de imprensa esta terça-feira, acrescentando que o fez “para obter justiça e responsabilidade”. Os advogados de Polanski negaram a queixa, escreve a Variety. “O Sr. Polanski nega veementemente as alegações do processo e acredita que o lugar apropriado para julgar este caso é nos tribunais”, disse Alexander Rufus-Isaacs, advogado do realizador.

Autor de filmes como Rosemary’s Baby (1968), Chinatown (1974), A Noite da Vingança (1994) ou O Pianista (2002), Polanski já enfrentou diversas acusações de abuso sexual, inclusive em 1977, quando foi detido pela violação da adolescente Samantha Geimer, na qual se chegou a dar como culpado e que culminou com a sua saída dos Estados Unidos. Entre 2017 e 2019, outras quatro mulheres acusaram o cineasta de abuso sexual e três delas seriam adolescentes na altura dos supostos crimes. Uma das alegadas vítimas, Marianne Barnard, terá sido violada quando tinha dez anos.

O realizador, atualmente com 90 anos, enfrenta atualmente outro julgamento em França. Nesse processo, a atriz britânica Charlotte Lewis afirma ter sido vítima sexual do realizador em 1983, aos 16 anos.