A Câmara de Mourão (Évora) vai avançar com o processo para a instalação de um sistema de videovigilância no centro da vila para fazer face ao alegado aumento da criminalidade, revelou esta quinta-feira o presidente do município.

“Sempre tivemos alguns episódios, pouco recorrentes, de furtos, nomeadamente em montes, mas, sem explicação aparente, o nível de criminalidade tem aumentado e há correspondência com o volume de queixas”, afirmou à agência Lusa o autarca João Fortes.

O presidente da câmara referiu que a autarquia pretende instalar “entre oito a 12 câmaras de videovigilância” na zona central desta vila alentejana, prevendo que o investimento municipal no processo possa ascender a cerca de 100 mil euros.

Salientando que o projeto carece do aval da Comissão Nacional de Proteção de Dados, João Fortes disse acreditar que o Contrato Local de Segurança assinado entre o município e o anterior Governo “possibilitará, com facilidade, avançar com a medida”.

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“Vamos fazer um trabalho conjunto com a GNR para perceber o mapeamento do maior número de ocorrências [de criminalidade] e, se as forças de autoridade concordarem, os pontos mais críticos ficarão cobertos” pela videovigilância, sublinhou.

Quando este sistema entrar em funcionamento, assinalou o autarca eleito pela coligação PSD/CDS-PP, “já dará espaço para que a GNR foque mais o patrulhamento nas áreas que não estão a ser vigiadas“.

“Quero acreditar que, no espaço de seis meses a um ano, podemos ter luz verde para avançar com a contratação do sistema de videovigilância para implementar nas ruas de Mourão”, frisou.

João Fortes notou que a atual gestão da autarquia já investiu na instalação de sistema de videovigilância em equipamentos municipais, passando para “uma quase inexistência de ocorrências” de criminalidade naqueles espaços.

Nas declarações à Lusa, o presidente da câmara adiantou que têm ocorrido na vila situações de criminalidade como “intrusões a casa de pessoas, tentativa de furtos de carros e, às vezes, danos à propriedade” e que “há uma vaga associação a grupos juvenis“.

“Numa terra com esta dimensão, com 2.000 pessoas e com uma área relativamente pequena, não há justificação para um sentimento de insegurança e impunidade”, pois “não há consequências da ação das forças da autoridade no geral”, vincou.

João Forte indicou que a criminalidade tem aumentado, considerando que, apesar disso, “não têm existido consequências diretas no reforço de meios das forças de segurança”.

“Pugnamos pelo reforço, mas, verdade seja dita, temos um número de militares que está dentro do rácio exigido”, ou seja, o posto de Mourão tem “26 ou 27 efetivos” da Guarda, reconheceu.

Considerando que a câmara tem feito “a parte da pressão política com sucesso”, o autarca defendeu que “as consequências práticas da ação da GNR talvez fiquem um pouco a desejar” e apontou a necessidade de “algum tipo de metodologia diferenciada”.

“Há um sentimento de insegurança, de receio de ir à rua, de levantar dinheiro ou de ir à farmácia e isso, num Estado de direito e no ano em que celebramos 50 anos do 25 de Abril, em que um dos princípios fundamentais é a liberdade, sem segurança não há liberdade, tem que ser resolvido”, acrescentou.

A Lusa questionou a GNR sobre os dados da criminalidade no concelho de Mourão, mas, até às 18h30 desta quinta-feira não obteve resposta.