Uma primeira novidade revelada quase de forma lateral mas assumindo um papel de destaque durante a apresentação da Academia do FC Porto na Maia, com Fernando Gomes a confirmar a saída da administração da SAD e do universo azul e branco após uma década de funções, uma segunda “notícia” que surgiu quase no mesmo contexto no momento da formalização da candidatura a sufrágio nas próximas eleições de 27 de abril. Confirmando a renovação das listas naquela que será a 16.ª eleição desde 1982, Pinto da Costa anunciou o nome de Ricardo Valente, que é hoje vereador na Câmara Municipal do Porto, como candidato à liderança do Conselho Fiscal e Disciplinar, com a respetiva saída de Jorge Carvalho Guimarães da função.

“O doutor Ricardo Valente será o meu presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar porque na parte financeira vai haver uma mudança total. Por isso entendi que também o presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar devia estar dentro do espírito da renovação e não por incapacidade, porque fez um grande trabalho. Ganhei um amigo com o doutor Jorge Carvalho Guimarães mas entendo que, a renovar, não era fazer só retoques, então renovei a parte financeira, será toda renovada”, referiu na ocasião Pinto da Costa, que continuou a reforçar que “não faz campanha”: “Estou aqui porque vocês vieram ter comigo e vou às Casas que me pedem para ir lá. Hoje [Sexta-feira] estarei em Felgueiras porque eles fizeram muita questão em que lá fosse e vou com todo o gosto, mas quando não há campanha e não estou em período eleitoral sempre fui às Casas e sempre contactei com os sócios, portanto não alterei em nada a minha vida”.

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“Aquilo que pretendo é que o FC Porto continue numa onda de progresso, continue numa onda de vitórias e que, no final das eleições, que a massa associativa se volt a unir porque em 42 anos de presidência sempre tive a massa associativa unida, naturalmente com oposição, com propostas, com pessoas que concordam mais, que concordam menos, mas sempre estivemos unidos. Esses serão os principais objetivos porque nem todos têm contribuído para isso. Balanço? Tive o orgulho de nos meus mandatos ganharmos 2.566 títulos, tive a felicidade de contribuir para que nascesse este estádio, este museu, o pavilhão, muita coisa. Não é a pensar no que fiz que sou candidato, é no que quero fazer, na Academia que apresentámos, noutros projetos que temos e em continuar a vencer campeonatos em todas as modalidades”, acrescentou.

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À noite, Pinto da Costa deslocou-se à Casa do FC Porto, onde voltou a repetir vários assuntos que têm sido a principal marca desta campanha entre os argumentos a favor do que fez e as críticas a André Villas Boas mas com mais uma outra notícia pelo meio, neste caso ligada ao futebol. “Gastámos 20 milhões com o David Carmos mas não vamos perdê-los porque ele já está muito amortizado e, além disso, o clube que o tem já nos comunicou que quer optar e vai pagar a cláusula de 17,5 milhões de euros. Portanto, não é assim um negócio ruinoso. O Francisco Conceição não saiu de borla, deram-nos cinco milhões e veio para cá sem pagarmos nada. O Francisco que saiu de cá não é o que o Sérgio transformou, o tal mini jogou na Seleção Nacional no último jogo e vai ser dos melhores jogadores portugueses”, revelou, citado pelo jornal O Jogo.

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“Que fique bem claro que sou candidato por vós. Não é pelas elites, é por vós, pelo FC Porto. Não é por nenhum canal televisivo, nem por nenhum operador de televisões, nem por nenhuma grande empresa. Repito, é por vós. Vós sois o que os outros clubes não têm: pessoas que deixam as suas vidas para virem confraternizar connosco, num sentido de paixão pelo topo do Porto. Somos todos pelo Porto. Ouvi cantos de sereia para que não me candidatasse. Procuraram dizer que seria o presidente dos presidentes, que iria ter mordomias mas para não me candidatar. Quando vi que na apresentação de outro candidato estavam pessoas que não querem o bem do FC Porto, que o querem para fazer negócios, para voltar a ter os direitos das nossas transmissões… Quando tivemos que pôr a concurso os nossos direitos, ofereceram-nos 320 milhões e os outros ofereceram-nos 450 milhões. Arranjaram-se inimigos, arranjaram candidatos para tentar recuperar os espaços e regalias que tinham mas não estou cá para fazer jeitos a ninguém, nem a amigos, nem à minha família. Estou para servir o FC Porto, para servir a vocês, apontou durante a noite em Felgueiras.

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Entre as perguntas e respostas, já depois de ter voltado a manifestar a confiança na continuidade de Sérgio Conceição em caso de vitórias nas eleições, Pinto da Costa falou também da relação do clube com as claques e do roubo das tarjas do Museu. “Os Super Dragões têm um acordo com o FC Porto para ‘x’ bilhetes, que não vão sequer buscar nas bilheteiras. Vão aos serviços, semanalmente, pagar os da anterior jornada e levantar os da jornada seguinte. Os Super Dragões nunca estão em filas para bilheteiras porque vão levantar os bilhetes é que têm direito ao serviço. Roubo? É evidente que o Museu tem segurança mas há museus, como o do Louvre, que têm super segurança e também já foram roubados. Reforçámos as câmaras e as portas de saída. Infelizmente, ninguém está seguro a que o assaltem em casa”, referiu o líder portista.

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“Villas-Boas no Chelsea? Ele veio para o FC Porto. Fizemos o contrato, não escrito mas oral, em casa do Antero Henrique. Por curiosidade, ele tinha um acordo para ir para o Sporting, no tempo em que o diretor era o Costinha, e convencêmo-lo a não ir para o Sporting e vir para o FC Porto. Assinou um contrato, disse que era a cadeira de sonho dele e não mentiu, porque não disse quanto tempo o sonho ia durar. Quando acordou do sonho, soube-o porque o Antero Henrique me telefonou a dizer que o Villas-Boas, que estava fora, vinha ao Porto porque havia uma proposta do Chelsea e queria ir embora. Desloquei-me a casa do Antero Henrique noutro sítio, ele disse-me que tinha uma proposta e que tinha de ir. Disse que queriam vir cá falar comigo e eu disse que não, que eles têm é de saber qual é o NIB para onde transferem os 15 milhões para poder sair”, contou Pinto da Costa, a propósito da saída do técnico agora candidato em 2011.

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Por fim, e em mais uma “notícia” que ficou do dia, o líder dos azuis e brancos falou da questão das comissões e confirmou os sucessores de Fernando Gomes no clube e na SAD. “Estão muito claras, estão no nosso relatório. A única falha que temos é perante alguns agentes, com quem estamos atrasados mas temos tido a boa vontade deles, compreensão e confiança em nós, como Jorge Mendes, Bertolucci e outros. Todas as comissões que pagamos estão dentro da lei e visíveis. Substitutos de Fernando Gomes? Será João Rafael Koehler e, na SAD, contaremos com a presença de José Fernando Figueiredo”, concluiu.