Depois dos estafetas, os motoristas TVDE vão parar esta sexta-feira em protestos que exigem melhores condições de trabalho e remuneração às plataformas digitais como a Uber ou a Bolt.

Segundo apurou o Observador, além de uma paralisação de 24 horas de motoristas e parceiros apoiada pela Associação Nacional Movimento TVDE com manifestação, está a ser preparada outra, que começa às 16h00, organizada por motoristas que, no caso de Lisboa, terá uma marcha lenta até à Assembleia da República.

A Associação Nacional Movimento TVDE pede a redução das comissões retidas pelas plataformas de 25% (do valor bruto da viagem) para 15%, “em virtude das dificuldades que estamos a passar com o aumento dos combustíveis”, explica Vítor Soares, presidente da associação.

Além disso, exigem o aumento do pagamento mínimo por quilómetro para 80 cêntimos, acrescenta Vítor Soares (atualmente ronda os 50 cêntimos, podendo variar consoante a viagem), assim como a fixação do pagamento de 40 cêntimos por quilómetro na viagem até à recolha do cliente, após a aceitação pelo motorista, porque “atualmente as plataformas não pagam os quilómetros percorridos neste trajeto”, refere o representante.

Nas reivindicações está também o aumento da tarifa mínima de viagem para 4,25 euros (normalmente, é de 3,85 euros euros brutos, mas pode depender consoante a zona geográfica, a disponibilidade dos carros e a própria plataforma usada, diz Vítor Soares).

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A Associação está a preparar manifestações em vários pontos do país. No caso de Lisboa, começa às 7h00 na Rua D. João V, em frente a escritórios da Uber, devendo a partir das 8h00 descer em direção ao Largo do Rato, Avenida da Liberdade, Restauradores e voltar a subir a Avenida até ao Marquês de Pombal. Também haverá uma manifestação em Coimbra, assim como em Faro, com início marcado para as 8h30 no Estádio Algarve em direção ao aeroporto de Faro.

Além desta manifestação, um movimento mais inorgânico de motoristas está a organizar outro protesto em vários pontos do país. Em Lisboa, começa às 16h00, também na Rua D. João V, seguida de uma marcha lenta até à Assembleia da República.

De acordo com um caderno de reivindicações consultado pelo Observador, este movimento exige o pagamento de uma tarifa mínima de cinco euros, independentemente da distância percorrida, para “cobrir gastos como manutenção da viatura, pagamento de seguros obrigatórios, períodos de inatividade por motivos de força maior como doença ou incapacidade ao trabalho”. Também querem a redução do limite máximo das comissões retidas pelas plataformas para 15%, assim como pagamento de 50% do valor mínimo por quilómetro para cobrir a viagem até ao cliente.

Outras reivindicações são a alteração da lei dos TVDE para que inclua “contributo e opiniões de representantes da classe TVDE” e o reforço da fiscalização do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) no combate a fraudes.

As reivindicações são dirigidas sobretudo às plataformas, mas tanto o movimento inorgânico como a Associação Nacional Movimento TVDE pedem uma maior fiscalização pelo IMT. Além de que a redução das comissões para 15% obrigaria a uma alteração à lei dos TVDE, que é de 2018 e prevê comissões para as plataformas de até 25%.

Contactadas pelo Observador, a Uber e a Bolt responderam através da Associação Portuguesa das Aplicações Digitais (APAD), que garante que “respeita o direito que todos têm de se manifestar, com respeito pela segurança e ordem públicas”. “A flexibilidade dos serviços prestados pelas plataformas permite aos condutores utilizar as aplicações quando, onde e como quiserem”, frisa, acrescentando que está “como sempre esteve, disponível para ouvir os condutores, sendo que temos vindo a fazê-lo numa base regular, de modo a melhorar a sua experiência”.

Esta manifestação segue-se à dos estafetas, que a 22 de março também fizeram uma paralisação por melhores condições de trabalho e remuneração.

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