1,9 milhões. É esse o número de japoneses que atualmente têm o apelido Sato, o equivalente a cerca de 1,5% da população. E, se a lei do casamento não mudar, daqui a 500 anos, todos os 125 milhões de cidadãos vão ter o mesmo nome.

É essa a conclusão de um estudo conduzido por um professor da Universidade de Tokohu, como parte de uma campanha para alterar o código civil, elaborado no final do século XIX, para que os casais possam ter apelidos diferentes.

Na investigação publicada em março, mas apenas divulgada a 1 de abril – tendo muitos achado que era uma partida do Dia das Mentiras – Hiroshi Yoshidam chegou à conclusão que, se o governo do Japão continuar a insistir que as pessoas casadas tenham de usar o mesmo nome, toda a população vai chamar-se “Sato-san” em 2531.

“Se toda a gente se tornar Sato, talvez tenhamos de ser tratados pelo nome próprio ou por números“, disse, citado pelo The Guardian. “Não creio que seja um bom mundo para se viver”.

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Ainda que o professor admita que esta previsão esteja assente em vários pressupostos – nomeadamente se a taxa de casamentos diminuir –, diz que reflete os potenciais efeitos do atual sistema na sociedade japonesa, em que os casais têm de escolher um apelido único, sendo que em 95% dos casos é o do homem.

Uma nação de Satos “não será apenas inconveniente, como também minará a dignidade individual“, apontou Hiroshi Yoshida, realçando também que tal levaria à perda de património familiar e regional.

Uma sondagem feita em 2023, colocou Sato na primeira posição da lista de apelidos japoneses, Suzuki em segundo e o apelido do próprio investigador (Yoshida) em 11.º. De acordo com os cálculos do professor, o nome aumentou cerca de 1.0083 vezes entre 2022 e 2023. Se a tendência se mantiver assim, em 2446, cerca de metade da população terá esse nome, levando a que, em 2531, toda a gente se chame Sato.

O professor – cuja investigação foi financiada por organizações como Think Name Project e outras que defendem o direito de que casais tenham diferentes apelidos – quer, desta forma, apelar a que o governo do Japão mude a lei do código civil. Se essa alteração acontecer, o professor prevê que, daqui a 500 anos, apenas 7,96% das pessoas se chamem Sato.

O Japão é o único país do mundo que obriga os cônjuges a terem o mesmo nome, ainda que permita que os nomes de solteira apareçam nos documentos de identificação.

Os membros do conservador do Partido Liberal Democrático (LDP) veem esta campanha como um atentado à unidade familiar, dizendo que poderia causar uma confusão entre as crianças, explica o jornal britânico.