Um tribunal de Florença, em Itália, confirmou a condenação da norte-americana Amanda Knox por difamar o proprietário de um bar, a quem atribuiu a autoria do homicídio da sua colega de casa, Meredith Kercher, num caso mediático que remonta a 2007. A condenação de três anos de prisão não terá efeitos práticos.

Knox foi condenada, em 2009, por difamação ao acusar falsamente Patrick Lumumba, o seu chefe na altura e proprietário de um bar, do homicídio de Kercher, de 21 anos, na cidade italiana de Perugia. Lumumba ficou detido durante duas semanas.

Em tribunal, Amanda Knox disse que a polícia a coagiu a culpar Patrick Lumumba e lamentou não ter feito mais para retirar a acusação. “Não sabia quem era o assassino”, afirmou, perante os juízes, acrescentando que quando fez a acusação estava “exausta e confusa”. “Nunca quis difamar o Patrick. Ele era meu amigo, tomou conta de mim e consolou-me pela perda da minha amiga. Lamento não ter sido capaz de resistir à pressão e que ele tenha sofrido”, afirmou.

Isto não significa que Knox voltará à prisão, uma vez que já cumpriu a duração da sentença original por difamação (três anos), ao passar quatro anos na prisão pelo homicídio de Meredith Kercher, de que viria a ser ilibada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 2023, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou que os seus direitos não tinham sido respeitados durante o interrogatório em que acusou Lumumba, o que levou o Supremo Tribunal de Itália a ordenar um novo julgamento no caso de difamação. A decisão inicial foi agora confirmada. Knox, que esperava que o veredito pusesse um ponto final à batalha judicial, ainda pode recorrer da decisão e os advogados da norte-americana já garantiram que irão fazê-lo, segundo a BBC.

Em 2009, Knox, o namorado de então, Raffaele Sollecito, e Rudy Guede, cujo ADN foi encontrado no quarto onde Kercher foi encontrada morta, foram todos condenados por homicídio.

Segundo resume a CNN Internacional, Rudy Guede cumpriu 13 anos de uma pena de 16 anos e foi libertado em 2021. Já as condenações de Knox e Sollecito foram anuladas em 2011, por um tribunal de Perugia, mas a absolvição foi anulada pelo Supremo Tribunal de Itália em 2013, que aceitou o recurso da família de Kercher e da Procuradoria italiana. Um tribunal de recurso de Florença voltou a condenar o casal em 2014, mas os dois viriam a ser definitivamente ilibados em 2015 pelo Supremo Tribunal de Justiça italiana, que considerou não existirem provas suficientes.

Amanda Knox: afinal não terá sido ela a matar a colega de apartamento

Mas apesar de ter sido ilibada por homicídio, a condenação por difamação não desapareceu. Amanda Knox, hoje com 36 anos, tem dois filhos e vive nos EUA.