A imigração dominou as conversas nas redes sociais relacionadas com as eleições europeias durante o mês que antecedeu o ato eleitoral de domingo. O termo mais associado a este tema foi o partido “Chega”, que — mesmo quando não puxava pelo assunto a título próprio — acabava associado ao mesmo em vários posts alheios à sua conta oficial. Já as menções a António Costa ficaram quase hibernadas até à noite eleitoral, quando o antigo primeiro-ministro assumiu a pasta de comentador da noite eleitoral na CMTV e recebeu, em direto, o apoio de Luís Montenegro a uma candidatura europeia.

As conclusões são de um estudo realizado pela agência ALL Comunicação, em parceria com a plataforma de monitorização Buzzmonitor, que acompanhou, durante toda a campanha eleitoral, publicações das páginas oficiais dos partidos ou coligações e respetivos candidatos, bem como das menções espontâneas relacionadas com temas europeus em três redes sociais — X, Facebook e Instagram. O período de recolha de informação decorreu de 9 de maio a 10 de junho e analisou mais de 83 mil publicações.

André Ventura protagonizou um dos momentos da campanha, quando confrontado por um imigrante do Bangladesh que contou que teve de retirar a filha de um ano de Portugal por sentir racismo. O encontro entre Ikbal e o líder do Chega viralizou nas redes sociais e alimentou a discussão sobre imigração, que já se mantinha acesa no decorrer da campanha devido às longas filas e processos pendentes na AIMA e à decisão do Governo em terminar com o mecanismo de entrada em Portugal da declaração de interesse. Também o controverso Pacto das Migrações foi tema para os debates entre candidatos.

No período analisado, a Defesa foi o segundo tema que gerou mais conversas online, tendo dominado 28,5% das discussões políticas. Isto enquanto decorre a guerra na Ucrânia, com os países europeus a intervir cada vez mais no conflito provocado pela invasão russa em fevereiro de 2022. Já as relações europeias com a NATO e os EUA representaram 15,5% das conversas, ocupando o terceiro lugar, no momento em que os norte-americanos autorizaram a utilização de armas por si cedidas em território russo fronteiriço.

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O alargamento da UE, as alterações climáticas, a produção de energia, o mercado e moeda única e a agricultura foram outros tópicos sinalizados, em menor proporção em relação aos três já indicados, enquanto promotores de diálogo online durante este mês.

Uma das principais conclusões do estudo aponta para a criação de um espaço de debate político nas redes sociais influenciado pelos temas mais mediáticos. Ficou visível também uma aposta crescente na “desintermediação” dos políticos, a ganhar espaço face às publicações de órgãos de comunicação social. A generalidade dos partidos e respetivos candidatos ganharam seguidores e aumentaram interações durante o mesmo período.

Costa tornou-se trend  na noite eleitoral, logo após Montenegro anunciar apoio ao Conselho Europeu

Enquanto discursava no papel de presidente do PSD, Luís Montenegro anunciou que o Governo que lidera apoiará uma candidatura de António Costa ao Conselho Europeu. A reação do antigo primeiro-ministro foi vista em direto, já que se encontrava a comentar a noite eleitoral na CMTV, antecipando a sua participação no novo canal do grupo.

António Costa confirmou que já tinha falado com Luís Montenegro, ressalvando que caberá aos socialistas europeus decidir quem será o candidato. A eventual candidatura e o apoio do executivo da AD à mesma fez disparar o tema “Costa” na reta final das eleições europeias, já depois de serem conhecidos os resultados.

Costa mais perto do Conselho Europeu em noite quase perfeita. Montenegro e resultado europeu deram impulso