Os Presidentes moçambicano e da Guiné-Bissau assumiram esta quarta-feira o objetivo de reforçar as relações históricas entre ambos os países, na primeira visita de Estado de um Presidente guineense a Moçambique, descrita como “uma semente” colocada por dois irmãos.

“É verdade que esta é uma visita histórica. É a primeira visita de Estado de um Presidente da Guiné-Bissau à República irmã de Moçambique. Eu penso que nós já cimentámos uma alavanca, isso tem que continuar”, afirmou Umaro Sissoco Embaló, numa declaração na Presidência da República, em Maputo, após reunir-se com o homólogo moçambicano, Filipe Nyusi.

“A perspetiva é de que, juntos, senhor Presidente Filipe Nyusi, o meu mais velho, e eu próprio, vamos dar um novo impulso a esse legado histórico da relação bilateral de amizade, de cooperação e de solidariedade. Para isso, os nossos Governos devem promover, intensificar, o intercâmbio entre os nossos países nos domínios empresarial, cultural, académico e desportivo”, disse Embaló, numa declaração ao lado do homólogo moçambicano, no primeiro de dois dias de visita de Estado.

“Estamos emocionados, nós, moçambicanos (…) endereçar ao meu irmão Embaló o meu mais profundo gesto de gratidão por ter aceite o convite para efetuar a sua primeira visita de Estado a Moçambique. Levou tempo, nós estávamos a precisar dessa visita já há bastante tempo, mas já chegou o dia”, disse Nyusi, sublinhado o caráter “histórico” da deslocação.

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“É sinal inequívoco de manifestação de interesse, de reforço, de aprofundamento das relações históricas de amizade que estão lá (…). Os nossos que nos antecederam criaram as bases. Era importante que nós déssemos continuidade, mas, neste momento, num outro âmbito, não unicamente no âmbito libertador como foi no passado, mas sim agora de criação de bem bem-estar para as nossas populações”, afirmou o Presidente moçambicano.

Nyusi descreveu mesmo Embaló como o “irmão mais novo” e enfatizou a importância desta visita: “Significa que houve uma semente que estamos a colocar na terra e acreditamos que, muito brevemente, todos nós vamos sentir a troca de visitas a diferentes níveis, da economia, política, sociais, mesmo nos parlamentos. Para trocar experiências, para ver o que é que um faz, o que o outro faz e o que é que pode fazer-se melhor”.

Neste primeiro dia de visita de Estado do Presidente guineense ambos assistiram à assinatura, pelos respetivos chefes da diplomacia, de um acordo geral de cooperação, que vai permitir a criação de uma comissão mista, a qual definirá as “balizas” das aéreas e prioridades de colaboração.

“Existem traços coletivos comuns, neste caso. As nossas áreas são a agricultura, a nossa experiência no âmbito da energia, a nossa experiência no âmbito da extração mineira“, descreveu Nyusi.

“O Presidente Embaló colocou a disponibilidade para apoiar-nos no âmbito do combate ao terrorismo, mas, para tal, é preciso haver instrumentos legais que permitam que esse apoio possa surgir”, disse ainda, alundido ao acordo de cooperação hoje assinado.

“Mais vez, [quero] agradecer o meu ‘mais velho’, Presidente Nyusi, que sempre me tratou como um irmão mais novo, para dizer que estamos muito felizes”, disse por sua vez Embaló.

Abordando o terrorismo que afeta a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, o Presidente da Guiné-Bissau garantiu a Nyusi que veio a Maputo para “reiterar em nome do povo guineense” toda a “solidariedade com o povo irmão de Moçambique”.

“O objetivo do terrorismo não constitui segredo para ninguém: Fazer crescer a insegurança e a incerteza no futuro do país, desautorizar as instituições do Estado, sabotar o esforço de desenvolvimento económico e social de Moçambique e minar os próprios fundamentos do Estado de direito democrático em Moçambique. Foi de tudo isso que falámos”, acrescentou Embaló, apontando o desejo de receber “em breve”, em Bissau, o irmão “mais velho”.

“Temos que reforçar esse quadro na amizade que existe”, apelou, garantindo a intenção de aproveitar a disponibilidade de Moçambique para receber guineenses na academia policial e no Instituto de Administração Pública.

“Nós vamos aproveitar essas escolas para ganharmos a experiência de Moçambique. E brevemente, assim que voltar à Guiné-Bissau, vamos ver se podemos mandar aqui, não vamos dizer dez, vinte, mas cinco ou sete pessoas, para virem aqui receber a experiência para levarem para a Guiné-Bissau”, garantiu Embaló.