O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou esta quinta-feira à “solidariedade global” para que os cerca de 43,5 milhões de refugiados possam “reconstruir as suas vidas com dignidade”, recordando o “número recorde” de pessoas forçadas a abandonar as suas casas.

Do Sudão à Ucrânia, do Médio Oriente à Birmânia, à República Democrática do Congo (RDCongo) e mais além, os conflitos, o caos climático e as convulsões políticas estão a forçar um número recorde de pessoas a abandonar as suas casas e a alimentar um profundo sofrimento humano”, sublinhou o responsável, assinalando o Dia Mundial do Refugiado.

O líder da ONU notou haver mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo deslocadas à força, incluindo 43,5 milhões de refugiados, que quando têm oportunidades “contribuem de forma significativa para as comunidades que os acolhem”.

Deve haver “um compromisso no sentido de reafirmar a responsabilidade coletiva de ajudar e acolher os refugiados, de respeitar os seus direitos humanos, incluindo o direito de requerer asilo, de proteger a integridade do regime de proteção dos refugiados e, em última análise, de resolver os conflitos para que as pessoas forçadas a fugir das suas comunidades possam regressar a casa“, defendeu.

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A secretária-geral do Conselho da Europa, Marija Pejcinovic Buric, assinalou como, na última década, a Europa “enfrentou uma crise de refugiados de uma magnitude nunca vista desde a Segunda Guerra Mundial, com mais de dez milhões de pessoas a encontrar refúgio” nos Estados-membros da organização.

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Foram deslocadas devido à agressão em grande escala da Rússia contra a Ucrânia, a outros conflitos e a perseguições políticas fora do nosso continente”, recordou a responsável, enumerando as várias medidas tomadas para enfrentar a situação.

Por seu lado, o chefe da igreja católica, o papa Francisco, afirmou que “os olhos dos refugiados pedem-nos para não desviar o olhar”, numa mensagem publicada na sua conta da rede social X (antigo Twitter).

“Os rostos e os olhos dos refugiados pedem-nos que não desviemos o olhar, que não neguemos a humanidade que nos une, que façamos nossas as suas histórias e que não esqueçamos as suas tragédias”, lê-se.

Na semana passada, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) denunciou a “apatia” e a “inação” da comunidade internacional face ao recrudescimento das deslocações forçadas, que atingem sobretudo as populações de zonas de guerra como o Sudão, a Birmânia e a Faixa de Gaza.

No seu relatório Global Trends in Forced Displacement (Tendências globais em matéria de deslocações forçadas), a ACNUR alertou para o facto de, durante 12 anos consecutivos, se ter registado um aumento dos números relativos às deslocações forçadas a nível mundial.

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No mesmo documento foi salientado que o aumento em 2024 se deve tanto às consequências de conflitos novos e existentes como à incapacidade de resolver crises prolongadas. Com base nestes dados, se a população deslocada a nível mundial fosse um país, seria o 12.º maior do mundo, semelhante ao tamanho do Japão.