A partir de Bruxelas, onde pode ficar fechado esta quinta-feira o acordo para os ‘top jobs’ que colocaria António Costa à frente do Conselho Europeu, Pedro Nuno Santos fez uma rasgada defesa do antigo primeiro-ministro, considerando mesmo que será “o primeiro presidente do Conselho Europeu com peso político e inteligência que o cargo merece”.

O líder socialista defendeu que esta reunião do Conselho Europeu “tem um interesse particular”, porque “há fortes possibilidades de termos um português, e já agora um socialista, como presidente do Conselho Europeu”. Por outro lado, prosseguiu deixando críticas implícitas aos anteriores ocupantes do cargo (Herman von Rompuy, Donald Tusk e atualmente Charles Michel), ao considerar que Costa seria o primeiro presidente do CE com o peso político, experiência e inteligência “para dar a importância que o cargo merece”.

“Desde logo teremos uma liderança, que é algo de que estávamos a precisar”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas, ao ser questionado sobre qual o tipo de liderança que Costa trará. E destacou ainda a capacidade do antigo primeiro-ministro de fazer pontes “como muito poucos europeus”, a visão e “força política”: “Não será um presidente do CE indiferente, antes pelo contrário, o que é muito importante para afirmar a UE”.

No rol de qualidades do seu antecessor no PS, Pedro Nuno Santos incluiu também que Costa foi “o primeiro-ministro que provou que era possível derrotar a austeridade” e disse acreditar que não “hesitará” em matéria de democracia e direitos fundamentais, embora precise de procurar consensos — para isso, “não há ninguém melhor na UE”.

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Pelo meio dos elogios a Costa (com críticas, nas entrelinhas, aos homens que se poderão tornar os seus antecessores), Pedro Nuno Santos frisou que este é também um “reconhecimento da capacidade dos políticos portugueses para cargos internacionais”, com uma “coincidência boa”: também António Guterres tem agora um cargo de topo, como secretário-geral da ONU.

Um dia depois de ter assumido no Parlamento a vontade de chegar a consensos sobre alterações na Justiça, e com o PSD a assumir o mesmo, o líder do PS defendeu ainda que o “ambiente de suspeita e desconfiança” face ao Ministério Público “só favorece quem é verdadeiramente corrupto” e quer misturar-se com quem é honesto.

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Por isso mesmo, é preciso um sistema de Justiça a funcionar “bem” e com “confiança”, pelo que o PS está disponível para fazer mudanças num debate “adulto” que não mexa com a independência do poder judicial. “Há mudanças que têm de ser feitas e são responsabilidade de políticos. A política de Justiça é responsabilidade dos políticos, do Parlamento”, sentenciou.