Siga aqui o liveblog sobre o conflito israelo-palestiniano

O número dois do movimento xiita libanês Hezbollah disse esta terça-feira que o único caminho seguro para um cessar-fogo na fronteira israelo-libanesa consiste no fim total das hostilidades na Faixa de Gaza.

“Caso exista um cessar-fogo em Gaza, vamos parar sem qualquer discussão”, assegurou o clérigo e segundo comandante em chefe do Hezbollah, Naim Kassem, em entrevista à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), realizada numa sede da organização no sul de Beirute.

À AP, Kassem indicou que o envolvimento do Hezbollah na guerra entre Israel e o Hamas, em curso na Faixa de Gaza desde outubro, significa uma “frente de apoio” ao movimento islamita palestiniano, mas, admitiu, “se a guerra terminar, deixará de existir esse apoio militar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, reconheceu o representante, caso a situação em Gaza se caracterize “numa mistura de cessar-fogo e não cessar-fogo, de guerra e não guerra”, o movimento xiita libanês e pró-iraniano não pode responder neste momento como irá reagir, uma vez que desconhece “a forma, os resultados e os impactos” de tal fórmula.

Nas últimas semanas, e na sequência do bloqueio nas conversações sobre um cessar-fogo em Gaza, têm aumentado os receios de uma escalada na frente israelo-libanesa.

O Hezbollah e o Exército israelita estão envolvidos há quase nove meses em bombardeamentos e ataques diários, com dezenas de milhares de deslocados nos dois lados da fronteira entre Israel e o Líbano.

O Hamas tem pedido um cessar-fogo total em Gaza e não apenas uma pausa nos combates, enquanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, continua a insistir na destruição do grupo islamita e da sua capacidade para continuar a governar o pequeno enclave, para além do regresso dos reféns israelitas que permanecem no território palestiniano.

Há cerca de duas semanas, o Exército israelita disse ter “aprovado e validado” planos para uma ofensiva no Líbano, apesar de a decisão pertencer à liderança política do país.

Sobre este possível cenário, o general Charles Q. Brown, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, considerou que qualquer ofensiva militar israelita no Líbano podia implicar uma resposta do Irão em defesa do Hezbollah, motivando um conflito generalizado que poderia colocar em perigo as forças norte-americanas estacionadas na região.

Netanyahu advertiu recentemente que o Exército israelita “está preparado para uma ação muito poderosa” na fronteira com o Líbano, enquanto as próprias forças armadas israelitas asseguravam possuir um “plano preparado”.

Nas declarações à AP, Naim Kassem considerou que caso Israel se decida por uma operação limitada no Líbano, não deverá esperar que os combates permaneçam circunscritos.

“Israel pode decidir o que pretende: uma guerra limitada, uma guerra total, uma guerra parcial”, disse.

“Mas deve aguardar que a nossa resposta e a nossa resistência não serão determinadas pelas regras de envolvimento impostas por Israel. Caso Israel promova a guerra, não significa que controle a sua extensão ou quem se envolverá no conflito”, afirmou.

Esta declaração sugere uma referência aos aliados do Hezbollah no designado “Eixo da Resistência” na região, apoiado pelo Irão. Grupos armados no Iraque, Síria, Iémen e em outras regiões, poderão envolver-se numa eventual guerra em larga escala no Líbano, que também poderia incluir os Estados Unidos, o mais poderoso aliado de Israel.

Ainda esta terça-feira, e na frente de combate, o Exército israelita referiu-se ao lançamento de 15 rockets pelo Hezbollah na área da Kiryat Shmona, norte do território, enquanto o movimento xiita libanês reivindicou um ataque contra uma base militar nessa zona e denunciou novos bombardeamentos aéreos contra zonas civis no sul do Líbano.

Após quase nove meses de conflito nesta zona de fronteira, pelo menos 510 pessoas, a maioria combatentes do Hezbollah, já foram mortas, a maioria do lado libanês e nas fileiras do movimento xiita libanês, que confirmou 326 baixas de milicianos, alguns na Síria.

Israel confirmou a morte de 25 pessoas, incluindo 15 militares.