O primeiro-ministro português anunciou esta terça-feira que o Instituto de Emprego e Formação Profissional começará a trabalhar em Angola para promover a formação profissional de quadros angolanos e garantiu mecanismos para reforçar a atribuição de vistos entre os dois países.

Luís Montenegro fez uma declaração no Palácio Presidencial, em Luanda, depois de um encontro a sós com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, e antes do encontro das comitivas alargadas dos dois países, no âmbito da visita oficial de três dias a este país que hoje iniciou.

O nosso Instituto de Emprego e Formação Profissional começará a trabalhar em Angola com o intuito de promover a formação profissional de quadros angolanos, seja para atividades desenvolvidas no território, seja para aqueles que procuram ir trabalhar para Portugal”, disse, enquadrando esta iniciativa em protocolos de colaboração que serão acordados entre os Ministérios da Segurança Social.

O objetivo, explicou, será que estes cidadãos possam ter uma entrada no mercado de trabalho português “mais favorecida, mais ágil e mais capaz de poder ter um desenvolvimento e um acolhimento eficazes“.

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Montenegro reafirmou também garantias de que as recentes alterações à política de imigração em Portugal “mantêm intactas todas as condições para haver uma mobilidade fluida entre os cidadãos portugueses que vêm para Angola e os cidadãos angolanos que procuram Portugal”.

“A este último respeito, quero reafirmar que as recentes alterações que promovemos em Portugal na nossa política de imigração não alteraram em nada aquela que é a porta de entrada que estabelecemos com os países da comunidade que fala a língua portuguesa”, disse.

Em concreto para Angola, o primeiro-ministro assegurou o reforço “em três grandes áreas”: “Agilizando procedimentos e reforçando os recursos humanos nos postos consulares, e proporcionando um serviço mais transparente e combatendo o açambarcamento de vagas, que é um dos óbices que têm muitas vezes impedido cidadãos Angolanos de obterem as marcações e os vistos respetivos”.

Montenegro disse ainda que os dois países continuarão a dar sequência às ações de cooperação cultural que têm em vigor e a desenvolver as atividades da Escola Portuguesa de Luanda, que visitará esta terça-feira à tarde.

Tivemos ocasião, já depois da nossa posse, de ter o ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal em duas ocasiões aqui, para resolver um problema de recursos humanos da escola portuguesa de Luanda. Já aprovámos também legislação específica sobre essa matéria, abrindo um concurso para o ingresso de docentes que, no período da transição, tiverem problemas de natureza laboral“, disse, acrescentando que o executivo espera ainda reforçar, no arranque do ano letivo, a escola do Lubango “com a contratação de mais cinco docentes”.

Na sua declaração, que se seguiu à do Presidente de Angola, João Lourenço, Montenegro salientou a concordância de ambos em várias questões no plano internacional.

“A nossa cooperação no seio da CPLP em primeiro lugar, mas no seio das Nações Unidas em segundo lugar, tem sido muito coincidente”, disse, corroborando as preocupações de João Lourenço quanto à necessidade de se encontrar uma solução de paz no Médio Oriente “que assegure a coexistência de dois Estados” e assegure o apoio humanitário urgente a “tantas e tantos civis indefesos” e para terminar “com a ação injustificada da Rússia perante a integralidade do território ucraniano”.

Montenegro recordou que, este ano, Portugal e Angola integrarão, a convite do Brasil, como observadores os trabalhos do G20.

Montenegro inicia esta terça-feira visita oficial a Angola com encontro com Presidente João Lourenço

“É uma expressão da forma como os nossos dois países veem a valorização dos direitos humanos e a valorização da paz”, considerou.

O primeiro-ministro português iniciou esta terça-feira uma visita de três dias a Angola, a primeira que realiza ao país e que, segundo o executivo português, traduz a prioridade conferida pelo Governo ao fortalecimento do relacionamento com os países de expressão portuguesa e, em particular, com Angola.

À chegada ao Palácio Presidencial, o chefe do Governo português foi recebido com honras militares, ouviram-se os hinos nacionais dos dois países e, em conjunto com João Lourenço, passaram revista às tropas em parada.