O PCP classificou esta terça-feira as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro na festa do Pontal para responder aos problemas do Serviço Nacional de Saúde como “risíveis” e acusou o executivo de recorrer a atos de “demagogia e propaganda”.

Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, afirmou, numa declaração enviada às redações, que o “avolumar das dificuldades de acesso aos cuidados de saúde no SNS não se resolve com a estratégia do Governo PSD/CDS em criar a ilusão de que está a enfrentar os problemas que afetam o serviço público”.

Para os comunistas, “o discurso do primeiro-ministro na festa do Pontal e as medidas que aí anunciou são risíveis” e representam um ato de propaganda que acaba “por criar uma situação de grande insegurança a quem precisa de recorrer aos cuidados de saúde”.

“Registe-se que a principal medida que apresentou como realização sua foi a da criação de linha telefónica especial para grávidas que no essencial as encaminha para soluções que as obrigam, nalguns casos, a deslocações de horas e centenas de quilómetros em ambulância de hospital para hospital, já com ocorrências de partos durante esses percursos”, sublinhou o partido.

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Ao contrário do que afirmou Luís Montenegro — que disse que a situação atual da saúde “é muito melhor do que era o ano passado” — para o PCP “é falso que a situação seja hoje melhor”.

“Nesta competição com o PS para ver quem faz pior, confirma-se que a responsabilidade da situação atual é partilhada por sucessivos governos do PS, PSD/CDS, particularmente nos últimos 25 anos”, defendeu o dirigente comunista.

O partido criticou ainda o anúncio da abertura de dois novos cursos de medicina na Universidade de Évora e na Universidade de Trás-os-Montes, ironizando que estas “foram as soluções milagrosas apresentadas pelo primeiro-ministro” quando “é sabido que a formação de uma médico com a especialidade concluída leva no mínimo mais de uma década”.

Para o PCP, esta medida “só pode ser entendida enquanto demagogia e falta de respeito pela inteligência dos portugueses”, uma vez que “por si só não resolve o problema que se vai agravando”, visto que é agora que o SNS precisa de mais médicos”.

“A questão que se coloca hoje aos profissionais de saúde e utentes é travar este ciclo de enfraquecimento do SNS e com a sua luta impedir que se continue a transferir milhões de euros que em vez de serem utilizados no reforço do serviço público, facilita que os os grupos económicos prossigam o saque de profissionais indispensáveis ao SNS”, concluiu o partido.