O BPI fechou os primeiros nove meses de 2015 com lucros de 151 milhões de euros, que comparam com os prejuízos de 114,3 milhões de euros no mesmo período do ano passado.

A informação foi divulgada esta quarta-feira, 28 de outubro, em comunicado ao regulador do mercado português, a CMVM. Os resultados superaram as estimativas dos analistas: o CaixaBI, por exemplo, tinha apontado para lucros na ordem dos 115 milhões.

Os lucros totais repartem-se entre 38,9 milhões na atividade doméstica e 112 milhões na atividade internacional.

A margem financeira, um indicador crucial para medir a evolução da atividade do banco, aumentou 30,8%, para 493,5 milhões de euros. Este indicador mede a diferença entre o que o banco paga para se financiar (depósitos, banco central, mercado) e o que o banco obtém em proveitos de créditos e investimentos.

A margem financeira do BPI nestes nove meses terá beneficiado da comparação com um período homólogo em que o banco teve de pagar 26,7 milhões de euros em juros pela ajuda estatal que, entretanto, já reembolsou na totalidade. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entre os dados divulgados pelo banco destacam-se, também, a evolução positiva do crédito às empresas, com um total de 1.588 milhões de euros em crédito concedido a “empresários e negócios”. Em dezembro, este “stock” era de 1.450 milhões.

A questão de Angola

Além da evolução operacional, as atenções em torno do BPI estão viradas para a solução que a administração gizou para resolver o problema que se gerou em Angola.

“O projeto de cisão é um projeto muito exigente, porque envolve a obtenção de muitas aprovações. Temos de obter o acordo do parceiro em Angola, a Unitel, que tem 49% do BFA, e temos de obter autorizações dos supervisores, incluindo do BCE”. É Frankfurt que terá de dizer se esta solução permite cumprir a limitação de grandes riscos, afirmou Fernando Ulrich.

Ulrich não quis adiantar datas para uma assembleia-geral, mas indicou que pretende que esta aconteça ainda este ano.

“A Unitel é o parceiro do BFA e tem uma posição muito relevante nesta matéria e estamos em diálogo construtivo com a Unitel sobre este projeto”, diz Fernando Ulrich, sem querer adiantar mais informações.

Desde que o BCE deixou de atribuir equivalência na supervisão ao banco central angolano, o BPI passou a ter de ponderar de forma muito mais gravosa a exposição a Angola no cálculo da sua solidez.

O plano, que foi lançado no final de setembro, prevê o destaque do BPI do negócio bancário em Angola e Moçambique. Se for aprovado pelos acionistas, o plano passa por uma autonomização dessas operações, que seriam colocadas numa nova entidade cotada. Os acionistas receberiam uma ação da nova entidade por cada uma que tenham no BPI. Em alternativa, o BPI falou, em setembro, manifestação de interesse em adquirir uma participação minoritária no Banco do Fomento Angola (BFA), que terá sido feita pela empresária angolana Isabel dos Santos.

Ulrich garante, em conferência de imprensa, que “não foi feita nenhuma proposta” ainda, neste sentido.

No que diz respeito aos testes de stress (SREP) que se avizinham, Ulrich diz que, como todos os outros os bancos, o BPI já recebeu uma indicação preliminar acerca dos rácios a cumprir. “O valor que é fixado é inferior aos rácios que o banco tem”, garantiu Ulrich, notando que “não será necessário qualquer aumento de capital”.

O BPI foi o primeiro banco português a apresentar os resultados do terceiro trimestre. O BCP agendou a respetiva comunicação ao mercado para a próxima segunda-feira, 2 de novembro.