A NATO está a equacionar instalar novas bases militares no leste da Europa em resposta à crise na Ucrânia, avança o Guardian. O objetivo é travar as eventuais investidas de Vladimir Putin junto das antigas repúblicas soviéticas no Báltico, assegurou o secretário-geral. A Guerra Fria parece estar de volta.

Anders Fogh Rasmussen disse que a organização deverá, na reunião em Cardiff na próxima semana, superar diferenças e divisões e chegar a um acordo quanto ao que fazer nas imediações da Rússia. Rasmussen deixou ainda algumas pistas sobre os próximos passos, que deverão passar por melhorar a segurança na Ucrânia, assim como modernizar as suas forças armadas e ajudar o país a defender-se da ameaça em que se tornou o país vizinho.

“Vamos adotar o que chamamos de um plano de ação de prontidão com o objetivo de estarmos aptos a agir rapidamente neste ambiente de segurança completamente novo na Europa. (…) Para sermos capazes de providenciar esse reforço rápido, é necessário haver certas infraestruturas nesses países. Por isso, envolverá o posicionamento de material, equipamento, preparação para infraestruturas, bases e quartéis-generais. No fim do processo, teremos no futuro uma presença da NATO mais visível no leste”, explicou.

Segundo o Guardian, a Polónia e três países do Báltico vivem alarmados com a ameaça russa e têm pedido uma presença mais forte da NATO na região. Estes países têm criticado os gestos simbólicos e a falta de ação dos países pertencentes à aliança. Esta ideia de instalar bases no leste tem dividido a NATO, diz o diário inglês. Os franceses, italianos e espanhóis estarão contra, enquanto os americanos e os britânicos estarão a apoiar a medida. Os alemães estarão a esperar para ver.

“O ponto é que qualquer potencial agressor deverá saber que, se sequer pensar em atacar um aliado da NATO, não encontrará apenas soldados desse país, mas também soldados da NATO. Isto é que é importante”, garantiu Rasmussen. “Temos de entender que a Rússia não entende a NATO como um parceiro. A Rússia é uma nação que, infelizmente, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, conquistou terreno à força. Obviamente que temos de nos adaptar a isso. (…) É seguro dizer que ninguém esperava que a Rússia conquistasse terreno à força. Vimos também uma significativa mudança na abordagem militar russa e na sua capacidade desde a guerra georgiana em 2008”, afirmou, numa entrevista a cinco jornais britânicos.

Já uma fonte da NATO disse ao Guardian, em Kiev, que esta não é uma guerra normal. “Se estamos dois passos atrás dos russos, os ucranianos estão 16 passos atrás. (…) Os generais deles só querem rebentar com tudo. Mas isto não é uma guerra de tiros, é uma guerra de informação”. Em complemento, Rasmussen garantiu: “Desde o fim da Guerra Fria temos vivido com relativamente bom tempo. Agora estamos a enfrentar uma profunda mudança no clima. Isso requer mais investimento. (…) Os políticos têm tentado colher os dividendos da paz depois do fim da Guerra Fria. Isso é compreensível. Mas agora estamos numa situação de segurança completamente nova”.

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