A cada dia que passa o sismo que abalou a Nova Zelândia na segunda-feira, 14 de novembro, mostra-se cada vez mais surpreendente para os cientistas. Novas imagens aéreas captadas poucos dias depois do terramoto provam que toda a costa neozelandesa entre Cabo Campbell e Kaikoura (a zona mais próxima ao epicentro do sismo e a mais atingida por ele) levantou-se entre 1 e 3 metros, eclodindo pela areia dentro e revelando-se à superfície. O fenómeno fez com que as rochas que compõem o fundo do mar e as espécies que vivem nessas região se expusessem acima do nível da água do mar.

Agora, as praias da Nova Zelândia estão pontilhadas por grandes blocos rochosos cobertos por algas e animais marinhos, todas acima da superfície da água. É o resultado do sismo de magnitude 7.8 na escala de Richter acompanhado por uma réplica de magnitude 6.2 e de outros sessenta abalos depois, todos na ordem dos 4.5 de magnitude ou superior.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Este fenómeno parece estar associado às seis falhas que surgiram junto à ilha depois do sismo: quatro delas romperam ao longo da costa neozelandesa e entraram pelo mar dentro, enquanto as outras duas romperam pela ilha dentro, junto ao local do epicentro. A maior das seis falhas é a Kekerengu, que deslizou em 10 metros na vertical.

Aqui reside a estranheza dos cientistas. A maior parte dos “deslizes” associados às falhas aconteceram na horizontal, mas são os deslizes verticais da falha Kekerengu os responsáveis pelas dramáticas mudanças na costa da Nova Zelândia. Essa componente vertical também foi encontrada numa nova falha que nasceu na Baía Waipapa. Os movimentos dessas falhas, e consequentes libertações de energia, provocaram a subida do fundo do mar, algo que a Nova Zelândia já tinha observado depois dos terramotos de 1855 e de 1931. Julga-se que estas mudanças são fixas, ou seja, que o fundo do mar não vai voltar a “mergulhar” para regressar à sua posição anterior: no máximo, com o passar dos séculos, vai diminuindo de altitude de forma progressiva e muito lenta.

Ora, a libertação de energia que está na origem desta metamorfose da costa é provocada por aquilo a que os cientistas chamam de movimentos co-sísmicos. Eles verificam-se quando as ondas de energia que compõem o sismo viajam todas ao mesmo tempo, libertando grandes quantidades de energia ao longo de uma mesma falha. Tendo isto em conta, os geólogos conseguiram prever que o levantamento do fundo do mar pela superfície dentro deve ter acontecido em não mais do 2 minutos, o tempo que durou o sismo.