Morreu a pintora portuguesa Armanda Passos. Tinha 77 anos. A notícia foi partilhada na página oficial do Museu do Douro nas redes sociais, tendo sido também avançada por meios de comunicação como o Jornal de Notícias, a Rádio Comercial e o jornal Público —  que indica que Armanda Passos morreu “na sequência de uma doença que a afetava há meses”.

Nascida no Peso da Régua, em 1944, tinha sido condecorada em 2012 com a Ordem de Mérito – Comendador pela extensa obra, iniciada já depois de se ter mudado para o Porto e se ter licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes do Porto — hoje conhecida como Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.

Considerada uma das principais artistas plásticas portuguesas das últimas décadas, Armanda Passos teve obras suas expostas em mostras individuais e coletivas em países como Espanha, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Luxemburgo, Itália, Turquia e EUA, de acordo com os dados biográficos do Centro Português de Serigrafia.

Há apenas dois anos, um conjunto antológico de obras de Armanda Passos tinha sido apresentado numa grande exposição intitulada “Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas”. Exibida na Reitoria da Universidade do Porto, a exposição incluía textos de grandes personalidades da cultura portuguesa que escreveram sobre a sua obra, como António Alçada Baptista, José Saramago, Urbano Tavares Rodrigues, David Mourão-Ferreira, Eduardo Prado Coelho, Vasco Graça Moura e José-Augusto França, entre outros.

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Já este ano, o JN tinha noticiado que o Museu do Douro inaugurara o Espaço Armanda Passos, onde se encontram expostas em permanência 83 obras da pintora e artista plástica — nomeadamente em óleos, serigrafias e gravuras. As obras em causa tinham sido oferecidas pela pintora ao museu.

Também as coleções museológicas do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Champalimaud, do Museu de Serralves e do Museu do Chiado, entre várias outras, integram obras da pintora.

Ministra da Cultura lembra “universo único na pintura portuguesa”

A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, já reagiu à morte de Armanda Passos. Através de um longo comunicado escrito, publicado no site oficial do ministério, a governante diz lamentar profundamente a morte de uma “referência maior das artes plásticas portuguesas, tanto nacional como internacionalmente”.

Lembrando que a artista “representou Portugal em diversos eventos internacionais, como na V Biennale Der Europaischen Grafik (1988) ou na Exposition Internationale de la Gravure – «Intergrafia 91» (1991-1992)”, a ministra da Cultura descreve Armanda Passos como uma “criadora de imagens poderosas, que provocam, desconcertam e devolvem o olhar a quem as observa”.

Armanda Passos criou um imaginário que, ancorado numa certa tradição, é também imediatamente reconhecível como seu. O seu traço e as suas cores, de expressão veemente, construíram um universo único na pintura portuguesa, entre o fantástico e o grotesco, entre o sonho e o real, que aborda e inquieta quem o vê”, refere ainda o comunicado.

A nota lembra ainda não apenas o “talento único” e o “contributo inestimável” de Armanda Passos “para a cultura portuguesa” mas também “a imensa generosidade de uma artista que doou parte significativa da sua obra para fruição pública”. O comunicado termina com “sentidas condolências” enviadas “à família e amigos”.

Câmara da Régua lamenta perda de “uma das principais artistas plásticas portuguesas”

A Câmara do Peso da Régua, no distrito de Vila Real, manifestou esta terça-feira pesar pela morte da pintora Armanda Passos, que classificou como uma das “principais artistas plásticas portuguesas das últimas décadas”.

“Obrigado, Armanda Passos, por tudo o que representa para Peso da Régua, para o Douro e para Portugal”, afirmou o município liderado por José Manuel Gonçalves.

Manifestando pesar pela sua morte, a Câmara Municipal classificou a pintora como “uma das principais artistas plásticas portuguesas das últimas décadas”.

Presidente lembra obra dedicada à “geografia física e humana duriense”

Também Marcelo Rebelo de Sousa manifestou pelo falecimento da pintora Armanda Passos, assinalando que dedicou parte substancial da sua obra à “geografia física e humana duriense”.

“Manifesto o meu pesar pelo falecimento de Armanda Passos, artista que dedicou boa parte da sua produção à geografia física e humana duriense (nasceu na Régua e o Museu do Douro dedicou-lhe um espaço expositivo com o seu nome)”, assinalou o chefe de Estado numa nota divulgada através do sítio oficial na internet da Presidência da República.

Nessa nota, o Presidente sublinha que “o seu trabalho, consistente e evocativo, está representado em diversas coleções públicas e privadas, bem como na Sala do Conselho de Estado, no Palácio de Belém”.

“Além do apreço dos pares, Armanda Passos foi também homenageada pelos escritores, tendo sido publicado, nos seus 75 anos, um volume com várias dezenas de apreciações admirativas de alguns do mais relevantes críticos, académicos, ficcionistas e poetas portugueses. Foi homenageada em 2012 pelo Presidente Cavaco Silva com a Ordem do Mérito”, refere ainda a nota do Palácio de Belém.

Câmaras do Porto e de Matosinhos lembram “referência da arte contemporânea”

A Câmara Municipal do Porto reagiu à notícia da morte da artista, na sua página na Internet, destacando que “foi na cidade do Porto que Armanda Passos nasceu para o mundo artístico” e que, apesar da sua morte, “a sua obra perdura”.

Depois de ter ingressado em Artes Plásticas na Escola Superior de Belas Artes da Universidade do Porto, “nunca mais saiu” da cidade”, “ainda que o reconhecimento nacional e internacional lhe tenham valido uma vida preenchida, num vaivém próprio de uma artista plástica cujo trabalho foi amplamente aplaudido”, sublinha a autarquia.

Já a Câmara de Matosinhos lembra “uma das maiores referências da arte contemporânea portuguesa”, com uma obra “marcada pela presença constante da figura humana, principalmente da figura feminina”.

No Porto, a artista integra a coleção do Museu de Serralves e Matosinhos tem no seu acervo municipal o desenho sobre tela “Sem Título” e o óleo sobre tela “Com os Deuses do Céu”, ambos doados pela própria.

Museu do Douro diz “obrigado” à artista plástica

O Museu do Douro deixou também um agradecimento à pintora Armanda Passos, que dá nome a uma nova ala na qual estão expostas as 84 obras doadas pela artista plástica à unidade museológica sediada no Peso da Régua.

O Museu do Douro reagiu à notícia da morte da artista com a palavra “obrigado”.

Nesta unidade foi criado este ano o “Espaço Armanda Passos”, que representa uma homenagem à “mulher duriense e à obra emblemática desta artista, uma das grandes referências nacionais e internacionais ao nível das artes plásticas”.

A criação deste novo espaço dentro do circuito de visita do Museu do Douro obrigou a reimaginar as salas neste edifício e ali pode ser contemplada a coleção doada pela pintora, composta por 84 obras, entre desenhos a tinta da china, guaches, óleos, gravuras e serigrafias.

“A pintora Armanda Passos participou, passo a passo, na conceção destes novos espaços, desde a localização das obras a sua disposição assim como a escolha da cor para as paredes”, referiu o museu.

Notícia atualizada às 22h35 com as reações do Presidente da República, da Câmara Municipal do Porto e de Matosinhos e do Museu do Douro