Yanis Varoufakis, o mediático ministro das Finanças grego que deixou o Governo no início do mês, voltou a dar uma entrevista a um órgão de comunicação internacional onde destrói completamente o acordo alcançado em Bruxelas com vista às negociações para um terceiro resgate à Grécia. Em entrevista à BBC, Varoufakis diz que as reformas impostas pelos credores a Atenas “vão falhar” e descreveu o novo programa de assistência financeira como aquele que “vai ficar para a história como o maior desastre de gestão macroeconómica de sempre”

“Este programa vai falhar independentemente de qual seja o Governo que o vai pôr em prática”, disse, referindo-se ao novo pacote de resgate avaliado em 86 mil milhões de euros que foi desenhado pelos líderes da zona euro e que implica pesadas medidas de austeridade para os gregos. Questionado sobre quanto tempo acha que demorará o programa a falhar, Varoufakis foi perentório: “Já falhou”.

O próprio primeiro-ministro Alexis Tsipras chegou a admitir que não acreditava no acordo, e Varoufakis não tem dúvidas de que Tsipras só o assinou porque não teve outra opção. “Pediram-nos para escolher entre sermos executados ou capitularmos, e ele [Tsipras] decidiu que a capitulação era a sua última opção estratégica”, disse.

Remodelação feita, novos ministros já tomaram posse

A saída de Varoufakis não foi, no entanto, a única baixa do terramoto grego. Depois de na quarta-feira vários membros do Syriza, incluindo governantes, não terem validado no Parlamento o acordo traçado pelo Governo com os líderes europeus, na sexta-feira Alex Tsipras teve de lidar com o assunto internamente e anunciou uma remodelação que abrangeu dez membros do Executivo. A tomada de posse deu-se já esta manhã, com os novos ministros a prestarem juramento numa cerimónia no palácio presidencial.

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Na presença do Presidente da República, Prokopis Pavlópulos, e de Tsipras, os novos ministros, vice-ministros e ministros-adjuntos entraram oficialmente na composição do Executivo. A mudança mais significativa e também a mais previsível foi a do ministro da Reconstrução Produtiva, Energia e Meio Ambiente, Panagiotis Lafazanis, que fez parte dos 32 deputados do Syriza que votaram contra as reformas no parlamento grego.

Lafazanis foi substituído por Panos Skourletis, até agora ministro do Trabalho e um dos colaboradores mais próximos de Tsipras. “A remodelação adapta-se à nova realidade”, disse Skourletis em declarações aos meios de comunicação na sua chegada ao palácio presidencial.

Para o ministério do Trabalho, deixado vazio, foi nomeado Yorgos Katrúgalos, até agora ministro-adjunto da Reforma Administrativa. Katrúgalos disse que se compromete a empreender novos objetivos “na medida do possível e dentro das condições socialmente justas”.

À chegada à cerimónia também o novo vice-ministro da Defesa, Dimitris Vitsas, sublinhou que “é um período difícil” e que “o lema” do novo governo deve ser “trabalho, trabalho e trabalho”. O novo ministro-adjunto das Finanças, Trifon Alexiadis, que substituiu Nadia Valavani, afirmou que começa “um esforço muito difícil” porque “o fogo ainda não foi apagado”, em referência às negociações ainda pendentes para o novo plano de resgate.

“São dias críticos para o país. As palavras não servem. O desafio é reverter a situação e que os cidadãos se sintam seguros e protegidos pelo governo do Syriza”, disse a nova porta-voz do governo, Olga Gerovasili, que substituiu Graviil Sakelaridis.