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Juventus v FC Internazionale - Coppa Italia
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Os dois jogadores defrontaram-se na Serie A nas duas últimas temporadas, ao serviço do Inter e da Juventus

NurPhoto via Getty Images

Os dois jogadores defrontaram-se na Serie A nas duas últimas temporadas, ao serviço do Inter e da Juventus

NurPhoto via Getty Images

A dedicação, as carreiras distintas e o dinheiro que já movimentaram. O que une e separa Ronaldo e Lukaku

Defrontam-se há dois anos na Serie A, unem-se nos milhões que já fizeram movimentar, separam-se na evolução das carreiras – dentro e fora de campo. Ronaldo e Lukaku, as figuras de Portugal e Bélgica.

Enviada especial do Observador em Budapeste, Hungria

Um já foi campeão da Europa, o outro ainda persegue o primeiro título com uma das seleções mais talentosas e promissoras dos últimos anos. Um já conquistou cinco Ligas dos Campeões, o outro só disputou e perdeu uma final da Liga Europa. Um nunca foi excedentário, o outro teve de ser emprestado duas vezes para provar o que valia. Um leva cinco golos no Euro 2020, o outro leva três. Cristiano Ronaldo e Romelu Lukaku defrontam-se este domingo em Sevilha, nos oitavos de final do Campeonato da Europa, depois de terem passado as últimas duas épocas a rivalizar na Serie A, ao serviço da Juventus e do Inter. Mas, afinal, o que é que une e separa as duas grandes figuras de Portugal e da Bélgica que irão protagonizar o grande duelo desta fase?

Um começou como ala, o outro sempre foi um ‘9’ mais tradicional

A evolução de Cristiano Ronaldo, enquanto jogador de futebol, foi uma evolução natural de quem cumpre um aniversário todos os anos e tem de se adaptar à inevitabilidade inglória da idade. Afinal, o capitão da Seleção Nacional começou a carreira enquanto extremo, sempre mais próximo do corredor e procurando os espaços interiores nas transições, e nos últimos anos divergiu para a faixa central do ataque, atuando como uma espécie de ‘9’ móvel que também pode trocar de posição com os alas durante a partida.

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Essa evolução na continuidade começou ainda no Manchester United, depois de Cristiano Ronaldo ter dado nas vistas no Sporting enquanto extremo direito, e prolongou-se pelas passagens pelo Real Madrid e pela Juventus — num fator que foi obviamente fulcral para o facto de o jogador português se ter tornado um goleador por natureza. Nos leões e nos primeiros tempos em Inglaterra, o jogador português era um ala tradicional, com maior conforto do lado direito, e dedicava-se principalmente aos cruzamentos para a área e aos duelos no 1×1 onde colocava em prática todo o ritmo, aceleração, agilidade e qualidade técnica de que dispunha. Com o passar dos anos e com uma notória evolução física e muscular, Ronaldo passou a ter maior capacidade para resguardar a bola sob pressão e adquiriu uma impulsão de salto e uma eficácia de cabeceamento assinaláveis.

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A capacidade física do avançado português foi algo que se foi evidenciando com o passar dos anos

Getty Images

Estes atributos tornaram-no um claro goleador — sem que nunca tivesse sido descurado a capacidade criativa e construtiva do jogador português, que se tornou uma ameaça para as defesas adversárias não só pelos golos que marcava mas também pelos golos que oferecia. Nos últimos anos no Manchester United, Ronaldo assumiu um papel crescentemente ofensivo e central, atuando tanto como falso ‘9’ como enquanto segundo avançado ou até médio ofensivo. No Real Madrid, a lógica manteve-se e agudizou-se: o capitão da Seleção foi utilizado enquanto referência ofensiva por Manuel Pellegrini e José Mourinho e acabou por deixar de ter tarefas defensivas. Ainda assim, nos anos que se seguiram e com a afirmação de Benzema, Ronaldo passou a atuar mais na esquerda e a marcar golos principalmente na sequência de rotas diagonais, criando também muitas oportunidades a partir do movimento sem bola que tinha junto ao corredor.

Na primeira temporada na Juventus, Cristiano Ronaldo continuou a jogar principalmente na esquerda, até porque Mandzukic era o avançado destacado da equipa. Nas duas últimas épocas, porém, o jogador português adquiriu uma liberdade que lhe permite não ter uma posição vincada e demarcada no relvado, funcionando como uma espécie de ‘9’ que tem carta branca para praticamente tudo. Como, aliás, acontece na Seleção Nacional: o avançado joga ao centro mas troca muitas vezes de posição com Diogo Jota, aproximando-se da ala em diversas ocasiões para dar apoio a jogadas ou provocar desequilíbrios na defensiva adversária.

Nos leões e nos primeiros tempos em Inglaterra, o jogador português era um ala tradicional, com maior conforto do lado direito, e dedicava-se principalmente aos cruzamentos para a grande área e aos duelos no um para um onde colocava em prática todo o ritmo, aceleração, agilidade e qualidade técnica de que dispunha. 

Ora, por outro lado, Romelu Lukaku nunca foi outra coisa que não um avançado puro. O jogador belga é um canhoto por natureza e notabilizou-se pelo poderio físico e a capacidade goleadora. Ainda assim, e apesar da força e da estrutura física que aproveita para jogar de costas para a baliza e ganhar posição junto aos defesas adversários, Lukaku não é um ‘9’ estático e consegue oferecer muita mobilidade na zona de finalização. Embora muitas vezes criticado pela comunicação social pela escassez de apoio defensivo que providencia, o avançado é sempre elogiado pelos treinadores pelo compromisso e pela entrega que coloca em todos os jogos.

Em resumo, Ronaldo é agora a referência ofensiva clara desta Seleção, sendo o jogador para onde vão os cruzamentos, os pontapés de canto e os livres indiretos. Já na Bélgica, e tal como Fernando Santos antecipou esta quinta-feira na conversa informal que teve com os jornalistas portugueses que estão em Budapeste, Lukaku é muitas vezes procurado pelos passes verticais que partem do meio-campo e que buscam a profundidade. A mobilidade, a velocidade e a capacidade física do avançado belga serão autênticas dores de cabeça para Rúben Dias, Pepe e companhia, que terão de parar o jogador do Inter Milão e preocupar-se também com o espaço que este cria, sem bola, para os colegas de equipa.

Finland v Belgium UEFA Euro 2020 Group B

O jogador belga já marcou três vezes nesta edição do Campeonato da Europa

Photonews via Getty Images

Uma dedicação fora dos relvados que Lukaku só descobriu com Henry

O compromisso de Cristiano Ronaldo com a carreira de atleta de alta competição, entre alimentação, trabalho extra e dedicação, é obviamente conhecido. O jogador português é sempre o nome apresentado enquanto exemplo de profissionalismo e dificilmente, no panorama atual, qualquer outro futebolista consegue ultrapassá-lo nesse capítulo específico. Durante muito tempo, Lukaku esteve longe desse ideal. Atualmente e graças a duas figuras, principalmente, o avançado belga encontrou fora do relvado os componentes adicionais que apimentaram o talento que já tinha comprovado.

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Thierry Henry, antigo avançado do Arsenal e do Barcelona e também da seleção francesa, é o adjunto do selecionador Robert Martínez na seleção belga. Tido como um dos grandes apoios de Lukaku, no que toca ao futebol e também à vida pessoal do avançado, Henry foi o primeiro a aconselhá-lo a mudar a forma como se alimentava e a perder algum peso. A ideia era simples: Lukaku tinha tudo para ser um portento de força e velocidade mas estava a perder-se devido aos quilos a mais.

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Na sequência do conselho de Henry, o jogador belga encontrou o aliado perfeito quando se mudou para o Inter Milão em 2019. Matteo Pincella, o nutricionista dos nerazzurri, dedicou-se quase por inteiro a Lukaku e conseguiu convencer o avançado a trocar as tradicionais pizzas e carbonaras por saladas ou pratos de peixe. Desde que trocou o Manchester United pelo clube de Milão, Lukaku já perdeu sete quilos e ganhou mobilidade e rapidez sem perder a capacidade física que o caracteriza. Mesmo durante a primeira quarentena associada à pandemia de Covid-19, uma altura em que os jogadores de futebol tiveram de ter cuidados adicionais para não perderem a forma, Matteo Pincella criou dietas individuais para cada atleta, tendo em conta as especificidades de cada um, e enviou refeições personalizadas para as casas de cada um.

O compromisso de Cristiano Ronaldo com a carreira de atleta de alta competição, entre alimentação, trabalho extra e dedicação, é obviamente conhecido. O jogador português é sempre o nome apresentado enquanto exemplo de profissionalismo e dificilmente, no panorama atual, qualquer outro futebolista consegue ultrapassá-lo nesse capítulo específico.

A subida de rendimento de Lukaku desde que chegou a Itália, nas duas últimas temporadas, está obviamente relacionada com este fator. O avançado de 28 anos assumiu uma responsabilidade que nunca tinha tido desde o início da carreira e potenciou o talento com os cuidados que lhe faltavam. À semelhante de Cristiano Ronaldo, mais do que um jogador de futebol, tornou-se um verdadeiro atleta de alta competição.

Ronaldo nunca esteve a mais em lado nenhum, o belga andou emprestado até vingar

A história de Cristiano Ronaldo é conhecida de cor e salteado por praticamente todos os portugueses: o jogador deu nas vistas no Sporting, saltou para o Manchester United depois de impressionar Alex Ferguson no jogo de inauguração do novo Estádio José Alvalade, brilhou em Inglaterra, tornou-se o melhor de sempre em quase tudo nos livros de história do Real Madrid e saltou depois para a Juventus, onde já foi duas vezes campeão e também o melhor marcador da Serie A.

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A conclusão? Ronaldo pegou de estaca em todo o lado, sem nunca precisar de grandes períodos de adaptação, e nunca fui dispensável ou excedentário em lado nenhum. Com Lukaku, porém, a história é bem diferente. O avançado acabou a formação no Anderlecht e foi precisamente no clube belga que se estreou profissionalmente, em 2008/09. Os 33 golos que marcou ao longo de três temporadas valeram-lhe um salto para a Premier League e para o Chelsea, a troco de cerca de 15 milhões de euros, assinando um contrato de cinco anos numa altura em que André Villas-Boas era o treinador dos blues.

Chelsea v Manchester United - FA Cup Fifth Round

Lukaku chegou ao Manchester United em 2017, com José Mourinho e depois de já ter representado o Chelsea alguns anos antes

Getty Images

O avançado não foi muito utilizado na época de estreia — mesmo depois de Villas-Boas sair e ser substituído por Roberto Di Matteo –, tendo feito apenas oito jogos sem marcar qualquer golo, e quando o Chelsea conquistou a Liga dos Campeões no final da temporada recusou-se a levantar o troféu, já que nem sequer tinha jogado na competição. “Não fui eu que ganhei, foi a minha equipa”, disse Lukaku na altura. Sem surpresas, o belga foi emprestado ao West Bromwich Albion no ano seguinte e voltou a demonstrar uma capacidade goleadora assinalável, marcando 17 golos em 35 jogos na Premier League. Apesar de ter marcado mais do que qualquer jogador do Chelsea nesse ano, voltou aos blues na pré-época apenas para participar em dois jogos e ser desde logo cedido novamente, desta feita ao Everton.

Nos toffees, tal como tinha acontecido no WBA, Lukaku não desiludiu. Marcou 16 golos ao longo de toda a temporada e em 2014 foi mesmo considerado pelo jornal The Guardian como um dos principais jovens talentos a seguir no futebol europeu. A positiva época de estreia valeu-lhe uma transferência definitiva para o Everton — a troco de cerca de mais de 35 milhões de euros, um valor recorde na história do clube inglês. Depois de três temporadas consecutivas a marcar 20 golos ou mais entre todas as competições, Lukaku deu novamente o salto e assinou pelo Manchester United no início de 2017/18, reencontrando José Mourinho, o treinador que tinha decidido emprestá-lo ao Everton quatro anos antes.

O avançado acabou a formação no Anderlecht e foi precisamente no clube belga que se estreou profissionalmente, em 2008/09. Os 33 golos que marcou ao longo de três temporadas valeram-lhe um salto para a Premier League e para o Chelsea, a troco de cerca de 15 milhões de euros, assinando um contrato de cinco anos numa altura em que André Villas-Boas era o treinador dos blues.

O avançado belga chegou logo depois de Wayne Rooney sair e assumiu-se, com Mourinho, como a principal referência ofensiva dos red devils. Marcou 27 golos na primeira época em Old Trafford mas tudo mudou a meio da segunda, quando o treinador português foi despedido e substituído por Ole Gunnar Solskjaer. O belga nem sequer foi convocado nas duas primeiras partidas do técnico norueguês, contra o Cardiff e o Huddersfield, e foi suplente utilizado nos dois encontros seguintes, contra o Bournemouth e o Newcastle, sendo que marcou em ambos pouco mais de dois minutos depois de entrar. Ainda assim, Solskjaer deixou claro que preferia Rashford enquanto referência ofensiva e Lukaku só foi titular em cinco dos nove jogos seguintes, disputando os 90 minutos em apenas duas ocasiões e sempre sem marcar qualquer golo.

Neste contexto, o avançado belga aceitou a proposta do Inter e mudou-se para Itália em agosto de 2019 por cerca de 74 milhões de euros. No Giuseppe Meazza, formou uma dupla de sucesso com o argentino Lautaro Martínez e marcou 64 golos em apenas dois anos, chegando ainda à final da Liga Europa na época passada e conquistando a Serie A este ano, algo que o Inter não alcançava há uma década. Ao contrário de Cristiano Ronaldo, Lukaku precisou de vários anos para encontrar o destino certo.

Real Madrid Presents Cristiano Ronaldo As New Player

Quando assinou pelo Real Madrid, em 2009, Cristiano Ronaldo tornou-se a maior transferência de sempre até então

Getty Images

O português acumulou recordes de transferências — mas não movimentou muito mais dinheiro do que Lukaku

Ao mais alto nível, Cristiano Ronaldo só fez três mudanças de clube: do Sporting para o Manchester United, do Manchester United para o Real Madrid e do Real Madrid para a Juventus. Ainda assim, quando somadas todas essas quantias, o avançado português já movimentou cerca de 230 milhões de euros: 19 milhões encaixados pelo Sporting, 94 milhões encaixados pelo Manchester United e 100 milhões mais cláusulas por objetivos e outras verbas encaixadas pelo Real Madrid.

Quando se mudou para Inglaterra, Ronaldo tornou-se o adolescente mais caro da história do futebol inglês. Quando se mudou para Espanha, tornou-se a maior transferência de sempre até à data. E quando se mudou para Itália, tornou-se o jogador mais valioso de sempre com mais de 30 anos e a maior contratação da história do futebol italiano.

Ora, Lukaku, apesar dos empréstimos e de nunca ter batido recordes internacionais de transferências, também já movimentou uma quantia avultada de dinheiro nos mercados europeus. Tudo somado, já foram investidos cerca de 212 milhões no avançado belga — apenas menos 28 do que em Ronaldo. Como? Custou 15 milhões ao Chelsea, três milhões e meio ao Everton na altura do empréstimo e depois mais 35 milhões para a aquisição definitiva, quase 85 milhões ao Manchester United e, finalmente, 74 ao Inter Milão. Tudo isto com apenas 28 anos e numa altura em que, notoriamente, está a viver o melhor momento da carreira.

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