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Partido reúne-se para conferência nacional nos dias 11 e 12 de novembro, com problemas para resolver em frentes externas e internas
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Partido reúne-se para conferência nacional nos dias 11 e 12 de novembro, com problemas para resolver em frentes externas e internas

Partido reúne-se para conferência nacional nos dias 11 e 12 de novembro, com problemas para resolver em frentes externas e internas

A estratégia do "forte sitiado", o legado da geringonça e o perigo do Chega. Os difíceis desafios que Paulo Raimundo herda no PCP

Para PCP, fazer "desvios" na ideologia e estratégia seria aceitar destino de outros comunistas europeus. Reforçar-se nos sindicatos, mobilizar partido e conhecer eleitorado são desafios de futuro.

Uma posição polémica sobre a guerra, perdas eleitorais constantes, um eleitorado em mutação e sindicatos “pulverizados”, onde um novo concorrente — muito mais à direita — tenta penetrar. O caderno de encargos que Jerónimo de Sousa passará ao sucessor Paulo Raimundo, quando for oficialmente declarado, este domingo, líder do PCP, está muito longe de ser um tetris fácil de resolver. Raimundo herda um partido com sérias dificuldades em estancar as perdas e resolver o legado da geringonça, enquanto se debate com a situação de isolamento conseguida graças à posição assumida sobre a guerra na Ucrânia – tudo numa altura em que pensava já ter ultrapassado a fase em que era “caricaturado” por posições sobre regimes como os de Cuba ou Coreia do Norte, lamenta-se no seio do PCP.

Mas os novos tempos de dificuldades, sobretudo económicas, podem trazer oportunidades: o PCP versão maioria absoluta quer voltar em peso às ruas, reforçar as ligações às bases e aos sindicatos, recusando que o Chega seja uma ameaça real – mas mantendo o novo concorrente pelo espaço da contestação social na sua mira.

De resto, a ordem é para resistir a “pressões” de mudança: o PCP não quer entrar nos “desvios” de comunismo light que destruíram outros partidos comunistas pela Europa fora, nem fazer cedências ao que classifica como “esquerda folclórica”. “A pressão não penetra aqui”, avisa fonte comunista. Depois da conferência nacional que decorre este fim de semana se verá como o partido aplica a estratégia no terreno – e que resultados lhe trará.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o perfil de Paulo Raimundo.

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Paulo Raimundo “é solução” para o PCP?

Nem woke, nem “folcórico”. O PCP em modo “forte sitiado”

Se por graça se costuma dizer que o PCP “nunca perde” – dada a dificuldade do partido em assumir as suas derrotas, ou pelo menos as responsabilidades pelos maus resultados, de forma frontal – desta vez o PCP está bem consciente das dificuldades que tem pela frente. Acossados e sozinhos no panorama político, sobretudo desde que assumiram a sua posição isolada sobre a guerra na Ucrânia, os comunistas têm feito tudo para transformar as dificuldades numa vantagem narrativa, dizendo-se vítimas de uma “operação global” anticomunista. E deixam um aviso: aqui, “a pressão para mudar não penetra”.

“A pressão não é nova”, avisa uma fonte comunista, em conversa com o Observador. “Querem fazer-nos crer que temos de alterar ou a mensagem, ou a nossa forma de comunicar, ou o nosso eleitor-alvo. Mas o futuro do PCP está na revitalização de um discurso dirigido à classe operária e aos trabalhadores, os que saem de casa para ir trabalhar e mal veem os filhos ou têm um momento de lazer – a esmagadora maioria do nosso povo”.

Paulo Raimundo será oficialmente eleito sucessor de Jerónimo durante a conferência nacional, no sábado

André Rolo

A teoria tem eco no PCP. Ao Observador, o ex-líder da CGTP Arménio Carlos garante mesmo que o partido “só tem uma saída”: “Ser coerente com os seus princípios e ir ao encontro das necessidades da esmagadora maioria dos trabalhadores, reformados, mulheres, jovens”. Em maioria absoluta, insiste, é “evidente” que a esquerda só tem “uma coisa a fazer”: reforçar a ligação à sociedade e às pessoas afetadas pela inflação e pela perda de poder de compra. “A capacidade de rejuvenescer o partido, mas também de aprofundar esta ligação, é claramente esta linha de intervenção para próximos tempos”, esclarece. “A força do PCP emana da capacidade de reunir apoios ao nível das bases”.

A convicção do partido, que escolheu um secretário-geral desconhecido do público geral confiante no “sentimento de identificação” que pode gerar com os trabalhadores comuns, é que esse regresso às bases e às massas significa rejeitar qualquer tipo de viragem ideológica ou política.

O PCP escolheu comportar-se como um "forte sitiado", comenta Daniel Oliveira. "Assumir que se não representa a vanguarda da sociedade e o conjunto dos trabalhadores, representa então a cultura de resistência, com uma forte nostalgia, em margens políticas provocatoriamente minoritárias"

De resto, os “mimetismos de modernização” – leia-se aqui também uma aproximação à esquerda mais “woke”, identitária ou, na classificação dos comunistas, “folclórica” – são “um espaço já preenchido”, além de uma forma de desvalorizar problemas reais, como o sexismo ou o racismo, com soluções mais levianas, como as discussões sobre casas de banho mistas ou pronomes neutras, sugere a mesma fonte já citada. Por isso, o PCP só tem de seguir a sua linha e aprofundar cada vez mais a ligação aos trabalhadores, sem se deixar desviar do seu caminho.

Vista de fora, a estratégia escolhida pelo PCP tem nome: é a tática do “forte sitiado”, como descreve o analista político Daniel Oliveira, em declarações ao Observador. “Assumir que se não representa a vanguarda da sociedade e o conjunto dos trabalhadores, representa então a cultura de resistência, com uma forte nostalgia, em margens políticas provocatoriamente minoritárias”, resume. Ou seja, para o comentador, se a posição sobre a Ucrânia isolou o partido, “taticamente” a posição minoritária do PCP pode ser entendida como uma força: “É uma posição de acantonamento político, uma estratégia de sobrevivência”.

A alternativa, nota, seria um caminho que o PCP parece recusar: “Uma mudança na cultura de funcionamento”, uma vez que o movimento comunista se organizou em espelho com a anterior industrialização, reproduzindo a organização dos trabalhadores nas fábricas; ou “a integração em espaços políticos mais amplos e participar na construção política”, como fizeram outros partidos comunistas pela Europa fora, tentando evitar um declínio generalizado.

O problema, apontam fontes dentro e fora do PCP, é que não há muitos exemplos felizes a seguir: geralmente, os partidos comunistas têm-se juntado em frentes mais amplas de esquerda – como o PCP fez, temporariamente, com a geringonça – e visto os seus resultados caírem a pique – como também lhe aconteceu.

PCP rejeita seguir caminho de “desvios” que outros partidos comunistas tiveram “achando que futuro dependia de abandonar um discurso virado para essas camadas porque supostamente já não existiam, tornou-os iguais a outros, aos Blocos de Esquerda e PS dos sítios deles”, ironiza fonte comunista

“Do ponto de vista europeu, o PCP continua a ser dos partidos comunistas mais fortes”, nota em declarações ao Observador o jornalista e militante comunista Pedro Tadeu. “É dos únicos que depois da queda do muro de Berlim não mudaram programaticamente nada, nem abandonou o marxismo-leninismo, e outros partidos próximos fizeram-no. O mais comparável será o partido grego, que será mais ortodoxo”.

Outra fonte comunista nota que “os desvios” que outros partidos comunistas tiveram, “achando que futuro dependia de abandonar um discurso virado para essas camadas porque supostamente já não existiam, tornou-os iguais a outros, aos Blocos de Esquerda e PS dos sítios deles”, ironiza.

O perigo, nota outra fonte da área da esquerda, é que esta convicção e a noção de que as experiências falhadas (pelo menos eleitoralmente) de “comunismo light” noutros países resultem num partido mais “fechado” sobre si próprio, que só quer “confirmar-se” e entrar numa procura pela pureza ideológica. Ainda assim, e mesmo garantindo que não é permeável a pressões, há quem no PCP admita as dificuldades impostas pela última decisão que veio selar essa ideia de um partido virado para dentro e em processo de cerrar fileiras: a posição sobre a guerra da Ucrânia.

FESTIVAL DO AVANTE 2022: Terceiro e último dia do festival do Avante. Discurso final de Jerónimo de Sousa, líder do PCP - Partido Comunista Português. 4 de Setembro de 2022 Quinta da Atalaia, Seixal TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A ideia, comenta fonte comunista com o Observador, é que as “caricaturas” feitas sobre o partido com base nas suas posições sobre regimes como o de Cuba e da Coreia do Norte, que antes surgiam frequentemente em entrevistas, estavam mais ou menos arrumadas. Com a Ucrânia, voltaram as dificuldades em justificar posições que precisariam de “explicações mais longas e maturadas” do que o tempo mediático permite, queixam-se os comunistas.

Ainda assim, como resume o historiador João Madeira, o PCP é um partido “com características leninistas” – o que significa que “está preparado para resistir”: “Não alterará a sua postura perante movimento social, económico, no modo de ver problemas que se colocam ao país. Manterá essas características e certa ambição”. Até onde essa ambição pode levar o partido, que tem perdido consistentemente eleitores nos últimos ciclos eleitorais, é uma questão para o futuro. Nos próximos testes nas urnas, será já Raimundo a cara nova do partido, mesmo que para promover políticas semelhantes.

Sindicatos “de fachada” e a ameaça do Chega

Se o mote principal dos comunistas é agora, em tempos de maioria absoluta (com muito pouco palco institucional e sem assento no Parlamento para o novo líder) e aumento da inflação, voltar em força ao trabalho de base e à ligação aos trabalhadores, coloca-se um novo problema: é que esse espaço deixou de ser disputado apenas à esquerda e os anos de maioria contarão com o Chega como voz de protesto. Quiçá até com uma nova central sindical, segundo os anúncios de André Ventura.

Partido está consciente de que Chega quererá disputar o campeonato da contestação. “Noutro dia passei por um cartaz deles, que falava em mais salários e pensões, e parecia um dos nossos”, graceja fonte do PCP. Mas não acredita que consiga implantação real entre trabalhadores

“Veremos. O Chega também anunciou que ia tomar todas as ruas e que a partir dali a rua era da direita”, ironizava, esta sexta-feira, o dirigente João Frazão, em entrevista no programa Vichyssoise. Dentro do partido, é frontalmente reconhecida a dificuldade que o movimento sindical atravessa – há quem fale numa “tempestade de sindicatos de fachada” que trabalham para tirar força à CGTP – e reconhecida a dificuldade acrescida da competição com o Chega. “Noutro dia passei por um cartaz deles, que falava em mais salários e pensões, e parecia um dos nossos”, nota uma fonte.

Coisa diferente é dizer que os comunistas acreditem mesmo que o Chega será capaz de mobilizar trabalhadores e montar um movimento sindical que não se resuma a uma manobra artificial. “Falam para pessoas cilindradas pelo poder económico, mas os grandes interesses preferem esse tipo de protesto”, ironiza a mesma fonte, sugerindo que o Chega será permeável a pressões que não chegam ao PCP, cujos membros continuam a ser “reconhecidos pelos pares” como melhores dirigentes sindicais.

Arménio Carlos confirma: “Uma coisa é falar para o descontentamento e para a revolta, outra a organização nos locais de trabalho – e estar disponível para o confronto com as entidades patronais”. É nessa “contradição” do Chega – a ligação a “grandes interesses” e a falta de implantação real no terreno e nas empresas – que o PCP aposta.

Ao assumir criação de estrutura sindical, Chega “assume publicamente um confronto com a Constituição”, atira Arménio Carlos. "É uma arma de arremesso para servir ambições partidárias"

Além disso, atira o antigo dirigente sindical, o que o Chega faz ao assumir diretamente a responsabilidade pela criação de uma central sindical que resume  a uma “arma de arremesso para servir ambições partidárias” é “assumir publicamente um confronto com a Constituição”.

Ainda assim, o problema para o PCP, com ou sem Chega, mantém-se: como Arménio Carlos admite, há uma dificuldade acrescida em entrar nas empresas – chama-lhe “amputação da liberdade sindical” – e no PCP fala-se mesmo de uma “pulverização do mundo sindical”. Ora é precisamente neste setor que o partido precisa de se reforçar, numa altura em que a oportunidade para contestação social é evidente – e confia em que Paulo Raimundo, com experiência e ligações ao mundo do trabalho e ao universo sindical, seja o homem certo para ajudar nessa tarefa.

O difícil legado da geringonça. “Devia ter acabado mais cedo”

Esse regresso em força às ruas tornou-se particularmente evidente em comparação com os tempos de geringonça, ou, como o PCP prefere dizer, nos tempos da “nova fase da vida política nacional”. Não que não houvesse manifestações na época em que os comunistas aprovavam os Orçamentos de António Costa – mas essas eram usadas, justifica-se no PCP, para marcar posição e fazer reivindicações que podiam, em parte, ser acolhidas à mesa das negociações.

E foi assim que os comunistas conseguiram, de forma inédita, influenciar as decisões do Governo e avançar com conquistas como a gratuitidade dos manuais escolares e das creches ou a redução dos passes sociais, além da reversão dos cortes da troika.

Com o fim da geringonça, longe de ser unânime dentro do partido, tudo mudou – e a dúvida que fica entre os comunistas é se mudou tarde demais. Basta olhar para o início da queda eleitoral do PCP, que começou a tornar-se indisfarçável com a perda de dez câmaras (nove para o PS) logo nas eleições autárquicas de 2017.

Arménio Carlos, tal como parte do PCP, acredita que o partido devia ter posto fim à geringonça mais cedo. "O problema devia ter sido levantado mais cedo, com mais frontalidade e firmeza, sob pena de o PCP entrar em contradição”

“O PS não mexia em questões estruturais, como a legislação laboral, que se tornaram o epicentro da confrontação e da rutura”, recorda Arménio Carlos. Por isso, o partido simplesmente “não podia” viabilizar Orçamentos enquanto o Governo de António Costa continuava a entender-se com o PSD sobre questões tão fundamentais para os comunistas como a legislação laboral. “Era evidente que isso tinha de ter consequências, mas o problema devia ter sido levantado mais cedo, com mais frontalidade e firmeza, sob pena de o PCP entrar em contradição”.

Para parte do partido, entrou mesmo. Com a dificuldade acrescida de Jerónimo de Sousa se ter tornado o rosto que permitiu essa mudança histórica nas relações à esquerda, mas também o símbolo das boas relações com o PS, e em particular com António Costa – que, nota-se à esquerda, acabou por prejudicar os comunistas, com uma espécie de “abraço de urso”. Costa sempre gostou de dirigir elogios à seriedade dos comunistas e de Jerónimo em particular, hostilizando o partido com que poderia disputar mais eleitorado – o Bloco; e se os bloquistas agradecem a diferença de tratamento, os comunistas nem tanto.

Com Raimundo, poderá ser mais fácil fazer essa viragem de página definitiva, embora o problema se mantenha: o PCP continuará a ser associado às políticas do PS nos últimos anos de cada vez que quiser criticar o Executivo, principalmente no que toca a resolver problemas estruturais do país que não melhoraram no tempo da geringonça.

O outro problema pode mesmo ter a ver com as características do eleitorado comunista, sublinha Daniel Oliveira. “A História não engana: quando a extrema-direita se junta e chega ao poder, tende a crescer e dominá-lo. Quando a esquerda radical faz o mesmo, tende a esvaziar. PCP e BE fizeram o que tinham de fazer, mas o PS ficou com os louros enquanto o PCP quebrava um muro”, recorda. E para os comunistas, com uma base eleitoral mais fixa e menos volátil, será mais difícil recuperar eleitores: “Quando abandonam, é difícil regressarem”.

Um PCP sem referências, mas a falar para os mais novos

Há, ainda, o problema que Jerónimo de Sousa admitia frontalmente, no ano passado, em entrevista à RTP: a mudança do próprio tecido social do país dita que os comunistas tenham dificuldades em ajustar-se ao eleitorado que lhes pode sobrar. “As populações de Loures [município que o PCP governava e perdeu para o PS, nas autárquicas do ano passado], por exemplo, tiveram tantas alterações demográficas que a classe trabalhadora já não é a maioria. A classe média, aburguesada, não aceita bem estas ideias do PCP, o que criou dificuldades ao partido nos últimos anos, constata Pedro Tadeu”.

O desafio é claro: “O PCP tem de aprender a explicar o valor que pode ter para essas classes, que também são trabalhadoras”. Mas, perante camadas da população mais céticas, também não ajuda a falta de “modelos” a seguir, num mundo pós-muro de Berlim, com um PCP em que até o secretário-geral já é (pela primeira vez) nascido depois do 25 de Abril: “É mais difícil explicar um mundo que já não tem uma referência clara. Há 40 anos havia um futuro que parecia alcançável. As pessoas achavam que iam chegar, na sua vida, a uma sociedade de cariz socialista . Hoje diz-se da URSS o que o Maomé não diz do toucinho…”, graceja.

Segundo um estudo de João Cancela e Pedro Magalhães sobre o perfil do eleitorado das últimas legislativas, PCP é o segundo partido com maior peso dos votantes mais velhos e o terceiro com mais peso de eleitores sem formação universitária. Os comunistas tiveram melhores resultados na parcela de jovens, entre 18 e 24 anos, sem o ensino secundário

Importante será olhar também para o que o perfil do próprio eleitorado do PCP indica. Segundo o estudo desenvolvido pelos investigadores João Cancela e Pedro Magalhães sobre as bases sociais das últimas eleições legislativas, à base de dados pessoais recolhidos à boca das urnas e fornecidos pela Pitagórica, o PCP será o segundo partido com maior peso dos votantes mais velhos, a seguir ao PS (44% têm mais de 54 anos e só um quinto tem até 34 anos), e o terceiro com mais peso de eleitores sem formação universitária.

FESTIVAL DO AVANTE 2022: Terceiro e último dia do festival do Avante. Discurso final de Jerónimo de Sousa, líder do PCP - Partido Comunista Português. 4 de Setembro de 2022 Quinta da Atalaia, Seixal TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Ainda assim, há uma informação relevante a reter: na categoria que cruza idade e nível de escolaridade, os comunistas tiveram melhores resultados na parcela de jovens, entre 18 e 24 anos, sem o ensino secundário. Um possível caminho para trabalhar o rejuvenescimento do seu eleitorado – mas, como lembra o estudo, uma faixa que representa “uma parcela muito reduzida dos votantes”.

As “debilidades” internas e um aviso: “Silêncios encerram divisões”

Mas os problemas que se colocam ao PCP não são apenas externos. Internamente, o partido admite que terá de utilizar esta conferência como uma espécie de “toque a reunir” das suas tropas, que precisam de estar mobilizadas para o difícil ciclo que se segue. E para isso é preciso reforçar o partido e encontrar formas melhores de se organizar por dentro.

Embora esse trabalho não seja tão visível para fora, é mesmo um dos objetivos deste encontro, explica Pedro Tadeu. “Uma das coisas que se pretende é aumentar o número de quadros comunistas em dois anos”, sendo que um “quadro” se traduz, no léxico comunista, por um ativista que organiza células e grupos de trabalho em torno de objetivos concretos. Tudo, detalha o militante comunista, para “contrariar uma debilidade que a direção do PCP sentiu: é preciso uma reestruturação interna, dar um novo impulso ao partido”. E, no PCP, a mudança de líder é apenas um sinal de uma operação bem mais vasta.

"Mais importante do que o número de reuniões é a capacidade de abertura para incentivar a discussão e a reivindicação. Se fizermos reuniões para que falem poucos e ouçam muitos, a conclusão não é que estamos todos de acordo – os silêncios encerram muitas divisões”, avisa Arménio Carlos

E essa operação não pode ser cosmética. “Isto implica saber ouvir e não ter receitas acabadas”, avisa Arménio Carlos. Para o ex-dirigente do PCP, não é suficiente ler no Avante que se têm multiplicado as reuniões e encontros regionais, por todo o país, para preparar a conferência. “Mais importante do que o número de reuniões é a capacidade de abertura para incentivar a discussão e a reivindicação. Se fizermos reuniões para que falem poucos e ouçam muitos, a conclusão não é que estamos todos de acordo – os silêncios encerram muitas divisões”.

E deixa um alerta: esse incentivo do debate e pluralismo no PCP é tarefa da responsabilidade da direção do partido. “A discussão sempre foi um elemento central e é isso que é fundamental para ajudar o partido a sair desta situação difícil em que se encontra”. É isso o que o PCP tentará fazer na conferência nacional, ocorrência rara na história do partido, que arranca este sábado.

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