VEJA AQUI SE ENTROU NO ENSINO SUPERIOR
Há, outra vez, mais estudantes que escolhem seguir a carreira de professor — e quase ocuparam todas as vagas disponíveis –, há também o maior número de sempre de colocados em Medicina, mas a área de Saúde deixou de ser aquela que mais candidatos escolhem como primeira opção. A primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior está concluída, foram colocados 49.438 estudantes — menos 368 do que no ano passado. Sobram para a próxima fase, que começa na próxima segunda-feira, 5.212 lugares.
Este ano, depois de muita resistência ao aumento do número de vagas de Medicina, foram abertas mais sete vagas: cinco na Universidade de Coimbra e duas na Universidade do Minho. Mas quando este anúncio foi feito, no início de abril, o Ministério do Ensino Superior já previa que o número fosse aumentar devido aos lugares dos concursos especiais para licenciados que poderiam ficar por ocupar e iam diretamente para os candidatos desta 1.ª fase do concurso nacional de acesso. E foi o que aconteceu. Foram colocados 1.595 estudantes, mais 51 do que no ano passado, “o que representa o maior número de sempre”, adianta o gabinete de Elvira Fortunato.
Através dos concursos especiais para licenciados entraram 247 estudantes, como as vagas não foram todas ocupadas, estas passaram diretamente para o concurso nacional e “ainda serão colocados os candidatos dos regimes especiais de acesso ao ensino superior”, que incluem os estudantes atletas de alto rendimento, de países africanos de língua oficial portuguesa e de Timor Leste.
O desejo de aumentar o número de vagas nos cursos de Medicina já vem do anterior ministro, Manuel Heitor, mas a grande aposta da atual ministra do Ensino Superior continua a ser a área da Educação. O número de estudantes que entraram no curso de Educação Básica aumentou 21% em relação ao ano passado, num total de 923 alunos.
“Nos últimos dois anos, o número de colocados em licenciaturas em Educação Básica aumentou 45%”, revela o ministério. A taxa de ocupação tem, por isso, acompanhado a intenção de colmatar a falta de professores. Só este ano, Educação Básica contou com mais 100 vagas e 97% dos lugares ficaram ocupados nesta primeira fase.
Dos 21 cursos de Educação Básica que existem em todo o país, só os Institutos Politécnicos de Portalegre, Guarda e Bragança não ocuparam todas as vagas. E tendo em conta o número de vagas e colocados por área, na Formação de Professores/Formadores e Ciências da Educação sobraram apenas 91 vagas. Este ano, houve 1657 candidatos em 1.ª opção, um número muito elevado quando comparado com os anos anteriores — no ano passado foram 1.172 candidatos e 2020 teve 970 candidatos.
Mais alunos nos cursos com médias mais elevadas
Dos mais de 49 mil alunos que vão entrar agora no ensino superior, 5.068 candidatos ficaram nos cursos mais competitivos, que são precisamente aqueles que no ano passado tiveram maior número de colocados em primeira opção com nota igual ou superior a 17 valores.
São considerados os cursos de excelência e é aqui que estão concentrados os melhores alunos. Este ano, são mais 157, “um aumento de cerca de 2% face ao ano anterior”. Além de Medicina, que é sempre um dos cursos mais concorridos, os mais procurados pelos alunos com média superior a 17 são, entre outros, Engenharia Aeroespacial, na Universidade do Minho, do Porto e de Aveiro, Engenharia e Gestão Industrial em Aveiro.
E há também mais alunos nas zonas de menor pressão demográfica e com menor procura. Esta é, aliás, outra medida que vem do anterior ministro que o gabinete de Elvira Fortunato mantém. A subida, no entanto, abrandou e este ano ficou pelos 0,2%.
Saúde deixa de ser a área que mais candidatos escolhem logo em 1.ª opção
Desta vez, ao contrário daquilo que aconteceu nos últimos dois anos, a área de Saúde, que combina os cursos de Medicina e de Enfermagem, deixa de ser a que mais candidatos escolhem logo em 1.ª opção. E é a área das Ciências Empresariais, que inclui os cursos de Gestão, que conquistou agora o pódio, com 9.175 candidatos em 1.ª opção. Em segundo surge Saúde (8.692) e em terceiro lugar, a manter a tendência dos últimos dois anos, surge a área de Engenharia (8.635).
Já que nem todos os candidatos conseguem um lugar, quando se olha para o número de candidatos colocados, as posições na tabela já se alteram. Engenharia salta para o primeiro lugar, com 8.233 colocados, em segundo aparece a área de Ciências Empresariais, com 7.344 estudantes, e Saúde só aparece em terceiro com 7021 alunos.
Quatro instituições com taxa de ocupação de 100%
Tal como aconteceu no ano passado, todas as Escolas Superiores de Enfermagem — de Coimbra, Lisboa e Porto — ocuparam todas as vagas que tinham disponíveis logo nesta 1.ª fase. No total, foram colocados nestas três escolas 848 estudantes.
Do lado das universidades, só o ISCTE ocupou todas as vagas. E foi também o ISCTE que mais aumentou, pelo segundo ano consecutivo, o número de lugares disponíveis. O aumento deste ano ficou pelos 4,9%, mas no ano passado foi muito superior (16,4%), tendo em conta que coincidiu com a abertura do campus de Sintra, com oito licenciaturas.
“A repetição, ano após ano, da liderança do ISCTE nos índices de colocação de vagas é o resultado da sua capacidade, enquanto instituição universitária, para inovar e para crescer aumentando a qualidade da sua oferta formativa”, disse a reitora Maria de Lurdes Rodrigues, em comunicado. “O ISCTE tem respondido à procura criando oferta formativa inovadora que vai ao encontro das expectativas de jovens de todo o país.”
Mais de mil alunos mais pobres entraram pelo novo contingente prioritário
O ministério tutelado por Elvira Fortunato abriu este ano um contingente prioritário no concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, que permitiu a entrada de 1.013 alunos mais pobres. Este é ainda um projeto piloto, de participação voluntária, mas todas as universidades e politécnicos decidiram aderir.
Este contingente destina 2% das vagas dos cursos superior a alunos beneficiários do 1.º escalão do abono de família, com um máximo de duas vagas por curso. “O contingente prioritário garantiu um maior acesso dos estudantes aos cursos mais competitivos, tendo o número de estudantes com escalão A colocados em cursos de excelência aumentado 29% face ao ano anterior”, revela a nota do Ministério do Ensino Superior. No total, incluindo o contingente prioritário e o geral, foram colocados 2810 estudantes que fazem parte do 1.º escalão.
Outra novidade este ano é a antecipação das decisões sobre a atribuição das bolsas de estudo, já que passam a ser atribuídas nesta fase de colocações aos alunos que beneficiem do abono de família até ao 3.º escalão. A seguir, são conhecidas as decisões sobre as bolsas +Superior, que apoiam os estudantes colocados em universidades e politécnicos do interior do país.
Os resultados da 1.ª fase do concurso nacional de acesso foram divulgados às 23h59 deste sábado no site da Direção-Geral do Ensino Superior e, como tem sido habitual, os candidatos colocados à primeira fase do concurso de acesso ao Ensino Superior começaram a receber o respetivo email ou SMS ao início da tarde deste sábado. Pela primeira vez, as colocações foram anunciadas em agosto, garantindo assim “um período mínimo de 15 dias de intervalo entre a colocação da 1.ª fase e o início da atividade letiva (até agora inexistente) e as colocações de todos os estudantes colocados no mês de setembro”. Assim, os estudantes que vão entrar na universidade ou politécnico nas próximas duas fases não vão perder aulas, como acontecia até este ano — quem entrava na 2.ª fase perdia perto de três semanas de aulas e quem entrava na última fase perdia cerca de seis semanas.
Para a 2ª fase do concurso ainda sobraram 5.212 lugares e as candidaturas podem ser submetidas a partir da próxima segunda-feira, dia 28 de agosto, e até ao dia 5 de setembro.