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ANTÓNIO COTRIM/LUSA

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Ângelo Pereira: "Suzana Garcia é a candidata perfeita para romper com a indiferença"

O líder da distrital do PSD/Lisboa acredita que Suzana Garcia tem condições para vencer as eleições na Amadora, desvalorizando todas as polémicas. E não tem dúvidas: Isaltino é a escolha certa.

Antes mesmo de começar a entrevista, Ângelo Pereira, antigo vereador em Oeiras e líder da distrital do PSD/Lisboa, enviou uma mensagem com a música que queria apresentar como é hábito na Vichyssoise, programa da Rádio Observador. “Susanna”, dos Art Company, era a sobremesa que Ângelo Pereira queria servir e não é difícil imaginar o porquê da escolha. Já perto do final da entrevista, o social-democrata desfez as dúvidas: “Escolho uma música dos anos 80, dedicada a todos os quantos neste momento, jornalistas e comentadores, atacam Suzana Garcia.”

E foi uma defesa leonina aquela que Ângelo Pereira fez da candidata do PSD à Câmara Municipal da Amadora, uma escolha “perfeita” para derrotar os socialistas, que goza de “liberdade individual” para defender questões como a castração química e que cujas intervenções sobre racismo devem ser “contextualizadas” e percebidas à luz do espaço de comentário que ocupava.

Sem se comprometer com apoios a futuros candidatos à liderança do PSD, Ângelo Pereira, desde sempre um crítico de Rui Rio, não tem dúvidas sobre o caminho que o partido deve seguir em Oeiras. “Isaltino Morais e o PSD confundem-se. Não faz sentido a família estar desunida”, diz.

No passado foi um crítico de Rui Rio e esteve ao lado primeiro de Pedro Santana Lopes, depois de Miguel Pinto Luz e ainda de Luís Montenegro. Rui Rio tem sido um líder assim tão mau?
Rui Rio é o líder. Foi eleito, está em funções, tem tido com a distrital de Lisboa um relacionamento irrepreensível em todo este processo autárquico.

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Ainda assim esteve sempre do outro lado, contra Rui Rio, por isso perguntava se Rui Rio tem sido um líder assim tão mau para o partido.
Não apoiei Rui Rio, como disse, mas apoio o presidente do partido Rui Rio que tem feito um excelente mandato e conduzido, na minha opinião, este processo autárquico.

Falando nesse processo autárquico, uma vez que a candidatura de Carlos Moedas a Lisboa parece ser a grande aposta da atual direção do PSD, Rui Rio terá condições para continuar no cargo se Carlos Moedas falhar a eleição?
Acho que as próximas eleições diretas irão ter como base estas eleições autárquicas. Não só o concelho de Lisboa, mas o seu todo, a nível nacional.

Portanto admite que as próximas eleições autárquicas possam ter de facto uma influência decisiva na escolha do próximo líder do PSD.
Obviamente.

E entende que era importante existir uma alternativa que se apresentasse a votos mesmo que Rui Rio entenda continuar o mandato ou entenda ir a votos novamente?
Isso é uma avaliação que os dirigentes e militantes do partido irão fazer a partir da noite eleitoral, fazendo o balanço dos dois anos de Rui Rio e da comissão política nacional.

"Acho que as próximas eleições diretas irão ter como base estas eleições autárquicas. Não só o concelho de Lisboa, mas o seu todo, a nível nacional"

Se Rui Rio entender não ter condições para continuar Carlos Moedas seria um bom candidato à liderança do partido ou preferiria alguém como Paulo Rangel?
Acho que essa questão não se coloca neste momento. Rui Rio é o presidente, está no seu mandato, estamos a preparar as eleições autárquicas e Carlos Moedas é candidato a presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Ainda sobre Lisboa, tem como vice-presidente da distrital Rodrigo Gonçalves, uma figura controversa no partido e que foi até excluído por Pedro Passos Coelho na última corrida autárquica. Seria uma boa hipótese para ser vereador na lista de Carlos Moedas?
A lista de Carlos Moedas para a vereação é uma escolha que é dele, irá ser da equipa que irá gerir a CML nos próximos quatro anos e, portanto, é uma escolha sua.

O pai de Rodrigo Gonçalves, Daniel Gonçalves, tem condições para ser candidato do PSD nas Avenidas Novas?
Tal como a equipa da vereação é uma competência, na minha opinião, de Carlos Moedas, os candidatos às juntas de freguesia de Lisboa são uma competência da concelhia de Lisboa do PSD. A concelhia ainda está em reflexão, a decidir quem são os candidatos. Enquanto presidente da distrital estou à espera dessa indicação.

O que é que mudou em quatro anos para que o PSD passe de uma candidatura própria em Oeiras para o presumível apoio a Isaltino Morais?
Faz parte de um processo de reconciliação da família social-democrata no concelho de Oeiras. Isaltino Morais é social-democrata, é um de nós, dos melhores autarcas a nível nacional. Oeiras é um concelho de excelência muito à conta do trabalho de Isaltino Morais e do PSD ao longo dos anos. A proposta da concelhia de Lisboa para apoiar a candidatura Isaltino, apoiada também pela distrital de Lisboa é fruto disso mesmo, de uma reconciliação da família social-democrata no concelho de Oeiras.

"Isaltino Morais e o PSD confundem-se. Há vários militantes do PSD já nas listas de Isaltino e portanto não faz sentido a família estar desunida"

Está definitivamente ultrapassada a questão judicial e já é o momento de fazer essa reconciliação?
Como disse o líder do partido não há penas perpétuas em Portugal. Isaltino Morais é um homem livre.

E é um autarca modelo para o PSD?
É um autarca modelo a nível nacional, portanto não há razões para que não possamos apoiar Isaltino Morais.

Mas em 2017 dizia que Isaltino Morais e Paulo Vistas eram farinha do mesmo saco. Mudou de opinião?
O que eu me quis referir em 2017 quando afirmei isso foi que Paulo Vistas tinha sido vice-presidente de Isaltino, acompanhou Isaltino durante muitos anos, foi líder do PSD local e fazia parte da mesma família social-democrata no concelho de Oeiras.

Não existe o risco de se instalar a perceção de que o PSD teve medo de ir a votos contra Isaltino Morais e está a tentar somar aqui uma vitória artificial?
Não. Isaltino Morais e o PSD confundem-se. Há vários militantes do PSD já nas listas de Isaltino e portanto não faz sentido a família estar desunida. Isaltino Morais é social-democrata, afirma-se como social-democrata e as políticas implementadas no concelho de Oeiras são sociais-democratas. Não faz sentido concorrermos separados.

Aparentemente existe um impasse na direção do PSD. O que está a travar o apoio tácito à candidatura?
Nada. A comissão política nacional [núcleo duro do PSD] está a refletir.

Falemos sobre Amadora. Na qualidade de líder distrital de Lisboa, sente-se confortável por apoiar uma candidata que defende ideias como a castração química para pedófilos?
Sinto-me muito confortável. A Suzana Garcia é uma candidata combativa, inteligente, determinada, ciente dos problemas sociais da Amadora e a candidata que escolhemos para vencer as eleições.

Esta semana o PSD justificou esta escolha em parte por serem eleições autárquicas e não para eleições nacionais, sugerindo que não seria uma boa candidata para deputada. Entende que Suzana Garcia tem condições para aplicar as tais políticas sociais-democratas que o PSD quer nas autárquicas?
Sem dúvida.

Com esta linha de raciocínio, com ideias tão diferentes das do PSD?
Dentro do PSD existe liberdade de pensamento individual. O partido tem uma posição oficial sobre o tema [castração química], o que não impede que cada um tenha o seu pensamento individual. Suzana Garcia tem um perfil de autarca, tem um perfil de fazer coisas, de resolver coisas, essas posições não se vão refletir.

O que é que leva exatamente o PSD a crer que Suzana Garcia tem esse perfil de autarca? É alguém que quer fazer coisas… Que coisas? 
Foi analisado o perfil da Suzana Garcia, houve reuniões, conversas, traçar de objetivos comuns entre o partido e candidato, foi analisado obviamente o concelho e o perfil do concelho… Suzana Garcia é a candidata perfeita para romper com a indiferença. É uma candidata de rutura de 42 anos de gestão de esquerda que tem apresentado índices grandes de criminalidade e de abandono escolar superiores à Área Metropolitana de Lisboa. Suzana Garcia tem o perfil ideal.

Então deixe-me pedir-lhe a análise do seguinte comentário de Suzana Garcia: “Um fulano como Mamadou Ba é um traidor da pátria. Ele podia fazer esse ataque no país dele, onde ele podia ter utilidade. No Senegal há imensos problemas, ele que vá lá tratar deles, conspurcar o legado cultural deles, e não o meu, o da minha pátria, o do meu pai”. Sente-se confortável em apoiar uma candidata que convidou um cidadão com nacionalidade portuguesa a voltar para a “terra dele”? 
É preciso perceber o contexto de várias afirmações de Suzana Garcia. São feitas como comentadora de um programa da manhã…

Isso desculpabiliza-a?
Não. Mas é importante também analisarmos o que é que ele [Mamadou Ba] disse…

Portanto, podem ter justificação as declarações de Suzana Garcia?
Foram declarações feitas dentro de um contexto de comentário de um programa de televisão.

Qual é a justificação para mandar alguém de nacionalidade portuguesa voltar para a terra dele?
Não ouvi a sequência de comentário de Suzana Garcia…

Mas está a sugerir que pode haver um contexto em que esta afirmação é admissível?
Não digo que é admissível. Nem concordo com o comentário extraído da forma como o apresentou.

"Suzana Garcia é a candidata perfeita para romper com a indiferença. É uma candidata de rutura de 42 anos de gestão de esquerda que tem apresentado índices grandes de criminalidade e de abandono escolar superiores à Área Metropolitana de Lisboa"

Não existe o risco de o PSD, ao apadrinhar candidatos que têm uma linguagem semelhante à de André Ventura, se tornar indistinguível do Chega?
Acho que não. Suzana Garcia demarca-se da ideologia do Chega, está fora de questão uma coligação com o Chega na Amadora, foi aliás convidada para ser candidata pelo Chega e rejeitou.

Suzana Garcia parece ter aberto a porta a eventuais coligações com o Chega na Amadora, nomeadamente numa entrevista ao Expresso. 
Já saiu o esclarecimento sobre essa entrevista. O título é abusivo e a interpretação é errática.

Mas imaginemos este cenário: depois das eleições, o PSD precisa do Chega para ter maioria na executivo camarário. Entende que seria útil fazer um acordo com o Chega?
Primeiro, não acredito que o Chega eleja um vereador na Amadora. Além disso, as eleições autárquicas são diferentes das eleições para o Governo, governa quem tem mais votos. Um presidente da câmara tem de gerir e governar o concelho com os vereadores eleitos por outros partidos.

Passamos agora para o segmento “Carne ou peixe”, em que tem de escolher uma das opções em cada um dos desafios. Preferia ser deputado do PSD liderado por Pedro Passos Coelho com o partido na oposição ou ser secretário de Estado de um Governo de Rui Rio?
Ser secretário de Estado de um Governo de Rui Rio.

Preferia passar uma tarde na esplanada com Suzana Garcia e André Ventura a discutir os méritos da castração química ou aguentar mais umas semanas de confinamento?
Aguentar mais umas semanas de confinamento.

Preferia ser chefe de gabinete de Sofia Vala Rocha num futuro Governo do PSD ou que houvesse um novo ciclo de poder socialista aliado?
Não, preferia ser chefe de gabinete de Sofia Vala Rocha.

Preferia David Justino ou Isabel Meirelles como candidata a Oeiras caso falhe o apoio do PSD a Isaltino Morais?
David Justino, sem dúvida.

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