Depois do sucesso do Votómetro para as legislativas de 2022 — que teve mais de um milhão de participações — e de um Votómetro para a disputa da liderança do PSD no mesmo ano, o Observador lança agora um Votómetro para acompanhar as eleições internas no PS. Está mais perto de Pedro Nuno Santos ou de José Luís Carneiro? Cada um dos candidatos está, economicamente, mais à direita ou à esquerda? É mais progressista ou conservador? Qual o seu nível de concordância com cada um dos candidatos sobre a privatização da TAP? O PS deve privilegiar uma nova geringonça? Deve ser reconhecido o tempo de serviço aos professores? Estes são alguns dos temas que o Votómetro Liderança PS 2023 permite explorar.

Votómetro. Responda ao questionário e descubra qual o candidato a líder do PS mais próximo de si

Com a coordenação científica de Jorge M. Fernandes, Ramon y Cajal Fellow no Institute of Public Goods and Policies, CSIC, Madrid, e da Mafalda Pratas, doutoranda em Ciência Política na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e concebida pela equipa de programação do Observador, a nova ferramenta interativa (web e mobile) permite aos leitores compreender qual o candidato a líder do PS que mais se aproxima dos seus valores a partir do seu posicionamento perante 13 afirmações.

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Para ajudar a explicar como funciona, ao certo, este novo Votómetro, como participar e qual a metodologia que orientou o desenvolvimento da plataforma e que tipo de resultados esperar, preparámos um conjunto de perguntas e respostas.

Como é evidente, esta ferramenta e os seus resultados não são, de forma nenhuma, uma recomendação de voto em qualquer candidato. De resto, há uns temas em que poderá estar mais próximo de um e outros em que poderá estar mais próximo do outro. Além disso, pode haver temas não contemplados nesta ferramenta mas que são importantes para o seu posicionamento político. O Votómetro é apenas uma iniciativa de apoio à reflexão.

O que é o Votómetro?

É uma ferramenta gratuita e intuitiva de reflexão eleitoral, inspirada noutras plataformas cientificamente validadas como a europeia euandi e a alemã wahl-o-mat. O objetivo é fomentar a discussão e a literacia políticas.

Qual a vantagem em participar?

Um dos principais objetivos do Votómetro é aumentar a competência política dos cidadãos. Por isso, quer ajudá-los a adquirirem rapidamente um conjunto de informações sobre o posicionamento de candidatos políticos, neste caso relativos a uma eleição interna no PS, em comparação com a sua própria posição. Os cidadãos não leem todas as moções, declarações e entrevistas dos candidatos, por isso, o que este tipo de plataformas faz é organizar a informação. No Votómetro, tem uma explicação fundamentada para a classificação de cada candidato, o que lhe permite saber mais sobre cada uma das posições.

A plataforma é independente?

Sim. O Votómetro é totalmente independente de quaisquer partidos políticos e candidatos.

Como participar?

Basta entrar no endereço online do Votómetro Liderança PS 2023 e escolher o botão “Iniciar”. O teste começa logo de seguida, apresentando a primeira de 13 frases para o utilizador posicionar o seu nível de concordância em relação a ela. Tem seis opções: “Concordo totalmente”, “Tendo a Concordar”, “Neutro”, “Tendo a Discordar”, “Discordo Totalmente” e “Sem Opinião”.

Preciso de me registar para responder?

Não é preciso qualquer registo de utilizador. Pode começar a responder de imediato.

A participação na plataforma é anónima?

Sim, a participação é anónima. Ninguém terá acesso às suas respostas. Mesmo que seja um utilizador voluntariamente registado no site do Observador ou nosso assinante, os dados das respostas na ferramenta não ficam associados ao seu utilizador.

Preciso de pagar para participar?

Não. A utilização da ferramenta é gratuita.

Que tipo de questões são colocadas?

São 13 afirmações sobre temas clássicos — como, por exemplo, a eutanásia — e temas mais atuais — como, por exemplo, a defesa de uma nova geringonça ou a privatização da TAP.

Como funciona a participação na plataforma, no geral?

Funciona em duas fases e de forma intuitiva. Primeiro, responde-se ao nível de concordância das 13 frases apresentadas. Depois, pode atribuir-se uma maior ou menor ponderação a cada uma dessas 13 declarações, para analisar o nível de importância de cada tema apresentado – e, depois, comparar com o de cada candidato. Quem quiser, pode não fazer a ponderação e seguir diretamente para os resultados finais.

Como funciona a resposta às declarações?

São apresentadas, de forma sequencial, 13 frases relacionadas com temas políticos que definem os vários partidos. Nesta fase, os utilizadores são desafiados a responder ao nível de concordância com cada uma dessas afirmações escolhendo uma das já referidas seis opções: “Concordo Totalmente”, “Tendo a Concordar”, “Neutro”; “Tendo a Discordar”, “Discordo Totalmente” e “Sem Opinião”. Esta metodologia chama-se Escala de Likert – nome do sociólogo norte-americano que a desenvolveu – e é amplamente usada para medir, de forma fiável, comportamentos e opiniões, com um maior nível de nuance, indo além do sim ou não, pois especificam o nível de concordância.

Como funciona a resposta às ponderações?

Depois de responder às 13 afirmações, chega-se à secção “Adicionar ponderadores”, onde são listadas as 13 declarações numa mesma página. No final de cada uma dessas declarações, o utilizador poderá optar por ponderar qual a importância de cada uma delas para si: mais (+), menos (-) ou igual (=) ponderação. Em alternativa, poderá saltar essa secção. Se saltar, estará a dizer: todas elas são igualmente importantes.

No final, que tipo de resultados se obtém?

Os resultados são apresentados em duas perspetivas detalhadas: “Correspondência” (política) e “Bússola” (bidimensional: esquerda económica/direita económica, progressista/conservador).

O que posso ficar a saber na secção “Correspondência”?

A “Correspondência” exibe, por ordem percentual, a ligação do respondente a cada candidato, com um gráfico de barras horizontal. Evidencia-se, assim, a proximidade política, de acordo com os pontos de vista, valores e prioridades. Se o utilizador selecionar, na lista do gráfico, a barra de cor de cada candidato, terá acesso a uma nova secção informativa, com as camadas das 13 respostas de forma detalhada, que relaciona o que ele respondeu com o posicionamento do candidato em relação a essa afirmação. Para cada uma dessas afirmações, existe ainda mais informação sobre elas, conduzindo à fonte de onde se extraiu esse posicionamento/declaração do candidato em análise.

O que posso ficar a saber na secção “Bússola”?

A “Bússola” é um gráfico que evidencia o posicionamento do utilizador numa base ideológica bidimensional. Por um lado, o eixo horizontal identifica a dimensão económica esquerda-direita. Por outro, o eixo vertical identifica a dimensão cultural, considerando posições progressistas e conservadoras. (Nesta imagem, o utilizador foi colocado aleatoriamente no centro da Bússola.)

Esta Bússola corresponde à do Votómetro das Legislativas?

Não, de maneira nenhuma: as Bússolas dos dois Votómetros não podem ser sobrepostas. Correspondem a duas realidades totalmente distintas. Esta é uma diferença fundamental em relação ao Votómetro das Legislativas: no Votómetro Liderança PS 2023, a posição de cada um dos candidatos deve ser interpretada no âmbito do espaço político do PS e não no âmbito de todo o espectro partidário português.

Qual foi a metodologia para chegar às declarações?

A plataforma posiciona os candidatos e mostra qual a fonte que sustenta esse posicionamento. Essas declarações foram retiradas de moções eleitorais, votações, entrevistas e declarações.

Posso mudar as minhas respostas e as ponderações?

Sim. Nesta fase de análise dos resultados, o utilizador tem a opção de “alterar respostas” e analisar como isso influenciaria os resultados.

Posso voltar a responder?

Sim. Basta voltar à homepage da plataforma.

Posso partilhar os resultados?

Sim. Se desejar partilhar os resultados, basta selecionar essa opção. Poderá  fazê-lo quer através de uma hiperligação que é gerada, por e-mail, ou através das redes sociais Facebook, Twitter, LinkedIn e WhatsApp. A decisão de partilha é exclusivamente sua.

É possível explorar os resultados com base na “Correspondência”, com 13 questões, e na “Bússola”, com 2 dimensões. Esta triagem é simplista?

A “Bússola” é uma ideia geral e menos exata do ponto de vista do posicionamento, mas muito intuitiva, explica Jorge Fernandes. Se quiséssemos fazer uma análise absolutamente rigorosa, teria de ser feita uma medição muito mais complexa e que seria muito difícil de captar de forma simples. Mais uma vez: o Votómetro é apenas uma iniciativa de apoio à reflexão.

Quando se escolhe um posicionamento “neutro” para todas as 13 afirmações, o resultado dá 67% para José Luís Carneiro e 62% para Pedro Nuno Santos. Como deve isto ser interpretado?

Trata-se de uma questão técnica e que tem uma explicação que decorre puramente do cálculo matemático. Na secção “Correspondência”, faz-se um cálculo da distância entre a posição de um utilizador numa pergunta e a posição do candidato nessa mesma pergunta. Isto é, calcula-se o quanto as posições do utilizador e do candidato se sobrepõem. Se, por exemplo, um candidato responde mais vezes “Tende a…”, alguém que responda sempre “Neutro” terá uma maior sobreposição com ele.

Há um detalhe importante: responder “Neutro” a todas as perguntas não significa que a pessoa seja do “centro” político ou que seja um eleitor mais moderado.

É preciso ainda ter em atenção que a plataforma não está desenhada para as pessoas escolherem todas as respostas em “Neutro”, mas sim para se posicionarem genuinamente em relação a cada pergunta. Se um utilizador quer responder “Neutro” a todas as perguntas, não haverá qualquer sentido útil em fazer o inquérito.

Esta plataforma está desenhada de acordo com as melhores práticas internacionais e à semelhança das plataformas elaboradas no contexto do projeto “euandi”, mais concretamente de acordo com a metodologia descrita no documento que pode ser consultado aqui.