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"Há que tomar consciência de que os efeitos das alterações climáticas têm que ser mitigados através de um planeamento que considera a intervenção imediata, a curto, médio e longo prazo", diz a diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém
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"Há que tomar consciência de que os efeitos das alterações climáticas têm que ser mitigados através de um planeamento que considera a intervenção imediata, a curto, médio e longo prazo", diz a diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

"Há que tomar consciência de que os efeitos das alterações climáticas têm que ser mitigados através de um planeamento que considera a intervenção imediata, a curto, médio e longo prazo", diz a diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Dalila Rodrigues: "A Torre de Belém não pode continuar a garantir funcionamento em permanência"

A frase é da diretora daquele monumento e do Mosteiro dos Jerónimos. Em entrevista, Dalila Rodrigues fala sobre o impacto das alterações climáticas, do turismo de massas e da gestão patrimonial.

Em 2022, os dois monumentos juntos receberam mais de 1 milhão de visitantes. O Mosteiro dos Jerónimos encontra-se no topo dos mais visitados em Portugal, com 870.321 entradas registados no ano passado, e a Torre de Belém, também na capital, somou 377.780 visitantes no mesmo período. Além de verdadeiros símbolos patrimoniais portugueses, ambos monumentos são estruturas arquitetónicas com mais de 500 anos de existência e, também por isso, sujeitos às adversidades que a passagem do tempo acarreta. Uma investigação científica inédita, que resulta num estudo apresentado esta segunda-feira, revela conclusões sobre o efeito das alterações climáticas nos dois monumentos, bem como possíveis formas de mitigação desse impacto. O estudo, coordenado pela arquiteta norte-americana Barbara Judy, decorre em parceria com a embaixada dos EUA em Lisboa, ao abrigo do programa Embassy Science Fellow e é um altera para o presente e futuro destes monumentos, mas também um princípio de diagnóstico para o restante património histórico português.

Em entrevista ao Observador, a diretora e responsável pela gestão dos dois monumentos, Dalila Rodrigues, explica a importância do estudo, que propõe formas de mitigação para o futuro. Tendo em contas os danos causados nos últimos anos, devido às cheias e tempestades, o ónus deste relatório está na forma de conservação dos edifícios, cuja condição deve ser exímia e, assim, garantir a melhor experiência possível por parte de quem visita. Ainda que até ao momento, não se verifique nenhuma perda patrimonial significativa decorrente dos efeitos das alterações climáticas, era “urgente conhecer os riscos, identificar as vulnerabilidades e adotar medidas de mitigação”, diz Dalila Rodrigues.

Entre os eventuais passos a dar num futuro próximo, contra os efeitos das chuvas intensas, da agitação marítima e da subidas do nível das águas conta-se a construção de uma barreira em volta da Torre de Belém, o condicionamento das visitas (também para proteção dos funcionários), a mudança do piso em volta do Mosteiro (que é de alcatrão) e a construção de uma linha de árvores perto do mesmo — além de melhiorias no escoamento das águas para evitar inundações.

Dada a oportunidade, a diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém falou ainda do seu percurso à frente dos dois monumentos e dos desafios que a sua gestão comporta. “Enquanto um museu é essencialmente uma coleção de obras de arte, que pode estar contida num monumento, ou não, um monumento é fundamentalmente uma estrutura arquitetónica. Da mesma maneira que um museu não expõe obras de arte em mau estado de conservação, o monumento não pode apresentar-se senão em exímio estado de conservação”, salienta.

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Perante as mudanças na forma como o Estado português gere o seu património, nomeadamente com a extinção da atual Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que dará lugar à empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E., Dalila Rodrigues explica que valoriza a tutela estatal e que, dessa forma, vê “com preocupação a empresarialização de património com tanta importância e significado”. Além disso, defende a lei da autonomia dos monumentos, salienta como é necessário trabalhar na resignificação de certos monumentos, apropriados noutras épocas pelos discursos propagandísticos e que, caso necessário, devolveria obras de arte aos seus países de origem. Para o futuro, diz, é preciso valorizar o património e os seus recursos humanos, gerir com equilíbrio o turismo massificado e compreender as alterações climáticas como um desafio fundamental na preservação patrimonial.

"Os efeitos das alterações climáticas têm que ser mitigados através de um planeamento que considera a intervenção imediata, a curto, médio e longo prazo"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Como é que surge este estudo e qual o seu enquadramento?
Este estudo surgiu na sequência de uma visita de uma delegação dos Estados Unidos através da embaixada em Portugal, que tinha como objetivo perceber de que modo os monumentos nacionais em Portugal tinham sido afetados pela crise pandémica. No âmbito dessa visita, que foi muitíssimo interessante e que permitiu mostrar que o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém tinham sido objeto de transformações importantes do ponto de vista da manutenção e da qualidade da visita durante o período do confinamento, manifestei as minhas preocupações relativas aos efeitos das alterações climáticas nos dois monumentos. Os elementos da embaixada ficaram muito sensibilizados com as transformações ocorridas, as melhorias que foram implementadas no período em que estivemos encerrados, e foram particularmente sensíveis ao meu pedido. Contactaram-me depois por sua iniciativa, no sentido de saberem até que ponto é que estaríamos interessados em tirar partido do programa Embassy Science Fellows. Manifestei o meu absoluto interesse e a equipa da embaixada tratou de encontrar a pessoa certa, ou seja, uma especialista comprovada e muito experiente nesta área, a arquiteta Barbara Judy, que assina a autoria do estudo.

Quando é que este processo começou?
O estudo teve início em setembro deste ano, por um período de três meses, de acordo com o previsto no programa, e posso dizer que cumpriu os seus objetivos, sendo um deles iniciar o intercâmbio entre uma especialista que trabalha para o Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos e a equipa do Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Barbara Judy tem dirigido património costeiro sujeito aos efeitos das alterações climáticas e, portanto, além de ser uma especialista na área, tem uma experiência de gestão do património muito relevante e coincidente com as exigências destes dois nossos tão importantes monumentos.

Este estudo é focado nos dois monumentos. Que conclusões é que apresenta?
Desde logo, o estudo tem uma importância pela partilha de experiências e pelos conhecimentos científicos e técnicos que Barbara Judy generosamente disponibilizou. Por isso mesmo, a primeira importância do estudo é o seu papel formativo da equipa, na qual obviamente me incluo. Todos nós aprendemos ao longo da realização deste projeto e, num primeiro momento, há uma tomada de consciência de que as alterações climáticas e os seus efeitos na preservação dos monumentos, assim como o seu impacto nos visitantes que aguardam em longas filas, não é uma projeção de acontecimentos futuros, mas sim uma realidade que faz parte do nosso quotidiano. Quando falamos das alterações climáticas e do seu impacto em termos patrimoniais, parece que estamos a falar de uma ficção narrativa do futuro e, de facto, algumas pessoas, quando saíram as primeiras notícias, consideraram que a abordagem era sensacionalista e que havia um sentido de dramatismo excessivo associado ao projeto, que a todo o custo deveria ser evitado.

A verdade é que é uma realidade que já causou danos no presente.
Há que tomar consciência de que os efeitos das alterações climáticas têm que ser mitigados através de um planeamento que considera a intervenção imediata, a curto, médio e longo prazo. Há medidas e ações que têm de ser tomadas já e que podem pecar por tardias. Portanto, não existe nenhum sentido de especulação gratuita, pelo contrário. Devemos identificar os problemas e preparar respostas.

"A preservação dos dois monumentos remete para diversos níveis de complexidade. Há medidas que podem e devem ser tomadas de imediato, designadamente o problema do escoamento das águas pluviais e a vulnerabilidade do público quando exposto ao sol e a situações de calor extremo. Há que evitar inundações no Claustro a qualquer custo."

Fala-se, por exemplo, da questão da subida das águas, da ondulação, da humidade e certamente também do salitre. Que aspetos é que são mais identificáveis?
O relatório organiza-se em três capítulos. O primeiro é relativo à segurança e ao bem-estar dos visitantes, ao impacto das temperaturas muito elevadas, sobretudo quando os visitantes aguardam ao sol em longas filas no exterior. Um segundo capítulo, relativo à subida do nível do mar e à ação das ondas, é sobretudo dedicado à situação da Torre de Belém. E um terceiro capítulo, que remete para a necessidade de avaliar as condições das águas subterrâneas e a condição do subsolo. Este capítulo é respeitante ao Mosteiro dos Jerónimos, no sentido em que a sua proximidade do rio, quando o edifício foi construído, há mais de 500 anos, era diferente da atual. Não podemos esquecer que em 1858 teve lugar um aterro que afastou o Mosteiro dos Jerónimos do rio Tejo. Com a subida do nível do mar, ou seja, com as questões identificadas no capítulo anterior, verifica-se uma saturação do subsolo. Embora não haja indicação de qualquer problema nas fundações do Mosteiros dos Jerónimos, com base na observação visual, a capacidade dos solos do mosteiro para absorver águas pluviais parece comprometida, pode ler-se no relatório. À medida que os solos que sustentam a fundação dos edifícios ficam saturados, a sua capacidade de suporte diminui, comprometendo a estabilidade estrutural do edifício. A questão das águas subterrâneas está a marcar as grandes obras levadas a cabo pela Câmara Municipal de Lisboa. Ora, estes dois monumentos devem ser incluídos no contexto dos estudos e dos trabalhos de engenharia que venham a ser realizados no âmbito proteção da zona ribeirinha. Atualmente, a Administração do Porto de Lisboa (APL) tem responsabilidades na manutenção da envolvente da Torre de Belém, no que respeita ao rio, devendo retirar a areia, enquanto a Câmara Municipal de Lisboa tem responsabilidades de manutenção na envolvente norte, correspondente aos degraus da bacia de retenção de água e ao jardim.

É necessário um trabalho em rede.
Há uma colaboração institucional que é absolutamente imprescindível para desenvolver estudos e para concretizar a mitigação dos riscos.

À luz destes três capítulos, identificaram-se soluções?
O relatório está estruturado nos três capítulos que referi, mas podemos organizar as temáticas em dois capítulos. Um primeiro grande capítulo, identifica a vulnerabilidade dos dois monumentos, os efeitos das alterações das condições climáticas, e indica tratamentos e estudos a efetuar, ou seja, diz respeito à preservação patrimonial. Um segundo capítulo diz respeito aos visitantes, identificando problemas de bem-estar e de segurança e soluções de mitigação a adotar. O relatório identifica o modo como as alterações climáticas à escala global assumem expressão local, no território de Belém. Ou seja, de que modo as condições meteorológicas atuais, tanto no que diz respeito às temperaturas elevadas como à existência de tempestades com chuvas torrenciais, se expressam no território de Belém, e de que modo é que essas condições afetam os monumentos e os seus milhares de visitantes diários.

E tiram-se daí conclusões?
No ano passado, em dezembro de 2022, quando as inundações assumiram expressão no território de Alcântara, a intensidade das chuvas no Mosteiro dos Jerónimos provocou uma inundação do piso inferior. As gárgulas de que o edifício está dotado para o afastamento da água não têm estrutura para aguentar a intensidade das chuvas. Por sua vez, as chuvas foram tão intensas e prolongadas que se esgotou a capacidade de absorção do solo, não evitando a inundação. Estas alterações das condições meteorológicas remetendo para situações extremas requerem medidas preventivas de escoamento das águas pluviais com algerozes e estruturas com outra capacidade. No Claustro e nas suas dependências anexas não temos delicados tesouros artísticos, apenas na Igreja. O Mosteiro dos Jerónimos é um monumento com uma grande capacidade de resistência, mas, por outro lado, preocupa-nos a vulnerabilidade da Torre de Belém. É certo que foi construída sobre um afloramento de basalto, mas como uma estrutura defensiva com funções militares e não como uma estrutura musealizada. Os vãos que antes proporcionavam o tiro rasante foram transformados em janelas com caixilharia e vidros; está dotada de sistema elétrico, de segurança e de todos os dispositivos museográficos incompatíveis com a subida do nível do mar e com a ação das ondas.

"É necessário perceber que o sistema construtivo da Torre de Belém estava adaptado a um sistema natural que, entretanto, sofreu alterações."

Manuel Almeida/LUSA

Neste caso, a musealização trouxe novos desafios.
A musealização da Torre de Belém, ocorrida no século XX, representa hoje um conjunto de desafios do ponto de vista da gestão. Evocar a sua localização no rio e a sua função primitiva como capital argumentativo para defender a sua capacidade de resistência e subvalorizar os efeitos das alterações climáticas, alegando que a torre tem uma vocação marítima, é um erro. Trata-se de um monumento cuja história ultrapassa já os 500 anos e que sofreu transformações. É necessário perceber que o sistema construtivo estava adaptado a um sistema natural que, entretanto, sofreu alterações. Por sua vez, há que atender ao impacto da entrada dos cruzeiros, à ondulação constante decorrente, por exemplo, de atividades náuticas desportivas, entre outros fatores e alterações identificadas no sistema natural cujos efeitos se fazem sentir e para os quais é necessário um conjunto de respostas.

São propostas formas de mitigação?
Sim, desde logo, ações de conservação. O relatório sugere o projeto de uma estrutura que receba o primeiro impacto da força das ondas, no caso da Torre de Belém. É uma recomendação que será consolidada com o desenvolvimento de estudos de engenharia. Trata-se de uma barreira a desenhar e a construir futuramente, que possa mitigar o risco e contribuir para a preservação do monumento.

Há sempre a necessidade de obras de futuro?
Obras de manutenção e de conservação, sim. O relatório indica algumas ações de mitigação que temos vindo a implementar, e vem identificar e legitimar cientificamente outras.

O estudo carrega um alerta e um foco sobre, mas também preconiza uma visão para o futuro?
A preservação dos dois monumentos remete para diversos níveis de complexidade. Há medidas que podem e devem ser tomadas de imediato, designadamente o problema do escoamento das águas pluviais e a vulnerabilidade do público quando exposto ao sol e a situações de calor extremo. Há que evitar inundações no Claustro a qualquer custo. Mas o relatório também preconiza o desenvolvimento de estudos mais profundos para a identificação das vulnerabilidades e para o planeamento de respostas de tratamento, que implicam obras de engenharia, como referi, designadamente a análise do subsolo na frente e fundações do Mosteiro dos Jerónimos. Devo referir que estão a ser realizados estudos neste momento, pelo LNEC, no âmbito das obras de requalificação do Museu Nacional de Arqueologia. Já contactei a equipa no sentido de obter colaboração.

Além da preservação, levanta-se a problemática relativa aos visitantes.
O primeiro capítulo do relatório diz respeito aos visitantes, desde logo à importância da visita no cumprimento da nossa missão. Tal como diz Barbara Judy, o modo como a história de Portugal se pode contar a partir destes dois monumentos não pode ser afetado. A autora do estudo escreve o seguinte: “A visita é fundamental para garantir às instituições patrimoniais o desempenho do seu papel na prestação de um serviço público permanente e qualificado”. A História de Portugal tem nestes dois monumentos referências essenciais, razão pela qual a visita deve permitir a cada visitante uma experiência positiva e focada nessa dimensão. Refira-se que o Mosteiro dos Jerónimos, ao longo deste ano, está com uma média de 6.600 visitantes por dia.

"A abertura ao público [da Torre de Belém] deverá ser condicionada às condições meteorológicas. É preciso ter em conta que trabalha ali uma equipa, em permanência, e que enfrenta condições adversas extremas. Além disso, no período das tempestades, com uma ondulação intensa e com maré alta, os visitantes são apanhados desprevenidos, dentro e fora, quando aguardam na fila, sendo a sua segurança um motivo de preocupação."

Turismo que também tem impacto na conservação dos monumentos, certo?
A procura turística massificada tem aspetos positivos e aspetos negativos, como se salienta no relatório. Os aspetos positivos dizem respeito ao interesse dos visitantes pelos monumentos, pelas suas caraterísticas histórico-artísticas. Os aspetos negativos respeitam à circunstância de a visita poder traduzir-se numa péssima experiência. Desde logo, pela espera em filas longas e em condições climáticas adversas. O plano de segurança define um número máximo de pessoas em permanência no interior dos monumentos. E o rigoroso cumprimento desses planos, que não eram respeitados, foi uma primeira preocupação quando iniciei funções, em maio de 2019. Os dois monumentos não tinham então controlo do número máximo de pessoas no interior, encontrando-se os espaços totalmente lotados. Os vendedores ambulantes, por sua vez, acompanhavam os visitantes até à entrada, no portal sul. Esta situação caótica era insustentável e foram tomadas medidas de controlo do acesso nos dois monumentos. Em agosto de 2019 a situação ficou normalizada nos dois monumentos, respeitando-se o número máximo de pessoas no interior e sem filas no passadiço.

Estamos a falar da Torre de Belém.
Sim, na qual, por razões de segurança, podem estar 60 pessoas em simultâneo. Como a visita é rápida, a média ultrapassa 1.000 visitantes por dia.

No caso do Mosteiro dos Jerónimos?
No caso do Mosteiro dos Jerónimos, o máximo em simultâneo é de 300 pessoas no claustro e 200 pessoas na igreja. Temos capacidade de garantir a visita em simultâneo a 500 pessoas. A visita é rápida, também porque as medidas que foram tomadas por razões sanitárias, durante a pandemia, foram transformadas em medidas de preservação patrimonial. Ou seja, a necessidade de não tocar no monumento por questões de saúde manteve-se por razões de preservação. O percurso passou a ser de sentido obrigatório. Os bancos e outras estruturas que antes eram usadas passaram a ter acesso reservado. Os visitantes passaram a contemplar o centro verde do claustro, mas não a entrar nele. A procura turística que ultrapassa as capacidades de acolhimento dos monumentos constitui um problema, porque, evidentemente, preocupa-nos o bem-estar e a saúde dos visitantes que esperam em longas filas. As medidas indicadas no relatório correspondem a soluções diversas e possíveis, que estão a ser adotadas noutros sítios com procura turística massificada, como a Acrópole de Atenas, que já declarou a iminência do encerramento por períodos coincidentes com temperaturas muito elevadas.

Isso pode ser uma evidência para um destes dois monumentos?
Penso que a Torre de Belém não pode continuar a garantir funcionamento em permanência. A abertura ao público deverá ser condicionada às condições meteorológicas. É preciso ter em conta que trabalha ali uma equipa, em permanência, e que enfrenta condições adversas extremas. Não existe um pórtico para o controle e validação dos bilhetes no início do passadiço, o que significa que, permanentemente, três pessoas estão expostas ao sol, a temperaturas elevadas, a ventos fortes, a chuvas torrenciais. Enfrentam a adversidade com muita coragem e resistência, devo dizer, mas não são condições de trabalho aceitáveis. Além disso, no período das tempestades, com uma ondulação intensa e com maré alta, os visitantes são apanhados desprevenidos, dentro e fora, quando aguardam na fila, sendo a sua segurança um motivo de preocupação.

E no Mosteiro dos Jerónimos?
Existem longas filas quase permanentemente, como qualquer observador pode ver. Aqui, os visitantes enfrentam a exposição ao sol e o calor extremo, sem qualquer estrutura de sombreamento que as proteja. E quando as chuvas torrenciais surpreendem uma fila extensa, são centenas de visitantes que, em simultâneo, procuram abrigar-se no interior da igreja, exercendo uma pressão para a qual não temos resposta. Há ações de mitigação que é urgente implementar.

"A requalificação do espaço fronteiro ao Mosteiro dos Jerónimos, desde que assumi funções, assume prioridade, também pela venda ambulante, turismo e os dispositivos móveis"

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Por via de criação de estruturas de sombreamento?
A plantação de uma linha de árvores de folha caduca e de porte adequado ao sombreamento dos visitantes é uma prioridade. Nas fotografias de meados do século XIX e em desenhos mais antigos pode ver-se essa linha de árvores, paralela à fachada sul. Considero que essa solução deve ser retomada. Por outro lado, a própria vulnerabilidade patrimonial do Mosteiro dos Jerónimos, designadamente o seu magnífico Portal Sul, que é uma obra-prima da arquitetura e da escultura, tem de ser ponderada. Exigências de preservação fizeram com que, desde 2020, depois da reabertura pós confinamento, o Portal Sul passasse a estar protegido, como uma peça museológica, dotada de baias, que são colocadas nas primeiras horas da manhã, mas retiradas à noite. O Mosteiro dos Jerónimos teve até a década até 1940, uma proteção por gradeamento ao longo da fachada sul, com uns pilaretes neomanuelinos, que hoje deveriam proteger o monumento das inúmeras ameaças a que está sujeito. Penso que deve ser repensada a possibilidade de recolocação de um gradeamento semelhante, tendo por base a ampla documentação fotográfica disponível.

Mas há mais alguma solução pensada?
Remover o asfalto no espaço imediato e paralelo à fachada sul, que absorve e irradia calor, é uma prioridade, desde logo por razões de valorização do monumento. Este asfalto tem que ser substituído por uma solução de pavimento que permita ao Mosteiro dos Jerónimos cumprir a sua missão, designadamente as funções de local de representação do Estado. As visitas de Estado, com honras militares, e uma série de acontecimentos com edição anual, de um modo geral realizadas pelas Forças Armadas, têm lugar neste espaço fronteiro ao monumento, o que decorre do seu capital simbólico e do facto de ser “o monumento dos monumentos portugueses”. Do meu ponto de vista, deve ser preservada essa função e não faz qualquer sentido que, tal como aconteceu no passado, que aqui tenham lugar eventos desportivos como o Rali de Portugal ou o Paris-Dakar. Essa tipologia de eventos, que deve ser interdita, justificava o pavimento em asfalto, altamente desqualificado para este local.

Nessa zona de asfalto havia também charretes.
Uma das presenças neste espaço fronteiro ao monumento que mais me perturbou quando assumi funções  foi justamente a presença de cavalos e charretes em frente ao portal sul, expostos ao sol e ao comportamento térmico do asfalto. O negócio tem uma licença de uso do espaço público da Junta de Freguesia, porque, em 2011, o IGESPAR autorizou a sua permanência em frente ao portal sul, dentro do perímetro de segurança que depois veio a ser definido. Em vão tentei que a DGPC revogasse esta declaração de autorização do IGESPAR, o organismo que a antecede. São incontáveis os ofícios, os e-mails, o recurso a mensagens, o pedido de reuniões para a relocalização deste negócio. O mais que consegui foi que os cavalos e as respetivas charretes ficassem fora do perímetro, mas mantêm-se os animais sem qualquer segurança e sem sombreamento.

Foram tomadas medidas em relação a ruídos visuais e urbanos?
Os planos de segurança futuros dos monumentos devem ser cada vez mais abrangentes na diversidade dos riscos que têm de calcular. Não apenas o terrorismo nas suas diversas expressões, mas também os efeitos das alterações climáticas. Perante a complexidade das exigências, terá que haver respostas profundamente ponderadas. E a requalificação deste espaço fronteiro ao Mosteiro dos Jerónimos, desde que assumi funções, assume prioridade, também pelo modo como a venda ambulante, os passeios turísticos a cavalo e a presença de dispositivos móveis, trotinetes e bicicletas abandonadas, afetam a boa imagem do monumento e perturbam a circulação dos visitantes.

Há mais medidas que defende?
Uma outra medida fundamental, que a tutela há muito deveria ter implementado, é o recurso a um sistema centralizado na venda dos bilhetes. Atualmente, é possível obter bilhetes a partir de diversos meios para o acesso à Torre de Belém e ao Mosteiro dos Jerónimos, mas sem marcação prévia, sem controlo de dia e hora. As agências que operam na internet e a venda online pela própria DGPC são recursos habituais, mas sem marcação prévia. Por sua vez, os bilhetes em quantidade, para grupos, têm a validade de um ano. É importante que se diga que o sistema centralizado de vendas é urgente, mas que não evita a formação de filas, porque estas resultam de uma procura espontânea.

"O Mosteiro dos Jerónimos e a Torre do Belém foram apropriados como ícones dos Descobrimentos portugueses, num discurso de auto-glorificação que é necessário rever criticamente. Os Descobrimentos correspondem a um período importante da História de Portugal que deve ser visto e analisado de forma contemporânea, nas suas múltiplas expressões e significados."

Os bilhetes para os dois monumentos são diferentes. Defenderia um bilhete para visitar ambos?
Em tempos já existiu, mas penso que não é desejável, porque as condições de funcionamento da Torre de Belém, pelas razões que já indiquei, são, apesar de tudo, mais restritivas do que as do Mosteiro dos Jerónimos. O problema no Mosteiro dos Jerónimos é que os visitantes, quando adquirem um bilhete, pensam que o estão a fazer para o claustro e para a igreja, que efetivamente não fazem parte do mesmo circuito de visitas. São duas realidades patrimoniais com tutelas diferentes. O claustro foi secularizado em 1933, sendo propriedade do Estado, enquanto a igreja está na concordata desde 1940, afeta permanentemente ao serviço religioso.

Isso não constitui um problema para quem dirige?
Penso que a igreja é demasiado importante, do ponto de vista histórico e artístico, para não ser fruída pelos visitantes. Mas devo dizer que defendo o fim da gratuitidade da sua visita patrimonial por milhares de turistas — além do serviço religioso, por razões de sustentabilidade. Estimava-se que a igreja fosse visitada 3 a 4 vezes mais do que o claustro antes da pandemia. O que temos vindo a verificar é que o claustro, não obstante o bilhete inteiro ter passado de 10€ para 12€, recentemente, tem uma procura superior à da igreja, que é gratuita. A tentativa de incluir a visita à igreja no percurso do claustro é absolutamente impraticável, porque a igreja não tem capacidade de escoamento dos fluxos de público que visitam o claustro. É fundamental, por questões de sustentabilidade, acabar com a gratuitidade, mas retendo e reinvestindo a receita em ações de conservação e na ação social da Paróquia.

Seria proveitoso que a autonomia do edifício fosse total em termos de gestão?
Se tivéssemos uma autonomia total, privávamos a tutela da sua grande fonte de receita. Mas se a receita proveniente da cobrança de bilhete na igreja for reinvestida em obras de conservação e na obra social da Paróquia, é o ideal, porque estamos a promover práticas de sustentabilidade. E trata-se de pôr em prática a da função social do património.

Este estudo das alterações climáticas peca por tardio?
Do ponto de vista da Torre do Belém e do Mosteiro dos Jerónimos, não identifico nenhuma perda patrimonial que decorra, até ao presente, dos efeitos das alterações climáticas. Constatei que é urgente conhecer os riscos, identificar as vulnerabilidades e adotar medidas de mitigação.

É um alerta para o presente e futuro?
Sem dúvida. Ter a consciência de que os efeitos das alterações climáticas estão a acontecer é prioritário, e este estudo assinala-o bem.

Dirige os dois monumentos mais visitados deste país. Que balanço é que faz desde que está à frente destas entidades?
Cada instituição patrimonial tem a sua identidade. A Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, por razões históricas, fazem parte do mesmo empreendimento de D. Manuel I. Foram construídos com funções diferentes, mas no mesmo território e em articulação. A Torre de Belém serviu para defender a cidade de Lisboa, mas, em primeiro lugar, a comunidade dos frades Jerónimos que aqui se estabelecia. A Torre de Belém, de resto, assinalava a fronteira ocidental da cerca do Mosteiro dos Jerónimos, fazendo correspondência com a capela de São Jerónimo, localizada ao cimo da Avenida da Torre. A experiência de direção de dois monumentos com tanta necessidade de preservação e complexidade resultante da procura turística massificada permite afirmar que este é um dos cargos mais exigentes de todo o meu percurso.

"Há medidas que podem e devem ser tomadas de imediato, designadamente o problema do escoamento das águas pluviais e a vulnerabilidade do público quando exposto ao sol e a situações de calor extremo"

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

E enfrentou também a pandemia.
A pandemia, apesar de tudo, permitiu tempo para poder planear e executar uma série de ações de melhoria que se traduziram de imediato na valorização dos monumentos e na qualidade da visita.

Revitalizou estes espaços do ponto de vista turístico, mas essa mesma procura massificada também é, certamente, um desafio permanente.
A procura turística massificada exige meios de que não disponho. Desde logo, uma componente tecnológica que sirva a mediação de conteúdos e a informação dos visitantes em aspetos práticos. O investimento nesta frente é uma prioridade. A possibilidade de disponibilizar aos turistas informação através de uma web app quando estão na fila, porque o período de espera pode ser rentabilizado e permitir leituras, a partir dos espaços fronteiros, das caraterísticas arquitetónicas, de informação histórica e artística. Portanto, a perda de oportunidade resulta da fragilidade ou da inexistência de meios. Este ano conseguimos dotar os dois monumentos de câmaras de lotação que fazem uma leitura permanente das entradas e saídas. Trata-se de uma tecnologia muito desenvolvida e aplicada no período da pandemia, por razões sanitárias, relativa à lotação do espaço, mas a verdade é que são importantíssimos instrumentos de gestão da afluência e da segurança do público visitante.

Como é que foram pensados do ponto de vista museológico?
Ambos os monumentos foram reprogramados e os circuitos de visita alterados. Os visitantes acediam ao claustro do Mosteiro dos Jerónimos por um corredor secundário, passando primeiro junto às instalações sanitárias, e viam o claustro, num primeiro momento, a partir do piso inferior. Após a pandemia, os turistas passaram a entrar no Mosteiro dos Jerónimos pela sua escadaria monumental; têm um primeiro encontro com as obras de arte alusivas a São Jerónimo e o primeiro contacto visual com o claustro define-se a partir do ângulo de visão que mais o favorece, isto é, o piso superior junto ao canto-tribuna desenhado por João de Castilho.

Existe também o desafio de aumentar as equipas, em termos da gestão de recursos humanos?
No período de confinamento, estivemos permanentemente em contacto. Tínhamos reuniões online quase diárias e aproveitei esse período para realizar algumas ações de formação. Foi muito importante para trabalhar o espírito de equipa e, de alguma forma, os conhecimentos técnicos e histórico-artísticos com os vários elementos da equipa. Em situação normal, o trabalho é muito exigente. Somos uma equipa muito reduzida em número; em termos quantitativos, os monumentos deveriam ter o dobro das pessoas que aqui trabalham atualmente.

Os monumentos estão incluídos no PRR. Como é que estão a decorrer essas obras?
Em termos de conservação e restauro, daqui a dois ou três anos, ambos os monumentos estarão muito valorizados, tanto os alçados exteriores, como os interiores, através de trabalhos que se vão refletir, também, na qualidade da visita.

Sente que, desde 2019, já cumpriu os desígnios para os quais se tinha comprometido?
Numa primeira fase procurei libertar os dois monumentos de todo o tipo de adições e de dispositivos obsoletos, reprogramá-los e valorizá-los de um ponto de vista patrimonial. Em 2020, iniciámos práticas ecológicas de conservação do claustro, com resultados excecionais. Nunca tinha dirigido um monumento até ao momento em que tive a oportunidade de o fazer aqui e essa circunstância obrigou-me a encontrar um pensamento para o exercício das minhas funções. Enquanto um museu é essencialmente uma coleção de obras de arte, que pode estar contida num monumento, ou não, um monumento é fundamentalmente uma estrutura arquitetónica. Da mesma maneira que um museu não expõe obras de arte em mau estado de conservação, um monumento não pode apresentar-se senão em exímio estado de conservação. Este é um princípio fundamental do qual decorre um conjunto de ações de conservação.

"É fundamental assumir o imperativo da restituição de bens apropriados, independentemente das condições da sua receção. Não podemos continuar a exercer um poder tutelar sobre os locais de proveniência indevida das peças, seja quais forem as condições do seu acolhimento."

São monumentos com forte simbolismo nacional.
Sim, e da mesma forma que um monumento é uma referência fundamental da História de Portugal, devendo ser valorizando como testemunho histórico e artístico de uma determinada época, é importante, no modo como estruturamos um pensamento patrimonial contemporâneo, pensar estes monumentos a partir de uma dupla perspetiva: por um lado, enquanto testemunhos históricos e artísticos, que mobilizam a história da arte e da arquitetura; por outro, são edifícios institucionalizados e patrimonializados, abertos à procura turística e, nessa dimensão, dependentes das nossas ações de preservação e também de mediação. O mais importante na gestão do Património é conservar e pugnar pela segurança. É fundamental desenvolver ações permanentes de conservação nestes dois monumentos. Mas é importante valorizá-los também do ponto de vista da sua organização e da qualidade das suas museografias. Dou importância às peças de sinalética, ao rigor com que orientam e informam o público, ao seu design que deve ser absolutamente irrepreensível. Valorizo a equipa, que deve ser qualificada e estar devidamente identificada.

Estamos numa zona especialmente importante do país, Belém, onde há património importante do ponto de vista do seu significado na História de Portugal. Há uma necessidade de ressignificá-lo de alguma maneira para que esteja mais próximo daquilo que também são questões de debate atual, nomeadamente do passado colonial português?
Sem dúvida. O Mosteiro dos Jerónimos e a Torre do Belém foram apropriados como ícones dos Descobrimentos portugueses, num discurso de auto-glorificação que é necessário rever criticamente. Os Descobrimentos correspondem a um período importante da História de Portugal que deve ser visto e analisado de forma contemporânea, nas suas múltiplas expressões e significados. Do mesmo modo, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos não se esgotam na relação com um período da História de Portugal, o seu significado e interesse vão muito além disso. Sendo a materialização de outras realidades, essa conexão limita muito as suas possibilidades de significação e de entendimento. A historiografia e os discursos do Estado Novo de auto-glorificação patriótica à luz dos Descobrimentos portugueses acabaram por limitar e ritualizar o discurso.

No entanto, à frente do Mosteiro, no Jardim do Império, a remodelação gerou polémica.
Na intervenção recente, ocorrida na Praça do Império, apresentam-se plantas e flores existentes na decoração escultórica do Mosteiro dos Jerónimos. Penso que esse levantamento ocorreu no âmbito de um projeto de investigação realizado há cerca de 20 anos, e o objetivo que o inspirou terá sido o de identificar espécies exóticas que fundamentassem a ligação do Mosteiro dos Jerónimos com os Descobrimentos. Finalmente, chegou-se à conclusão que as espécies aqui representadas nada devem ao pretenso exotismo decorrente dos Descobrimentos, sendo maioritariamente exemplares cujo significado tem um alcance religioso. Já os brasões que foram passados a calçada portuguesa correspondem a uma ficção e a uma ousadia incompreensível, desde logo porque os que existiam antes da intervenção estavam limitados a uma área específica da praça e eram de outra natureza e tipologia.

Em momento algum foram consultados sobre essas intervenções?
Sim, a arquiteta paisagista responsável contactou-me no sentido de que a sua equipa pudesse aceder ao claustro, o que evidentemente foi autorizado sem qualquer restrição.

"Será possível a cada um dos diretores atuais concorrer. Mas não são conhecidos os critérios do concurso. Mas tenho uma carreira académica e não terei qualquer resistência a mudar de vida"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Por questões de reposição histórica, se tivesse que devolver peças a países de origem, qual seria a sua opinião?
Devolvê-las-ia.

Porquê?
É fundamental assumir o imperativo da restituição de bens apropriados, independentemente das condições da sua receção. Não podemos continuar a exercer um poder tutelar sobre os locais de proveniência indevida das peças, seja quais forem as condições do seu acolhimento.

Há uma nova entidade que vai gerir o património, sendo que se extingue a DGPC. Esta mudança de cenário motiva alguma reflexão?
Relativamente à mudança iminente do enquadramento jurídico-administrativo dos museus, monumentos e palácios, estou expectante. Trata-se de uma entidade pública empresarial e eu valorizo a tutela estatal plena do património. Vejo com preocupação a empresarialização de património com tanta importância e significado. Acreditei na lei da autonomia dos museus, publicada a 5 de junho de 2019. Do meu ponto de vista, esta lei corresponde à decisão legislativa mais interessante, nesta área, ocorrida nas duas últimas décadas. A pandemia, por um lado, o peso e a inoperância de uma direção-geral, por outro, encarregaram-se de não permitir que esta lei tivesse os efeitos práticos previstos.

Porque é que essa lei era importante?
A lei da autonomia permitia finalmente aos museus, monumentos e palácios a retenção da receita gerada, configurando a imprescindível disponibilidade de meios de gestão, através da autonomia financeira. Claro que a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, sendo a fonte de receita da direção-geral que tutela os outros museus, monumentos e palácios, não poderia reter a totalidade da receita que gera. Mas estava consignado o princípio da solidariedade e, assim, o remanescente seria distribuído pelos museus, monumentos e palácios cuja receita ficasse aquém das necessidades orçamentais. A abertura de concursos para diretores com uma previsão de dotação orçamental para cada museu, monumento e palácio, mas insignificante, resulta dessa lei de 2019. Ao Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém foi atribuído o montante anual de 126.000€ para atividades de programação.

Não houve aumento dessa dotação?
Não só não houve aumento, como os serviços centrais não foram céleres na execução desse montante.

Daqui por um ano termina o seu mandato. Quais são as suas expetativas?
Terminam todos os mandatos porque esta alteração legislativa, a extinção da DGPC e a criação da EPE, implica que todos os atuais dirigentes sejam exonerados de funções, ficando a exercer o cargo apenas enquanto não forem nomeados novos diretores. É evidente que será possível, a cada um dos diretores atuais, concorrer. Mas não são conhecidos os critérios do concurso. De qualquer forma, tenho uma carreira académica e não terei qualquer resistência a mudar de vida.

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