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Italy v Switzerland - UEFA Euro 2020: Group A
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Se ganhar o Europeu este domingo, o médio italiano é o grande favorito para conquistar a próxima Bola de Ouro

Getty Images

Se ganhar o Europeu este domingo, o médio italiano é o grande favorito para conquistar a próxima Bola de Ouro

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Jorginho, Kane e os que ficaram pelo caminho. Como o Euro 2020 pode acabar por valer a Bola de Ouro

Com Ronaldo, Lewandowski, De Bruyne e Kanté fora do Europeu de forma precoce, Jorginho e Kane tornaram-se os favoritos na corrida à Bola de Ouro — mas tudo depende da final. Pelo meio, ainda há Messi.

Pela primeira vez em mais de uma década, não existe um nome óbvio na corrida à Bola de Ouro. A dinastia de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi parece estar a um passo do fim, a época dura e exigente destacou mais os coletivos do que as individualidades e só o Euro 2020 veio dar um abanão nas contas. Ou complicar as contas.

Na véspera de Inglaterra e Itália decidirem quem conquista o Campeonato da Europa, o vencedor da próxima Bola de Ouro também pode ficar decidido. Jorginho e Harry Kane, por tudo o que também fizeram nos respetivos clubes, são os grandes favoritos — mas para isso precisam, essencialmente, de ganhar o Europeu. Cristiano Ronaldo veio para casa cedo de mais, De Bruyne e Lukaku tiveram o mesmo destino e Lewandowski perdeu um comboio que nem sequer abriu as portas. E depois há Messi.

Ballon D'Or Ceremony At Theatre Du Chatelet : Inside Ceremony In Paris

Messi foi o último a ganhar a Bola de Ouro, em 2019, e sucedeu a Luka Modric

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Jorginho, o improvável que pode acabar a ganhar a Liga dos Campeões e o Campeonato da Europa na mesma época

O médio italiano é o nome mais improvável da lista — assim como o nome com que parte com mais força na corrida à Bola de Ouro. Jorginho, o italiano que nasceu em Imbituba, no Brasil, fez 43 jogos pelo Chelsea ao longo da temporada, marcou oito golos e conquistou a Liga dos Campeões. No Euro 2020, foi titular em todas as partidas de Itália e é praticamente totalista, já que só falhou o quarto de hora final contra o País de Gales por ter sido substituído por Cristante. Na meia-final contra Espanha, na decisão por grandes penalidades, converteu o último penálti com uma classe e tranquilidade que o colocaram nas bocas do mundo. Por tudo isso, se Itália for mesmo campeã da Europa, o nome do médio de 29 anos salta para o topo das possibilidades.

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Jorginho é uma escolha à prova de bala. Sem ser consensual, até porque não faz parte da chamada elite do futebol europeu, o jogador italiano é titular na equipa que conquistou a maior prova continental de clubes e poderá ser titular na equipa que conquistou a maior prova continental de seleções. O médio chegou ao Chelsea em 2018 e vindo do Nápoles (a troco de 58 milhões de euros), muito por influência de Maurizio Sarri, que realizou exatamente o mesmo percurso, e teve sempre uma utilização muito regular de lá para cá. Esteve na porta de saída dos blues no início da época, principalmente porque o clube queria alcançar um encaixe financeiro estratégico que permitisse a contratação de Declan Rice, mas acabou por ficar e tornar-se um ativo importante tanto para Frank Lampard como para Thomas Tuchel.

Jorginho foi proibido de viajar, o agente enganou-o e viveu com 20 euros por semana. Pensou desistir. Hoje, manda no futebol

Nascido no Brasil, no estado de Santa Catarina, Jorginho começou a jogar futebol por influência da mãe e foi também por ela que nunca desistiu. E esteve perto, em duas ocasiões. Com apenas 15 anos, já tinha vencido duas Ligas dos Campeões à sua maneira: depois de se destacar num torneio local, foi detetado com mais um par de jovens por um empresário que lhe prometeu mundos e fundos com uma ida para Itália, terra do avô. Todavia, aquilo que parecia um sonho não demorou a tornar-se num pesadelo, em dois momentos diferentes.

Jorginho é uma escolha à prova de bala. Sem ser consensual, até porque não faz parte da chamada elite do futebol europeu, o jogador italiano é titular na equipa que conquistou a maior prova continental de clubes e poderá ser titular na equipa que conquistou a maior prova continental de seleções.

Quando os miúdos daquela escola de formação se preparavam para embarcar para terras transalpinas, o médio foi o único que não saiu do Brasil por ser menor e não ter uma autorização assinada pelo pai como está previsto na legislação brasileira. “Não conseguia acreditar… Chorei muito, porque, obviamente, o primeiro pensamento quando algo assim acontece é: ‘Será que eu vou conseguir?’. Fiquei com medo de eles mudarem de ideias e não me deixarem mais participar dos testes. Não foi fácil para mim ver todos os meus amigos viajando enquanto eu ficava lá, sem poder fazer nada”, contou. E para piorar ainda a situação, foi recusado nos testes que fez no São Paulo, no Palmeiras e no Internacional. Não desistiu, continuou a acreditar na possibilidade de cumprir o sonho europeu, um mês depois conseguiu viajar mas os problemas não tinham terminado.

“As coisas estavam a correr bem em Itália, em Verona. Comecei a entrar na rotina: treinar, escola, casa, casa, escola, treinar. Foi só isso que fiz durante 18 meses. Tinha 20 euros para viver a cada semana e não podia fazer mais nada porque simplesmente não o podes fazer com essa quantia de dinheiro. Tudo o que fazia era simplesmente treinar e estudar. Foi realmente complicado. O Verona não estava na Serie A na altura, não tinham escalões de jovens, por isso jogava numa equipa de formação chamada Berretti. Foi lá que conheci um brasileiro e fiquei amigo dele. Perguntou-me como estavam a correr as coisas, há quanto tempo estava ali e disse-lhe que estava a viver com 20 euros por semana. Então ele diz-me ‘Espera lá, algo que não bate certo’. Fez alguns contactos e chegou à conclusão de que o meu agente estava a ficar com o dinheiro e não sabia de nada. Naquele momento quis desistir. Fiquei devastado!”, contou em entrevista ao site oficial do Chelsea.

“Liguei para a minha mãe em lágrimas e disse-lhe que queria voltar para casa, que não queria jogar mais. Ela disse-me: ‘Nem penses nisso! Estás tão perto, estás aí há poucos anos. Não te deixo voltar a casa! Tens de ficar aí e ser forte’. Fiquei e continuei a treinar com a primeira equipa e a jogar pelo Berretti. Até que a determinado momento decidi que queria sair por empréstimo. Fui para uma equipa da Série C2, o Sambonifacese. O Verona foi promovido depois à Serie B e, quando voltei, o treinador disse-me que não contava comigo. Contudo, um dos dirigentes que conhecia muito bem lutou por mim e pediu ao treinador para ficar. Em outubro o titular da minha posição lesionou-se e o seu substituto também. O treinador não sabia o que fazer, ou improvisava ou colocava-me. Lançou-me em campo e saiu bem”, acrescentou sobre o momento de viragem na carreira. O resto é história.

Italy v Spain  - UEFA Euro 2020: Semi-final

O penálti decisivo de Jorginho contra Espanha, que acabou por valer o passaporte de Itália para a final, deixou entender a confiança com que o médio está atualmente

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Em três anos no Chelsea, Jorginho ainda só não conquistou a Premier League, mas já disputou finais em todas as competições em que participou. O Professor, como é carinhosamente apelidado em Itália, entregou a carta de apresentação para a corrida à Bola de Ouro com a exibição monstruosa que realizou contra Espanha, onde se tornou a sombra de Pedri. Para trás, fica também uma final da Liga dos Campeões onde foi um dos grandes responsáveis pela incapacidade que o Manchester City teve para chegar a zonas adiantadas.

A possibilidade de Jorginho ser eleito o melhor jogador do mundo recorda 2018, quando Luka Modric conseguiu ganhar o troféu. Nesse ano, Cristiano Ronaldo conquistou a Liga dos Campeões mas foi eliminado nos oitavos de final do Mundial da Rússia e Lionel Messi foi campeão em Espanha mas também saiu do Mundial logo nos oitavos de final. Ou seja, nenhum dos crónicos vencedores tinha argumentos para receber novamente a distinção. A solução foi o jogador que melhor equilibrou as duas vertentes: Modric ganhou a Liga dos Campeões com o Real Madrid e guiou a Croácia até à final do Campeonato do Mundo, onde acabou por perder com França. Este ano, novamente sem nomes óbvios nem destacados, Jorginho pode tornar-se o novo Modric.

Harry Kane, um capitão em busca do que escapa há mais de 50 anos

Ora, se não for Itália a conquistar o Campeonato da Europa e Inglaterra acabar por conseguir vencer o troféu, abre-se a porta à possibilidade de ser Harry Kane a ganhar a Bola de Ouro. Neste cenário, o avançado torna-se o primeiro capitão inglês desde 1966 a conseguir levar a seleção até à conquista de um título e leva na bagagem os quatro golos que já marcou, sendo que ainda pode alargar esse registo na final, ultrapassar Cristiano Ronaldo e ser também o melhor marcador do Euro 2020.

O Professor, como é carinhosamente apelidado em Itália, entregou a carta de apresentação para a corrida à Bola de Ouro com a exibição monstruosa que realizou contra Espanha, onde se tornou a sombra de Pedri.

Com Kane, porém, transparece a ideia de que o avançado está mesmo dependente desse eventual sucesso com a seleção. Ao contrário da realidade de Jorginho, que entrou no Europeu já com uma Liga dos Campeões às costas, o inglês dedicou-se à equipa de Gareth Southgate depois de mais um ano em que o Tottenham falhou todos os objetivos e vai novamente iniciar uma nova época com um novo treinador, um novo projeto e uma nova forma de olhar para o mundo. Do seu lado, porém, tem os registos individuais.

Melhor marcador da Premier, jogador com mais assistências, a bater recordes por Inglaterra: até onde pode chegar Harry Kane?

Harry Kane marcou 33 golos em todas as competições esta temporada, o segundo melhor registo da carreira — marcou 35 em 2016/17, já nos spurs –, e foi novamente o melhor marcador da Premier League, um feito que já alcançou três vezes. A par disso, evoluiu notoriamente a nível coletivo, formando agora uma dupla de sucesso com Son Heung-min, e soma não só golos mas também assistências em praticamente todos os jogos, tendo sido ainda o jogador com mais assistências na liga inglesa (14).

No Euro 2020, Kane ultrapassou Wayne Rooney e tornou-se o segundo jogador inglês com mais golos em fases finais de Europeus e Mundiais, com os mesmos nove golos de Alan Shearer e a um de Gary Lineker. Ao mesmo tempo, o avançado tornou-se o primeiro a bisar pelos britânicos num encontro a eliminar do Europeu. Por fim, passou também a ser o primeiro a marcar em jogos consecutivos depois da fase de grupos da competição.

A conquista do Euro 2020, associada aos golos que marcou durante a época e à capacidade de liderança que mostra tanto com Inglaterra como com o Tottenham, podem torná-lo um favorito na corrida à Bola de Ouro. Algo que, por mais contraditório que pareça, poderá ser negativo para os spurs. Em maio, já depois de José Mourinho ter deixado o comando técnico da equipa, Harry Kane comunicou ao clube inglês que queria seguir para outras paragens — uma decisão que, ainda assim, adiou desde logo para o final da participação de Inglaterra no Campeonato da Europa.

Com passagens pelo Arsenal e pelo Watford nas camadas jovens, o avançado terminou a formação nos spurs e está na equipa principal do clube londrino desde 2009, tendo também cumprido empréstimos ao Norwich e ao Leicester. A partir de 2013/14, tornou-se a referência ofensiva da equipa e construiu a ideia de que é, apesar de todos os outros, o melhor jogador do clube. E esse fardo, engrossado com a ausência prolongada de títulos e a aproximação dos 30 anos, deixa Kane com uma curta janela de oportunidade para ainda sair e tentar ser feliz noutro lado.

England v Denmark  - UEFA Euro 2020: Semi-final

O avançado inglês já marcou quatro golos no Euro 2020 e ainda pode superar Cristiano Ronaldo para se tornar o melhor marcador do Europeu

UEFA via Getty Images

O avançado de 27 anos tentou sair no passado verão, depois da época em que Mourinho substituiu Pochettino, mas o voto de confiança do treinador português e a vontade de voltar a tentar ganhar algum troféu com o Tottenham convenceram-no a ficar. Até porque, de acordo com a imprensa inglesa, Kane assumiu que esse prolongamento do compromisso o deixava numa posição mais confortável para negociar uma eventual saída, este ano, com o presidente Daniel Levy. Algo que, à partida, não está a concretizar-se.

O capitão da seleção inglesa terá então indicado ao Tottenham que quer sair no final da época e que pretende ficar na Premier League, onde Manchester City, Manchester United e Chelsea são os principais interessados, mas não descarta uma ida para Espanha. Nesta conversa, a cúpula dos spurs terá dito a Harry Kane que queria que este terminasse a carreira em Londres, oferecendo até o exemplo de Francesco Totti, o avançado italiano que recusou centenas de propostas em anos consecutivos e nunca saiu da Roma. Mas Totti, ainda que pouco, ganhou com a Roma — e é essa vontade de ganhar que está a empurrar Kane para fora do clube inglês. Apesar de ter contrato até 2024, o jogador não quer acumular temporadas como a que passou, em que o Tottenham perdeu a final da Taça da Liga, foi eliminado nos oitavos de final da Liga Europa e ficou no sétimo lugar da Premier League.

Na altura, a reação oficial do Tottenham às notícias, através de um porta-voz, foi simples: “Temos uma temporada para acabar e queremos terminá-la da melhor forma possível. É nisso que estamos focados”, podia ler-se na nota. Pela frente, Harry Kane terá aquele que é conhecido como um dos negociadores mais ferozes do mercado do futebol, o presidente Daniel Levy, e um processo complexo e atribulado por onde já passaram Berbatov, Modric, Bale e Eriksen. Todos eles, contudo, conseguiram o que queriam — sair. Para o Tottenham, porém, a saída de Kane significa algo diferente. Significa que o capitão de equipa, o melhor jogador do clube, o símbolo do emblema, já não acredita no potencial das cores que representa. E uma Bola de Ouro só o deixaria ainda mais desenquadrado do que já está com as ambições dos spurs.

A conquista do Euro 2020, associada aos golos que marcou durante a época e à capacidade de liderança que mostra tanto com Inglaterra como com o Tottenham, podem torná-lo um favorito na corrida à Bola de Ouro. Algo que, por mais contraditório que pareça, poderá ser negativo para os spurs.

Os que foram para casa cedo demais, desde Lewandowski a Kanté, passando pelos belgas

Tal como acontece na vida, os desenvolvimentos do universo do futebol também não acontecem sempre da forma mais simples ou mais favorável. Na época passada, quando a France Football decidiu não atribuir a Bola de Ouro devido à pandemia, o potencial vencedor era certo e sabido: Robert Lewandowski, que só encontrou algum consolo no prémio The Best. O avançado polaco tinha sido o melhor marcador da Bundesliga, tinha conquistado a liga alemã, tinha conquistado a Liga dos Campeões e tinha realizado uma temporada que não encontrava par em mais ninguém. Este ano, as contas complicaram-se.

Lewandowski foi novamente o melhor marcador da Bundesliga, com uns impressionantes 41 golos, e bateu o recorde de golos na liga alemã, que era de Gerd Müller e que durava há 50 anos. Em todas as competições, chegou aos 48, números que ficaram bem longe de qualquer concorrência. Ainda assim, falhou em duas vertentes: o Bayern Munique foi eliminado da Liga dos Campeões pelo PSG, logo nos quartos de final, e a Polónia não passou da fase de grupos do Euro 2020. A seleção orientada por Paulo Sousa não conseguiu ganhar nenhum jogo, somou apenas um ponto e não atingiu qualquer objetivo na competição.

Lewandowski foi The Best porque foi melhor. Mas há mais quatro razões para Ronaldo não ter ganho

Por mais injusto que seja, não só por tudo o que fez na época passada como pelo camião de golos que marcou já esta temporada, fica a ideia de que o comboio de oportunidade de Lewandowski passou sem o levar na carruagem. Com Itália e Inglaterra na final e dependendo do resultado do jogo decisivo, tanto Jorginho como Harry Kane parecem estar numa posição bem mais favorável na corrida à Bola de Ouro. O avançado polaco será, para sempre ou até um dia em que aconteça, o melhor jogador que nunca foi eleito melhor jogador do mundo.

Sweden v Poland - UEFA Euro 2020: Group E

Lewandowski não foi além da fase de grupos do Euro 2020, já que a Polónia de Paulo Sousa não conseguiu sequer ganhar um jogo

NurPhoto via Getty Images

Mas tal como Lewandowski, que viu o Euro 2020 sentenciar-lhe as chances de chegar à Bola de Ouro, também N’Golo Kanté, Kevin De Bruyne e Romelu Lukaku acabaram por passar pela mesma sensação. O médio do Chelsea, que tem nas costas uma enorme vaga de fundo que o coloca como maior merecedor da distinção, não conseguiu prolongar com França o êxito que obteve ao serviço do Chelsea, na Liga dos Campeões. Mais do que isso, Kanté apresentou-se sempre a um nível inferior no Europeu, sem nunca conseguir reproduzir as exibições gigantescas que realizou ao longo da época pelos ingleses — incluindo na final da Champions, contra o Manchester City.

Depois, os belgas. De Bruyne perdeu a final da Liga dos Campeões mas ganhou a Premier League com o Manchester City e chegou ao Euro 2020 ainda a recuperar de uma lesão: não esteve sequer no banco no primeiro jogo, foi suplente utilizado no segundo e titular no terceiro, até que se lesionou novamente contra Portugal e jogou muito limitado contra Itália. Com a eliminação da Bélgica perante os italianos, nos quartos de final, o médio perdeu a oportunidade de aliar uma eventual conquista com a seleção a uma época bem acima da média ao serviço do City, em que se assumiu como a figura de proa da equipa e provou novamente que é um dos melhores jogadores da atualidade do futebol europeu. O mesmo aconteceu a Lukaku. O possante adversário foi a cara e a imagem do Inter Milão que roubou a Serie A à Juventus e conseguiu ser campeão italiano uma década depois, mas não soube repetir tudo isso no Campeonato da Europa, sendo também uma vítima do afastamento da Bélgica.

A todos estes, podem ainda ser acrescentados dois nomes de futuro. Kylian Mbappé e Pedri, um pelo que anda a mostrar há vários anos e o outro pelo que mostrou este ano, estão claramente numa shortlist de futuros favoritos à Bola de Ouro. O jovem médio espanhol, que está na calha para ser considerado o melhor jogador do Euro 2020, foi absolutamente instrumental para a seleção de Luis Enrique e é a grande revelação proporcionada pelo Campeonato da Europa, sendo agora um dos nomes a ter em conta para a futura década do futebol europeu.

Por mais injusto que seja, não só por tudo o que fez na época passada como pelo camião de golos que marcou já esta temporada, fica a ideia de que o comboio de oportunidade de Lewandowski passou sem o levar na carruagem. Com Itália e Inglaterra na final e dependendo do resultado do jogo decisivo, tanto Jorginho como Harry Kane parecem estar numa posição bem mais favorável na corrida à Bola de Ouro.

Ronaldo e Messi, a dupla que nunca pode ser descartada

Com a interrupção motivada por Luka Modric, em 2018, Ronaldo e Messi conquistam a Bola de Ouro quase alternadamente desde 2008. O português tem cinco, o argentino tem seis. E só uma vitória da Argentina na final da Copa América, na madrugada desta sexta-feira e contra o Brasil, poderá abrir a porta a uma alteração nessa contabilidade. Tal como só a vitória de Portugal no Euro 2020, algo que ficou longe de acontecer, poderia ter lançado Ronaldo para uma nova distinção.

Tanto um como outro tiveram um ano difícil a nível individual e coletivo. Cristiano Ronaldo viu a Juventus falhar o décimo Scudetto consecutivo, voltar a falhar a Liga dos Campeões e agarrar por pouco a qualificação para a Champions da próxima época; Lionel Messi perdeu a liga espanhola para o Atl. Madrid, viu o Barcelona sair da Europa às mãos do PSG e de um super Mbappé e assistiu à demissão de um presidente e à eleição de outro. Pelo meio, o português foi muito criticado pela quebra de rendimento, pelos erros que cometeu principalmente quando era chamado a integrar a barreira e acabou a temporada a ser associado a uma eventual saída dos bianconeri. Já o argentino arrancou o ano na ressaca do pedido para sair dos catalães que não foi consumado, demorou a encontrar o próprio ritmo e está novamente a acabar um ano sem contrato e sem garantias quanto ao futuro.

Ronaldo marcou dois golos. Ronaldo bateu seis recordes. Já não há números para descrever Ronaldo

Em resumo? Tanto Ronaldo como Messi dependiam das respetivas competições de seleções para salvar uma temporada que tinha ficado abaixo das expectativas. O português começou bem, com dois golos à Hungria, com o facto de ter igualado o brutal recorde dos 109 golos de Ali Daei, com a liderança incontestada da Seleção Nacional e com uma série de recordes: o jogador com mais partidas em fases finais e Europeus ou Mundiais, o melhor marcador de sempre em fases finais de Europeus (15), o jogador com mais vitórias em Europeus, o único a bisar em três edições diferentes do Europeu e também o único a marcar em cinco edições, entre muitos outros registos. Contudo, não conseguiu prolongar nada disso para lá dos oitavos de final, podendo ainda ser o melhor marcador da competição se Harry Kane não fizer mais do que um golo na final.

Belgium v Portugal UEFA Euro 2020 Round of 16

Cristiano Ronaldo não foi além dos oitavos de final do Euro 2020 mas, ainda assim, continua a ser o melhor marcador da competição com cinco golos

Photonews via Getty Images

Mas o argentino, por seu lado, parece ter resguardado grande parte das energias para a Copa América. Messi esteve envolvido em nove dos 11 golos que a Argentina fez na competição, já marcou duas vezes de livre direto e entra para a final contra o Brasil com a possibilidade de, finalmente, conquistar um título com a seleção — um dado que, quando esmiuçados todos esses fatores, continua a ser a grande vantagem de Ronaldo quando comparado com o argentino. Nesta Copa América, Messi já se tornou o jogador com mais internacionalizações pela Argentina (150), já se tornou o primeiro argentino a disputar seis fases finais da competição e já bateu o recorde de assistências do torneio. Na final desta madrugada no Maracanã, vai igualar o maior registo de jogos na competição (34, em conjunto com o chileno Sergio Livingstone) e pode tornar-se o melhor marcador da história da Copa América — ainda que, para isso, precise de fazer quatro golos ao Brasil (tem 13, Zizinho e Norberto Méndez têm 17).

Em resumo, Lionel Messi ainda poderá sonhar com uma histórica sétima Bola de Ouro se ganhar a Copa América. Se isso não acontecer, o mundo vai testemunhar o início do fim de uma era: Ronaldo tem 36 anos, Messi tem 34 e dificilmente, até pelos períodos conturbados que os respetivos clubes vivem, conseguirão ser novamente considerados o melhor jogador do mundo.

O que fizeram Figo, Ronaldinho, Shevchenko e companhia para ganhar a Bola de Ouro

Em 2007, e excluindo então Modric, Kaká foi o último jogador a ganhar a Bola de Ouro antes da era hegemónica de Ronaldo e Messi. Nesse ano, o brasileiro ganhou a Liga dos Campeões com o AC Milan, embora tenha perdido a Serie A para o Inter Milão, e marcou 18 golos ao longo de 48 jogos em todas as competições. Kaká ficaria nos rossoneri mais dois anos, vencendo ainda a Supertaça Europeia e o Mundial do Clubes, mas já não conseguiu chegar perto da fasquia que entretanto havia sido catapultada pelo português e pelo argentino. Mas, antes de tudo isso e recuando até ao início do milénio, o que é que foi preciso para ganhar a Bola de Ouro?

Messi esteve envolvido em nove dos 11 golos que a Argentina fez na competição, já marcou duas vezes de livre direto e entra para a final contra o Brasil com a possibilidade de, finalmente, conquistar um título com a seleção — um dado que, quando esmiuçados todos esses fatores, continua a ser a grande vantagem de Ronaldo quando comparado com o argentino.

Começamos por 2000. Luís Figo, que nesse ano acabaria por trocar o Barcelona pelo Real Madrid, foi considerado o melhor jogador do mundo e tornou-se o primeiro português da era moderna a alcançar a distinção. Ainda assim, no ano em que ganhou a Bola de Ouro, Figo não foi campeão nem ganhou a Liga dos Campeões, tendo como principal bandeira os 14 golos que marcou pelos catalães e o facto de ter liderado a campanha da Seleção Nacional no Euro 2000, onde Portugal só caiu com França nas meias-finais.

2001, Michael Owen. O avançado inglês, que ainda hoje é interpretado com um dos vencedores mais improváveis, estava ainda no Liverpool, de onde só saiu em 2004 rumo ao Real Madrid. Nessa temporada, marcou 24 golos em todas as competições e conquistou praticamente tudo menos a Premier League, já que ganhou a Taça de Inglaterra, a Taça da Liga, a Taça UEFA e a Supertaça Europeia. Em 2002, foi a vez de Ronaldo, o Fenómeno. 2001/02 foi a última época do avançado brasileiro no Inter Milão, antes de se mudar para o Real Madrid, e o jogador nem sequer fez mais do que sete golos ao longo de toda a temporada, já que passou grande parte do ano a recuperar de uma lesão. O Campeonato do Mundo, porém, fez toda a diferença: Ronaldo guiou o Brasil até à conquista do troféu, orientado por Luiz Felipe Scolari, e foi o melhor marcador da competição com oito golos.

Soccer - 2006 FIFA World Cup Germany - Final - Italy v France - Olympiastadion - Berlin

Fabio Cannavaro foi considerado o melhor jogador do mundo em 2006, logo depois de Itália conquistar o Mundial da Alemanha

PA Images via Getty Images

Em 2003, Pavel Nedved foi eleito o melhor jogador do mundo. Aquela foi a melhor época do jogador checo ao serviço da Juventus, depois de se ter transferido da Lazio em 2001, e os 15 golos que marcou ao longo de 43 jogos contribuíram em larga escala para garantir a Bola de Ouro. Nessa temporada, os bianconeri ganharam a Serie A e a Supertaça italiana e chegaram à final da Liga dos Campeões, onde acabaram por perder com o AC Milan. No ano seguinte, 2004, foi a vez de Andriy Shevchenko. O atual selecionador da Ucrânia tinha feito parte da equipa que tinha batido a Juventus e Nedved na final da Champions do ano anteiror, precisamente, e em 2003/04 superou-se até chegar aos 29 golos. Os rossoneri foram campeões italianos e ganharam a Supertaça italiana e Shevchenko conseguiu ganhar a Bola de Ouro sem sequer marcar presença no Campeonato da Europa que decorreu em Portugal, já que a Ucrânia não se apurou para o Euro 2004.

Em 2005, a distinção caiu para Ronaldinho. O virtuoso brasileiro tinha acabado de realizar a segunda época pelo Barcelona, depois de ter chegado vindo do PSG em 2003, e marcou 13 golos ao longo de 42 jogos — números que, curiosamente, foram dos mais modestos que Ronaldinho alcançou na Catalunha, já que fez mais de 20 golos em três dos cinco anos que passou em Espanha. Nessa temporada, o Barcelona foi campeão espanhol e ganhou a Supertaça espanhola, uma fundação para o projeto que no ano seguinte acabaria por ganhar a Liga dos Campeões. Aí, em 2006 e antes de Kaká, a Bola de Ouro foi para Fabio Cannavaro. O central italiano, que é até hoje o único defesa a ser considerado o melhor jogador do mundo (Matthäus acabou a carreira a jogar a central mas era médio quando ganhou o troféu), recebeu a distinção principalmente por ter liderado Itália até à conquista do Mundial 2006. Em termos de clube, Cannavaro fez em 2005/06 a última época pela Juventus antes de assinar pelo Real Madrid e não conquistou qualquer título nessa época.

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