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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Paulo Portas: “Sem o CDS, Portugal e o seu sistema político ficam pior”

Portas, Monteiro e Cristas juntaram-se a Melo para apresentar a nova declaração de princípios do CDS. Mesmo assumindo o mau momento do partido, todos deixaram a garantia: o partido faz falta ao país.

“Com gosto e sentido de dever.” Foi desta forma que Paulo Portas se apresentou na grande rentrée do CDS, que juntou este sábado os pesos pesados do partido, do presente e do passado, numa tentativa assumida de relançar os democratas-cristãos. A partir do Largo do Caldas, em Lisboa, o antigo vice-primeiro-ministro não deixou de assumir que o “momento não é fácil” e que o partido se encontra num dos momentos mais delicados da sua história. Ainda assim, para Portas, existem razões para ter esperança no futuro: “Há 49 anos que o CDS resiste a prognósticos reservados. Há 49 anos que sabemos o que é lutar sem favores”.

Ao lado de Manuel Monteiro e Assunção Cristas, que também fizeram questão de se juntar a Nuno Melo nesta convenção, Paulo Portas lembrou os vários momentos na história do partido em que os adversários decretaram a morte do CDS — e os vários momentos em que eles se enganaram.

“É  nos momentos difíceis que as pessoas precisam de ajudar. A receita que vos posso sugerir: agir com independência porque só dependemos da nossa consciência. Que não vos falte a fé, a mim não me falta. Que não vos falte a força, a mim não me falta. Com tenacidade lá chegaremos ao dia em que dizemos aos nossos adversários: ‘Não se enganem outra vez‘”, sublinhou Portas.

Sem esconder que as próximas eleições europeias, agendadas para junho de 2024, são a “prova de vida” do  partido, e num discurso muito voltado para a desconstrução da receita simplista dos extremistas, Paulo Portas defendeu que o CDS não foi substituído no espaço de centro-direita e que continua a fazer falta ao país.

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“Sem o CDS, Portugal e o seu sistema político ficam pior. Sem o CDS, haverá menos ideias e mais gritaria. Sem o CDS, haverá menos moderados e mais extremistas. Sem o CDS, haverá menos racionalidade e mais demagogia. Sem o CDS, haverá menos quadros de qualidade e mais medíocres na política. Sem o CDS, haverá menos viabilidade para uma alternativa, porque será fácil a alguns fazer campanhas baseadas no medo e mais difícil construir um projeto de esperança. Olhem para o que aconteceu em Espanha e tirem as vossas lições”, rematou o antigo vice-primeiro-ministro.

Antes de Portas, já Manuel Monteiro tinha traçado o guião para aquilo que deve ser o CDS perante os desafios que se avizinham. O antigo líder do CDS defende que o partido não deve viver “apenas e só no passado” sob pena de perder utilidade e adesão à sociedade. Na sede nacional do CDS, Monteiro lançou as bases daquilo que devem ser os próximos desafios do CDS. “Um partido que se fecha no seu passado, é um partido sem presente e sem futuro. O CDS não vive a olhar para trás; o CDS foi fundado para olhar em frente.”

Não recebemos lições dos recém-chegados à política. Nesta casa, não recebemos lições defesa do patriotismo, de defesa da propriedade, de defesa da liberdade económica, não confundimos liberdade com libertarismo. Não recebemos lições de pessoas que são católicas ao domingo, mas que se refugiam desse catolicismo quando o Papa vem a Portugal. Não confundimos a liberdade económica com o selvagem capitalismo. Não nos preocupam os outros. Estamos cá e não deixamos de acreditar”, começou por dizer o antigo líder do CDS.

“Portugal é um país cada vez mais dependente do Estado. O Governo tem contribuído para destruir a pequena e a média propriedade. Tal como no início da democracia, os pequenos e médios proprietários devem saber que têm aqui um partido para os defender”, continuou Manuel Monteiro. “Este socialismo é uma mentira. Necessita ser combatido. Nós queremos responder. A Portugal e aos portugueses. Queremos responder à direita. Esta direita que aqui está é livre, humanista e democrática; não é uma direita segregacionista ou isolacionista.”

Mesmo a terminar, Manuel Monteiro deixou um aviso a Luís Montenegro. “O atual PSD talvez não tenha a perspetiva de que nunca como agora foi necessário trabalhar para construir uma alternativa do futuro. Se isso não acontecer, a alternativa passa por Nuno Melo e pelo CDS. O que significa que já nas próximas eleições, o voto útil é no CDS. Que ninguém se iluda a esse respeito. As eleições europeias não são apenas eleições para o Parlamento Europeu; são o primeiro passo para a construção da alternativa nas próximas eleições legislativas. Quem não quiser continuar a manter o PS no Governo, vota no CDS”, rematou.

Depois de Monteiro foi a vez de Assunção Cristas intervir, numa rara aparição na vida interna do partido desde que deixou a liderança democrata-cristã. A antiga ministra da Agricultura defendeu que o CDS deve liderar a “direita moderada”. “Sou uma otimista irremediável. Quando olho à minha volta, o que vejo é força. Não há que desanimar. Há que encontrar as âncoras. Nuno [Melo], tens condições para navegar até mar alto. Esta é a tua gente para a afirmar a direita que faz falta”, rematou.

Coube naturalmente a Nuno Melo encerrar a convenção do partido. “Para um partido que morreu, não está mau”, começou por ironizar o eurodeputado, referindo-se à presença dos antigos líderes e das principais personalidades do partido no Caldas. De resto, figuras que têm estado afastadas da primeira linha de combate do CDS, como Adolfo Mesquita Nunes, Nuno Magalhães, João Almeida ou Pedro Mota Soares, por exemplo, não faltaram à chamada e fizeram questão de marcar presença na rentrée do partido.

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À semelhança do que fizeram Portas, Monteiro e Cristas, o atual presidente do CDS insistiu na ideia de que o partido tem futuro e continua a fazer falta ao país. “Não temos de viver deprimidos com coisa nenhuma. Levaremos a carta a Garcia. O CDS vai voltar à Assembleia da República. Porque é de justiça e porque Portugal precisa. Nenhum outro partido representa na Assembleia da República aquilo que o CDS é; nenhum outro partido substitui o CDS.”

Recordando o legado do partido e as lutas que o CDS já travou no passado, Melo teceu duras críticas aos oito anos de governação socialista e denunciou aquilo que considera serem os falhanços de António Costa em áreas como a Saúde, Educação, Estado Social ou Habitação.

“Queremos menos portugueses a depender do Estado. Queremos salvar o Estado Social, mas não queremos distribuir apoios para comprar votos. Queremos um SNS capaz, a tratar bem os doentes, sem que seja a conta de profissionais de saúde explorados todos os dias. E queremos a Escola Pública a funcionar. Mas com condições, que tenha os professores na escola a ensinar e não desconsiderados”, elencou Melo, antes de se despir: “Juntos vamos dar a volta às nossas circunstâncias”.

Antes das intervenções dos antigos presidentes do partido — Francisco Rodrigues dos Santos e José Ribeiro e Castro faltaram ao encontro, alegando motivos pessoais –, tinha sido António Lobo Xavier a intervir para apresentar a nova Declaração de Princípios do partido. O conselheiro de Estado começou por dizer que recordar os combates políticos que travou ao longo de “quase 50 anos” e de prometer um partido novo e mobilizado, preparado para os desafios do presente, mas sem renegar aos valores de sempre.

“[Vamos] defender a democracia de novos perigos, do populismo, da manipulação política, da destruição do Estado social por cegueira ideológica. Nós temos credenciais democráticas. Somos um partido confiável na defesa das instituições democráticas. Somos um partido de acolhimento. Acolhemos conservadores e liberais. Demos aos conservadores um partido seguro e confiável a defender as tradições. Demos aos liberais o partido que sabia falar da economia livre e a liberdade de escolher. E queremos continuar a ser”, rematou Lobo Xavier.

CDS rejeita populismos e respeita “orientações pessoais” em nova Declaração de Princípios

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