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Lídia Pereira, Paulo Rangel e Rui Rio, aqui durante a campanha das Europeias, falaram os três no primeiro dia do Congresso do PPE, em Zagreb
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Lídia Pereira, Paulo Rangel e Rui Rio, aqui durante a campanha das Europeias, falaram os três no primeiro dia do Congresso do PPE, em Zagreb

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Lídia Pereira, Paulo Rangel e Rui Rio, aqui durante a campanha das Europeias, falaram os três no primeiro dia do Congresso do PPE, em Zagreb

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Matraquilhos e bolachas. Uma troika portuguesa em Zagreb entre quem costuma "rule the world"

Rio fez um discurso em alemão, Rangel teve de fazer um pitch para ver se continua vice-presidente do PPE e Merkel deu um abraço de consolação a Weber.

Desta vez foi uma troika de portugueses a invadir o palco europeu. Rui Rio, em alemão, regozijou-se por PS e PSD terem crescido, em conjunto, nas legislativas. Paulo Rangel fez um pitch de cinco minutos (que estendeu para sete) em campanha eleitoral para a vice-presidência do PPE. E ainda houve Lídia Pereira, líder da ‘jota’ europeia — e por isso com honras de discursar em plenário — ainda puxou as orelhas aos mais velhos por o partido não ter uma visão para o combate às alterações climáticas.

O Congresso do PPE, como todos, é um desfile de personalidades europeias. Pelos corredores circulam figuras como Angela Merkel, Pablo Casado, Silvio Berlusconi, e vários chefes de governo. As campanhas para cargos internos também são sempre criativas. Desta vez não houve uma banca de cachorros, como a que Alexander Stubb montou em Helsínquia, mas o comissário austríaco Johannes Hahn distribuiu chocolates para convencer os delegados a votarem nele para vice-presidente.

Paulo Rangel, o candidato português, ficou-se por uma espécie de marcador para livros e, tal como Antonio Tajani, o candidato italiano, não dispensou contactos pessoais até à última hora. Tanto faz que esse cortejar de voto seja no bar do Hotel Sheraton, como na última terça-feira à noite, ou encostado a uma mesa de matraquilhos na arena onde se realiza o congresso.

Antonio Tajani em campanha junto a uma mesa de matraquilhos do PPE

Rio com uma boa e uma má notícia para os congressistas

Rui Rio voltou a falar alemão num congresso do PPE, como em Helsínquia, e Angela Merkel pôde ouvir o elogio que o presidente do PSD lhe guardou no final do discurso. Rio comunicou que tinha ficado em segundo nas eleições legislativas (a má notícia), mas que Portugal é um oásis europeu sem partidos extremistas por força de PS e PSD, juntos, terem aumentado a representação (a boa notícia).

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Rio descansa Europa: “Sistema partidário, liderado por PS e PSD, está mais forte”

Perante os congressistas, Rui Rio começou pelas más notícias: “Portugal teve eleições há pouco mais de um mês, por força das quais se formou um novo governo liderado pelo Partido Socialista com apoio parlamentar da extrema esquerda. O meu partido, o PSD, foi o segundo mais votado com 28% dos votos, enquanto os socialistas conseguiram 36%.” No entanto, o líder do PSD não deixou de ver um lado positivo, já que “ao contrário do que tem acontecido na maior parte dos países europeus, em Portugal os dois maiores partidos reforçaram a sua implantação: PS e PSD juntos têm agora 81% dos deputados. O terceiro partido mais votado teve apenas 9% dos votos”.

Para Rio é assim claro que “não há, pois, em Portugal, nenhuma nova força política emergente com peso político real e implantação relevante na sociedade.” E acrescenta: muito menos há qualquer movimento significativo de perfil fascista ou de extrema direita. Nesse aspeto, a Europa e o PPE podem estar sossegados relativamente a Portugal.”

Rio defendeu depois a “reforma da União Económica e Monetária” como “um elemento decisivo para conseguirmos enfrentar futuras crises e garantir a integridade da moeda única” e defendeu que o “quadro financeiro plurianual 2021-2027 (…) tem de dar corpo a uma Europa que se preocupa com uma efetiva coesão económica, social e territorial dos seus Estados-Membros.”

Na parte final do discurso, Rio deixou três elogios, começando pela chanceler alemã: “Angela Merkel, a primeira referência da Europa no mundo. Alguém que colocou a sua vida pessoal em último lugar e, também por isso, conquistou com toda a justiça um lugar na história da Europa”. Definiu ainda Jean-Claude Juncker, que na próxima semana deixa de ser presidente da comissão, como “exemplo de dedicação ao projeto europeu” e Joseph Daul, que dá esta quarta-feira o lugar de presidente do PPE a Donald Tusk como “exemplo de sensatez, de simpatia e de dedicação ao PPE”.

São 12 para 10 lugares. Rangel está na luta

Pouco antes de Rui Rio falar no congresso do Partido Popular Europeu, Paulo Rangel fazia um “pitch” — foi assim chamado pela organização — para durante cinco minutos ‘vender’ a sua candidatura a vice-presidente do PPE. Nos últimos quatro anos Paulo Rangel foi vice do PPE, antes disso foi Mário David, o que significa que Portugal ocupa o cargo há 6 anos. Desta vez não será fácil, uma vez que por exemplo a Grécia — partido com a mesma dimensão de Portugal e que agora até é governo — não tem nenhum cargo na direção do PPE. Os gregos não têm candidato, mas apoiam o cipriota e acham que é tempo de Portugal ceder o lugar.

Paulo Rangel tentou então defender-se em cinco minutos, que foram na verdade sete. Ninguém o repreendeu, já que o português tem algum estatuto no partido e é sempre deselegante tirar a palavra a um candidato. O eurodeputado português diz que vê o facto de ser membro do PPE como “uma responsabilidade” e lembrou o momento em que foi escolhido para continuar o alargamento do PPE a partidos de países que não fazem parte da UE. Rangel questionou: “Se esse alargamento é a leste, porquê eu que venho do ocidente, estou mais a ocidente que a Irlanda?”. O português percebeu que, não tendo ligações, podia ser mais imparcial.

Nas reuniões desses partidos, explicou Rangel no pitch, todos lhe transmitiram que os países estão interessados em aderir à União Europeia, porque querem o mesmo modelo, de prosperidade e de defesa do Estado de Direito. Querem, destaca Rangel a “european way of life” que, regista, é diferente da “american Way of Life”.

Rangel quer ainda que a Europa seja um ator e não um observador na política mundial que vê a China, a Rússia e os EUA a decidirem os destinos mundiais. É preciso um lugar na mesa para a UE, pede Rangel. O português defendeu ainda que a NATO é “crucial para o futuro da União Europeia” e alertou para a necessidade de uma estratégia forte de defesa europeia.

E destacou as diferenças para os outros grupos: “Os socialistas colocam a sociedade à frente das pessoas e das famílias. Os Liberais colocam os individuais à frente das pessoas e das famílias. Os verdes colocam o planeta à frente das pessoas e das famílias. Nós somos o partidos das pessoas, em que a pessoa é o centro do PPE. É este a nossa marca.” A votação, onde se decidirá se Rangel continua ou não, é na quinta-feira de manhã.

O puxão de orelhas de Lídia: “Não é aceitável”

Depois de Rangel e Rio, Lídia Pereira foi o terceiro elemento da troika portuguesa que falou esta quarta-feira em Zagreb, na Croácia, e não é por ter participado no último encontro anual entre o FMI e o Banco Mundial. Como líder da juventude europeia do PPE (o YEPP), a jovem eurodeputada (é a segunda mais nova no grupo) tem direito a discursar no congresso, algo que só os chefes de governo e líderes da oposição de alguns países conseguem fazer. E é como líder dos jovens que Lídia Pereira se tentou afirmar.

A eurodeputada começou a alertar para o risco dos populismos, dizendo que os valores do PPE e os partidos que fazem parte desta família europeia são a resposta certa a estes “tempos conturbados.” E fez um apanhado sobre a situação de vários países: “Porque em tempos de loucura, o Partido Popular traz estabilidade [em Espanha]; em tempos de incompreensão, a CDU mostra firmeza [na Alemanha]; Em tempos de dificuldades, o Fine Gael, tem uma visão [na Irlanda]; em tempos de incerteza, a HDZ, aqui na Croácia, traz esperança; De Portugal à Finlândia, do Chipre a França, somos as partido das pessoas”.

Lídia Pereira lembrou o legado de De Gasperi, Konrad Adenauer, Robert Schuman e também do presidente cessante do PPE, Joseph Daul, mas diz que a família europeia tem a “responsabilidade de avançar” e isso não se faz com “gerações que vivem pior com os pais”, com “quem tem dificuldade para encontrar um emprego decente, pagar a renda da casa e viver com dignidade”, nem “atirando impostos para cima das gerações futuras”.

O futuro que Lídia quer que o PPE construa é aquele em que as famílias “conseguem poupar algum dinheiro no final de cada mês para poderem ver os filhos irem para a universidade, é ajudando os mais velhos a envelhecer com dignidade, amor e respeito e respeitando o planeta, mudando os hábitos no nosso quotidiano”.

Sobre este assunto, o YEPP deixa um aviso aos graúdos: “Os jovens do PPE não aceitam que a maior família política da Europa não tenha uma estratégia clara sobre clima e o ambiente!” E faz propostas claras: “As isenções de impostos da aviação no combustível devem mudar, e devemos terminar com os plásticos de uso único. Esses são dois objetivos a serem alcançados neste mandato”.

“I used to rule the world”. Merkel, Von der Leyen e Tusk

Angela Merkel terá feito o último discurso como chanceler. E deixou uma palavra para Manfred Weber, ele que foi o spitzenkandidat, mas acabou por não conseguir chegar a presidente da Comissão Europeia: “Quero agradecer a Manfred Weber, que há um ano tivemos um debate intenso para ele ser escolhido como spitzenkandidat. Agora continua a ser a nossa voz no Parlamento. E é importante para nós termos a voz mais forte no Parlamento”. A presidente eleita da comissão, que ocupou o lugar que era suposto ser ocupado por Weber, também deixou uma palavra para o eurodeputado, lembrando a “alegria com que encarou o processo do spitzenkandidat“.

Voltando a Merkel, a chanceler defendeu que o PPE “precisa de definir um caminho” e que deve “mostrar unidade” para poder medir forças com EUA, Rússia, ou China. “É difícil, só unidos conseguimos”, avisou Merkel. A chanceler defendeu ainda um alargamento aos países dos balcãs que ainda não fazem parte da União Europeia.

Joseph Daul deixou esta quarta-feira de ser presidente do PPE. “A minha mulher está ali e ainda não acredita que vou abandonar a vida política. Andou a falar com os delegados todos a perguntar se era mesmo verdade”, afirmou. Para o seu lugar vai Donald Tusk, candidato único à presidência do PPE. Em breve o polaco deixa de ser presidente do Conselho Europeu, mas continuará a ter relevo no partido. Tusk subiu ao palco ao som de Viva La Vida de Coldplay e do verso: “I used to rule the world”. Em português: “Eu costumava dominar o mundo”.

Os trabalhos terminaram às 20h44, hora de Zagreb. Líderes partidários e da oposição seguem para uma cimeira do PPE, que decorrerá durante o jantar. À porta fechada.

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