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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Montenegro deve sair se perder? "O PSD não empurra nenhum líder para fora do partido"

O antigo diretor de campanha de Moreira da Silva e apoiante de Rio não estranha continuar nas listas e lembra que ser excluído aconteceu "até a Luís Montenegro ou a Hugo Soares".

Apesar de ter estado sempre do lado oposto a Luís Montenegro, Carlos Eduardo Reis não fica surpreendido por continuar nas listas de deputado em lugar elegível. Depois das críticas, o antigo diretor de campanha de Moreira da Silva diz que, agora, Montenegro “está preparado” para ser primeiro-ministro.

Quanto à tentativa de unidade, que diz ter sido semelhante à de Rui Rio, Carlos Eduardo Reis considera que há, entre os excluídos, “pessoas que podiam ter dado muito ao PSD”, mas que ficar de fora aconteceu “até com Montenegro ou Hugo Soares”, que vai encabeçar a lista do distrito pelo qual concorre, Braga.

Sem querer falar em cenários futuros, o deputado social democrata elogia a posição de Montenegro ao dizer que só governa se ganhar e garante que “o PSD não empurra líderes para fora do partido” só para chegar ao Governo. Quanto à estratégia face ao Chega, diz que “Rio foi claro”, mas que “Montenegro foi muito claro”.

[Ouça aqui o Sofá do Parlamento com Carlos Eduardo Reis]

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Carlos Eduardo Reis: “Há excluídos que podiam ter dado muito ao PSD”

Quando liderou a campanha interna de Jorge Moreira da Silva disse que Montenegro não estava preparado para governar. Agora já está?
Essa referência que fiz, numa entrevista ao Observador, tem que ser vista e lida à luz de uma contenda interna. Nessa altura era importante para mim, enquanto diretor de campanha, cavar um fosso e diferenças entre os candidatos e puxar mais até pela preparação que tinha o candidato que apoiava, do que propriamente estar a ter algum tipo de referência menos positiva ao Luís Montenegro. O líder do partido tem mais de um ano de mandato e durante esse tempo foi introduzindo aquilo que é a sua visão para o partido e para o país e muita dela passou aqui pelo Parlamento. Hoje temos um projeto para o país claro em várias áreas, na habitação, na educação, na saúde, na área fiscal, em que foram defendidas uma série de propostas aqui no Parlamento e pelo presidente do partido, que acho que são a munição certa para Luís Montenegro poder ser primeiro-ministro de Portugal. Respondendo diretamente à sua pergunta, sim, está preparado.

Tendo estado primeiro com Rui Rio e depois com Moreira da Silva, ficou surpreendido com esta continuidade nas listas do PSD?
A direção do partido deu a indicação de que tentaria fazer a unidade e cobrir as diversas sensibilidades que o PSD tem e que sempre foram também a nossa característica. Dizer que fico surpreendido por continuar, estaria a mentir. Não fico surpreendido por continuar. Sabia que tendo tido indicação nacional em 2019 e 2022 e agora sendo indicação da secção onde milito, em Barcelos, e onde tenho funções autárquicas, naturalmente os posicionamentos seriam diferentes, mas não posso dizer que fiquei surpreendido porque, além dessa tentativa de unidade, entendo que fui sempre leal com o partido e com a direção. Para mim ser leal é não torcermos as nossas convicções, é ser frontal a fazer política e eu nunca me escondi. Dei sempre a cara por aquilo em que acreditava e isso pode ser feito dentro de um quadro de liberdade e democracia, respeitando naturalmente as regras do partido. Nunca saí desse campo onde se faz esse debate político, nem que seja interno.

Operação Tutti Frutti. "Neste momento, até pelo andamento do processo, que é público, penso que não há nenhum facto que me possa prejudicar. E, além do mais, o partido tem as suas regras, definiu perfis e critérios para candidatos e eu entro em todos esses critérios"

Um dos temas onde deu a cara e foi frontal na forma como falou com o grupo parlamentar foi quando surgiram as notícias do seu envolvimento na operação Tutti Frutti. Teme que isso possa prejudicar aquilo que seja o desempenho do mandato?
O que tinha a prejudicar, com o dano reputacional, pessoal, financeiro e político, já o fez. Neste momento, até pelo andamento do processo, que é público, penso que não há nenhum facto que me possa prejudicar. E, além do mais, o partido tem as suas regras, definiu perfis e critérios para candidatos e eu entro em todos esses critérios. Não me sinto nada desconfortável com isso e penso que não será um problema.

Luís Montenegro deu aqui alguns sinais de unidade, não só com Carlos Eduardo Reis, mas também com Salvador Malheiro e Isaura Morais. Luís Montenegro teve uma atitude diferente da de Rui Rio?
Diferente em que sentido?

De tentar integrar estas várias sensibilidades.
Os líderes do partido, com mais ou com menos vontade, tentam sempre nestas feituras de lista unir o partido. Não acho que haja líderes que queiram, sinceramente, sanear. Os líderes fazem escolhas políticas que são que têm a ver com as pessoas que os acompanham, em quem confiam e com a interpretação que fazem da importância de cada um e de cada protagonista e de cada dirigente nos seus distritos. O trabalho que Rui Rio fez para unir o partido em 2019, que é diferente de 2022, e é importante que se diga que as listas que Rui Rio faz em 2019 são diferentes porque em 2022 vínhamos de umas eleições diretas muito duras, em que as estruturas foram obrigadas a entrar em confronto e é natural que em 2019 as listas tenham sido feitas com um critério mais abrangente do que em 2022. Parto do princípio que todos os líderes querem unir o partido, mas têm as suas opções e isso colide com as pessoas que cá estão e que têm que ser substituídas por outras. Tanto Rui Rio como Luís Montenegro não me parece que não quisessem unir o partido e que não tenham tentado, pelo menos, fazer esse esforço.

Exclusão das listas. "Isto aconteceu no passado com outros deputados e pode ter até acontecido com o Luís Montenegro, com o Hugo Soares e com outros ex-deputados, que enfrentaram momentos como este, de alterações de direções e de eleições legislativas que mudam a composição do Parlamento"

Durante a corrida interna disse ao Observador que Montenegro tentou sabotar o partido. Agora, apesar da oposição interna continuar a existir, não há grande ruído. Montenegro não tem desculpa se falhar?
Falhar é não vencermos as eleições. Temos todas as condições para poder vencer esta eleição, pela acalmia interna, naturalmente, pelo programa que já aqui falei que foi sendo construído ao longo do tempo, tanto pelo Conselho Estratégico Nacional, como também aqui por via do Parlamento, portanto, há condições para vencer estas eleições. A questão da análise dos resultados fica para depois. Não é o tempo para isso. A política é muito preciosa no seu tempo. Temos condições para vencer estas eleições e vamos disputá-las com o Partido Socialista, olhos nos olhos, para podermos fazer vingar o nosso programa e mostrar que o PS foi claramente incapaz, nos últimos oito anos, de fazer aquilo que agora vem a prometer.

Há um nome muito ligado ao rioísmo que ficou pelo caminho, que é André Coelho Lima. Estranha essa decisão? Ainda para mais com o papel que teve aqui no Parlamento a nível da cooperação internacional.
André Coelho Lima teve um papel mais relevante que não só o da cooperação internacional. Foi vice-presidente do partido, vice-presidente da bancada. Teve um papel, enquanto deputado, de muita qualidade mas eu não quero, até porque sou amigo da pessoa em causa, estar a falar em nomes específicos. Isto aconteceu no passado com outros deputados e pode ter até acontecido com o Luís Montenegro, com o Hugo Soares e com outros ex-deputados, que enfrentaram momentos como este, de alterações de direções e de eleições legislativas que mudam a composição do Parlamento. É normal que tenhamos afinidade com algumas pessoas que vão saindo e eu tenho, como imagina, afinidade com muitas das pessoas que agora não constam das listas e tenho pena. Muitos deles tinham iniciado os seus mandatos há relativamente pouco tempo, tinham pouco tempo de Assembleia da República e são pessoas com qualidade e que podiam mostrar o seu valor mas a política é feita de escolhas. Seria injusto e até desconfortável, pela relação que tenho com o André [Coelho Lima], estar a falar especificamente dele. Há um conjunto muito vasto de pessoas que poderiam ter dado muito ao Parlamento e que veem o seu mandato interrompido por esta dissolução, que esperamos não seja tão usual como tem sido. Vão aparecer outros colegas que serão eleitos, uns que já estiveram, outros que vão experimentar esta função pela primeira vez e que também têm qualidade. Tenho a certeza que vamos ter um grupo parlamentar que vai responder bem aos desafios e ajudar a direção do partido, como achava também que este grupo parlamentar tinha qualidade para o fazer.

O Carlos Eduardo Reis, em vários congressos do PSD, liderou aquilo a que se chamava a lista dos sub-35. Há algumas indicações, até pelas redes sociais, de que a JSD terá ficado descontente com o número de lugares que teve. O PSD apostou pouco nos jovens nestas listas? 
As minhas listas nunca foram baseadas na JSD. Basta ver a composição para perceber que havia até uma grande heterogeneidade nas idades. Não sei. Confesso que as listas foram aprovadas segunda à noite. Hoje é quarta-feira e eu ainda não fiz uma análise fina das listas por todo o país. Mas é normal essa reivindicação ou essa queixa. Podemos fazer listas frescas sem recorrer a pessoas com menos de 30 anos mas sei que há alguns jovens sub-30 nas listas e que darão boa resposta.

Congresso do Chega. “Não me parece que o PSD tivesse que estar a responder em permanência”

A Aliança Democrática foi apresentada há cerca de semana e meia naquele evento no Porto. Ontem teve lugar aquela reunião com um grupo de economistas. Esta dinâmica não é pouco para tentar derrotar o PS?
Mas o que é que é pouco? É só terem feito duas apresentações em duas semanas distintas? É que ontem ouvi um comentador na televisão. Percebo que quando temos de comentar todos os dias às vezes também dizemos asneiras. Os partidos não têm a agenda das televisões. Têm a sua agenda própria e os seus timings próprios e é natural que um partido responsável, de Governo, que quer dar uma década de desenvolvimento a Portugal não esteja tipo picareta falante a ocupar o espaço televisivo todos os dias.

Mas não acha, por exemplo, que devia ter existido uma marcação mais cerrada ao Congresso do Chega? Todos os partidos o fizeram e Luís Montenegro e até Nuno Melo não falaram nesse fim de semana.
Se tivesse funções de direção no partido e me pedissem o conselho, eu diria que a melhor marcação que se faz ao congresso do Chega é expô-lo. É as pessoas verem aquilo que lá se passa e perceberem a diferença para os partidos que realmente têm uma alternativa para o país. Não me parece que o PSD tivesse que estar permanentemente a responder ao Congresso do Chega. Esse não é o papel do PSD.

Mas não há esta imagem na AD de que é uma coligação aritmética e não uma frente de mudança?
Não tenho essa ideia de que seja uma soma aritmética, até porque, se fosse uma soma aritmética teria que ser uma soma melhor do que estar a fazer a junção daquilo que as projeções vão dando, tanto do PSD como do CDS e até do PPM. Não concordo consigo, não acho que essa soma aritmética seja a única coisa que motiva a AD.

"Já é a terceira vez que se ouve falar de determinado tipo de militante do partido, ou ex-dirigente ou dirigente, que vai integrar as listas do Chega e depois isso acaba por não acontecer"

O PSD está a ser atacado quando o Chega fala constantemente de ir buscar nomes às fileiras do partido?
O Chega tem uma estratégia que é muito clara e que é tentar passar a ideia de que há uma erosão do eleitorado do PSD e dos dirigentes. Já é a terceira vez que se ouve falar de determinado tipo de militante do partido, ou ex-dirigente ou dirigente, que vai integrar as listas do Chega e depois isso acaba por não acontecer. O que é que eu acho que o Chega tem feito? Convida realmente algumas pessoas que podem estar mais ou menos descontentes com a direção do partido ou com o seu lugar em listas, faz notícia disso e depois já não interessa muito se as pessoas integram ou não integram. É uma coisa muito mediática de fazer passar a imagem de que está a vir buscar quadros ao PSD. Quando dizem que o Chega é de extrema direita, o Chega não é um partido clássico de extrema direita. É muito diferente do Vox espanhol, por exemplo. O Chega é uma amálgama de ambições com umas posições em relação a determinado tipo de matérias muito polémicas e muito próximas da extrema direita, algumas típicas até de extrema direita, mas não tem convicções tão fortes. Para ser de extrema direita tinha que ter convicções muito fortes e uma ideologia muito clara e vemos André Ventura a dizer umas coisas num dia e a dizer outras coisas diferentes noutro e, por isso, não acho que tenha esse pendor tão ideológico. É uma amálgama de ambições, de protestos, de revolta, que se aproveita sobretudo da falta de capacidade dos governos de resolver o problema das pessoas.

Já agora como é que vê a decisão de Maló de Abreu?
Decisão de?

Deixar o PSD? Para já é a única conhecida.
É uma decisão pessoal que eu respeito. Tenho muito respeito político e pessoal pelo António Maló Abreu. Não concordo com o timing em que decidiu fazê-lo, porque acho que nos prejudica a todos, mas eu aprecio pessoas com convicções embora não concorde com o timing nem com a forma como isso foi feito.

Ficaria desiludido se ele acabasse por ser candidato pelo Chega?
Ficaria sobretudo por gostar dele, porque acho que uma pessoa com uma militância tão longa na JSD e no PSD, tão ligada ao nosso partido e tendo sido também um excelente parlamentar, acabar nas listas do Chega não é uma coisa que me agradasse ver, mas como disse, é uma decisão pessoal que eu respeito.

PSD e a relação com o Chega. “Rio foi claro e Montenegro muito claro”

Rui Rio nunca disse “não é não” ao Chega. Montenegro acabou por fazê-lo, mas isso não tem tido respaldo nas sondagens, porque o PSD não descola. Afinal, qual é que deve ser a estratégia do PSD? Estar aberto a entendimentos com o Chega ou não?
Para falar de sondagens, tenho que ir buscar o spin doctor do Partido Socialista, que ele é que percebe das sondagens e explica muito bem como é que o PS, não tendo tido nenhuma sondagem que dava maioria absoluta, acabou por ter uma maioria absoluta. Estas sondagens que têm saído não lhes dou grande credibilidade. Não quero estar a responder às suas perguntas com base em sondagens.

Responda com base na estratégia do PSD.
Não é não ter sido uma estratégia correta. Tem havido alguma má vontade de quem interpreta as palavras dos líderes do partido. Acho que Rui Rio foi mais claro do que aquilo que disse. Luís Montenegro foi muito claro há bem pouco tempo, dizendo que “não é não” e que não se coligará com o Chega. Isto é uma mensagem para o eleitorado. Quem quiser um governo diferente em Portugal, de alternativa ao PS, tem que votar no PSD. Independentemente de estar mais ou menos identificado com o líder ou com o programa, é o único partido que pode dar uma alternativa ao Governo do PS e que o voto no Chega é um voto perdido. Estar repetidamente a dizer a mesma coisa, à espera que as pessoas acreditem, acho que tem havido alguma má vontade de quem faz análise política e de quem escreve, colocando sempre em causa as palavras dos dirigentes do PSD. E isso não se combate estando sempre a repetir.

"O PSD não empurra nenhum líder para fora do partido"

Luís Montenegro disse que só governa se ficar em primeiro, se ganhar…
Isso, além de ser corajoso, é mais uma afirmação que contribui para essa ideia de que o PSD não se coligará com o Chega.

Mas se ficar em segundo e tiver condições para governar, o PSD vai respeitar esta decisão? Ou vai empurrar Luís Montenegro para fora do partido e colocar um nome que esteja disponível para esses entendimentos?
O PSD não empurra nenhum líder para fora do partido. Luís Montenegro foi muito claro, disse que não governará com o Chega. Não podemos coligar-nos com um partido que quer acabar com o PSD, isso seria absolutamente contra natura. Percebo a pergunta e sei onde é que quer chegar mas não vou estar a fazer nenhum tipo de especulação em relação a essa matéria, que acho, aliás, que não vai acontecer, porque temos condições, como disse há pouco, para ganhar.

 
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