791kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Entrevista a André Principe e José Pedro Cortes, diretores da editora de livros de fotografia Pierre von Kleist. 29 de Agosto de 2022, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
i

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

"O livro tem de ser inquietação": o que move as editoras independentes e até onde querem (e podem) chegar?

Entres as Feiras do Livro de Lisboa e do Porto e as livrarias, quatro pequenas editoras fazem o retrato de um mundo editorial independente dos grupos comerciais mais agressivos.

    Índice

    Índice

São os livros e os autores que eles amam aqueles que editam sempre que o dinheiro chega para isso. Mais marginais, mais singulares, menos comerciais e menos dependentes de um mercado a funcionar de feição, as quatro editoras que se seguem têm histórias, paixões, vontades, e palavras a dizer.

Registos do tempo

Encontraram Alexander Kluge em Paris, o cineasta e escritor alemão que tanto admiravam. E tiveram a certeza de que era mesmo interessante e bom para editarem. Mas como chegar à fala com ele de uma maneira pouco burocrática? A resposta veio em forma de morada arranjada por Pedro Costa, o realizador. A seguir, a carta, escrita por alturas do 25 de Abril e cheia de autocolantes do sindicato dos trabalhadores do cinema ou qualquer coisa do género. E, de repente, a pergunta, outra vez, e se ele não gostar dos autocolantes? Se ele não gostar também não vais gostar dele. Ele, Kluge, respondeu.

Esta e tantas outras histórias fazem parte do “comércio de ideias” que é a editora BCF (Brito e Cunha Ferreira). É deste trabalho à volta dos livros que eles vivem muito depois de terem vivido o texto com toda a intensidade. “É o trabalho que corre paralelo, o como é que um livro junta leitores, a negociação à volta dos direitos autorais, as técnicas de sedução”, explicam os editores, João Brito e Joana Cunha Ferreira, que em 2018 se puseram a publicar livros, ele filho de peixe, o pai era Manuel Brito, o editor da Contexto, ela produtora no cinema e com todo o lado prático das coisas. Com a cabeça mais arrumada, com mais experiência também, acharam-se a definir o que seria um catálogo situado dentro daquilo que existe na Europa do pós-Guerra e na grandiosidade que isso significa. Confrontados com essa realidade, começaram a editar dois, três livros por ano, “com nervosismo” a ver “o que tem mais sentido para nós e para os outros.” Doze títulos depois, já surge a primeira encomenda da BCF. A propósito do centenário de Pasolini, que este ano se comemora, João Oliveira Duarte desenvolveu 24 entradas para um breviário sobre o escritor e cineasta italiano mais controverso do século XX. Não sou da Família, o livro, com as ideias-chave, vai sair em setembro ou outubro. Pelo meio ficaram obras de nomes como Geoffroy de Lagasnerie, Carl Seelig, Ernst Jünger, Hugo von Hofmannsthal, ou como o da novíssima escritora, a argentina Camila Sosa Villada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entrevista a Joana Cunha Fernandes e João Brito, diretores da editora de livros BCF. 6 de Setembro de 2022 Pastelaria 1800, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Joana Cunha Fernandes e João Brito, os responsáveis pela BCF: "Estas são leituras do mundo que nos interessa e que nos vão ajudando a pensar"

Na tradição dos catálogos europeus, a editora paga direitos, paginação, tradução, etc. E chega à fala com grandes editoras e agentes, sintonizando João e Joana com essa parte do mundo que continua a relacionar-se com os livros. Sintonizando-os com enormes escritores, autores centrais, e com escritores mais laterais. A coragem para chegar lá é sempre a mesma, às vezes não há é dinheiro para tudo. No entanto, o “ballet de charme” com que lidam com o lado mais comercial do negócio, “limpo e digno”, e aquele “trabalho mais detetivesco” de chegar ao escritor, eles não perdem. “É o momento de vertigem.” E, finalmente, o autor responde ao email. Vai assinar contrato.

O que têm todas estas histórias em comum, estas histórias dos livros da BCF? “Têm sempre a ver com o tempo. São registos do tempo. Do tempo em que foram pensadas, escritas, vividas. São leituras do mundo que nos interessa e que nos vão ajudando a pensar. No seguimento também da tradição da edição francesa, onde as capas basilares provocam a harmonia, em todos os livros da BCF, todos livros de bolso (“é um livro de bolso que se faz quando não temos dinheiro para mais nada”), é a artista Ana Jotta quem cria as capas, numa linha que junta apenas grafia e cor. São tiradas entre 700 a 1000 cópias e o livro é distribuído pela Maldoror em todo o país.

Libertária ou anarquista?

Quase um manifesto sem o ser, a Barco Bêbado, fundada em 2020 por Emanuel Cameira, 39 anos, é aquela que se insurge no mercado com o mais forte propósito em mente: perturbar o leitor. A editora, que já tem 32 livros publicados (o dinheiro da venda de um serve para fazer o seguinte e cada edição não ultrapassa os 300 exemplares), assume-me como contra-cultural, aliando as dimensões literária e política. “É como uma bandeira, um movimento político, editorialmente não me interessa publicar escrita que não produza algum tipo de incómodo”, diz Cameira. Esta radicalidade assenta em editar autores com uma forma alternativa de ver o mundo, mas que não é panfletária, funciona, sim, “ao arrepio daquilo que é uma normalidade ideológica”, continua o editor, sociólogo e professor universitário.

“É como uma bandeira, um movimento político, editorialmente não me interessa publicar escrita que não produza algum tipo de incómodo”

Os poetas portugueses Paulo da Costa Domingos, Rui Baião, António Cabrita, autor de “A Kodak faliu. Também o Dick, o cão da minha infância”, o primeiro livro da editora, são alguns dos nomes que surgem associados a estes dois anos da Barco Bêbado, “poetas para quem a sociedade em que vivem lhes é claramente antipática. Poetas que não andam à procura de publicar, que não querem saber de um sistema literário para nada, e que têm uma coerência autoral sem encenação artística.” Mas também nomes tão fortes como o do controverso pensador italiano, Pier Paolo Pasolini, do fundador da poesia Beat, William Burroughs, do clássico inglês, D. H. Lawrence, do grande situacionista, Gianfranco Sanguinetti, ou do filósofo francês Gilles Deleuze, completam o catálogo que tem uma unicidade muito vincada. “O livro tem de ter alguma coisa adicional que permita fazer mossa, seja a técnica de leitura ou o sabor agridoce, quem lê percebe o que está em causa…”

Literalmente colada ao poema que Rimbaud escreveu em 1871, com o mesmo título, a editora de Emanuel Cameira visa assim acentuar a sua dimensão absolutamente individual, “é a sintonização de uma postura sobre o trabalho editorial: publicar o livro que reconhece que segue um movimento, tem de ser inquietação no tecido cultural e social”. Essa ética e essa verticalidade formam a atitude perante o sistema e o mercado, sem apoios públicos ou privados, manter sempre o lado provocatório desperto a corromper o leitor. “No momento em que essa bandeira desaparecer, ou for uma derivação ou uma acomodação, não será Barco Bêbado”.

Entrevista a Emanuel Cameira, diretor da editora de livros Barco Bêbado.. 27 de Agosto de 2022 Jardim Fernando Peça, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Emanuel Cameira, Barco Bêbado: "O livro tem de ter alguma coisa adicional que permita fazer mossa, seja a técnica de leitura ou o sabor agridoce"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A endurecer este discurso está Paulo da Costa Domingos, o histórico editor da extinta Frenesi. Paulo conhece como ninguém os meandros da edição independente em Portugal, formou-se ao lado de Vítor Silva Tavares da &etc., a mais profícua e lendária editora nacional criada em 1973. É ele, Paulo da Costa Domingos quem faz a paginação de todos os livros da Barco Bêbado, acentuando bem a sua coerência visual e plástica. Todos os livros têm capa da autoria de um artista, que intervém também no interior do título. O traço vem de longe e persegue a vontade de fazer ondas no charco e de abrir cabeças.

De resto, foi ao escolher Vítor Silva Tavares e a &etc. como sujeito da sua tese de doutoramento que Emanuel Cameira conheceu tanto Vítor (falecido em 2015) como Paulo, vindo depois o desejo/necessidade de fundar a sua própria editora. E é com esse lastro de influências que a Barco Bêbado arranca no início da pandemia. Sem salários, nem pagamentos, salvo a um tradutor de vez em quando, foi andando. “Era aquilo que, de certa forma, me permitia não ir morrendo, aquilo que me impedia de sentir que vivia alienado, a única forma de criar ruturas e acontecimentos que fugiam à organização habitual da realidade, o reduto onde era possível fazer coisas diferentes e diferentes do que as outras editoras estavam a fazer.”

Poesia para todos

Desde a adolescência leitores compulsivos de poesia, Manuel de Freitas e Inês Dias fundaram a Averno em 2002. Tinham 30 anos e a maturidade e disponibilidade financeira para se darem ao luxo de ver concretizado o capricho de terem a sua própria editora. Sem prejuízos, mas sem lhes dar o suficiente para não viverem de outras atividades, como a tradução e a escrita, por exemplo, a editora chegou até hoje trazendo na bagagem 140 títulos. São edições pequenas, de 250 a 500 cópias. Com grande autonomia e liberdade, um gosto exigente e algum sentido crítico a linha editorial fica definida. A poesia tem sido o género literário mais publicado, mas a Averno não se afirma como uma editora de poesia apesar de editar essencialmente textos que têm um valor poético acentuado. Originais não entram no catálogo.

A quebra do público e a crítica jornalística cada vez mais diminuta não os desmotivou ao longo dos anos. “Continua a haver leitores, podemos editar mais lentamente, ser mais cautelosos”, afirma Manuel de Freitas.

“Queremos livros que inquietem e nos marquem. Se se lê um livro e a nossa visão das coisas não mudou, foi tempo perdido”, garante Manuel de Freitas. “Há que ter uma força qualquer, uma autenticidade, tem que ser reconhecível o timbre, o estilo”, continua. Na Averno há preferência por autores mais discretos, sem programas mediáticos e que não queiram entrar em circuitos festivaleiros. Além disso, a ética e a estética têm necessariamente que ser coesas.

A quebra do público e a crítica jornalística cada vez mais diminuta não os desmotivou ao longo dos anos. “Continua a haver leitores, podemos editar mais lentamente, ser mais cautelosos”, afirma Manuel de Freitas. De facto, a Averno teve um começo retumbante. A publicação de Poetas sem Qualidades, o seu primeiro livro, foi um sucesso, o título esgotou e atinge hoje valores absurdos em leilões. Tratava-se de “um desabafo contra a poesia de cátedra e o estudo da lírica” que caiu mal no goto de alguns intelectuais da nossa praça e fez correr tinta nos jornais. A venda do livro, da autoria do próprio Manuel de Freitas, permitiu logo aos editores investirem em mais dois ou três livros mais de acordo com os seus “afetos e inclinações”. Amores tão díspares quanto António Barahona, Amalia Bautista, Emanuel Jorge Botelho, Diogo Vaz Pinto, Rui Pires Cabral, Luca Argel, Nunes da Rocha, Fátima Maldonado, Adília Lopes, Ruy Cinatti e eles próprios, Manuel de Freitas e Inês Dias.

Entrevista a Manuel de Freitas, diretor da editora de livros Averno. 27 de Agosto de 2022 Jardim das Amoreiras, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Manuel de Freitas, Averno: "Se se lê um livro e a nossa visão das coisas não mudou, foi tempo perdido"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A editora foi crescendo de forma natural, ao ritmo dos seus autores e dos seus editores. Sem reedições para valorizar o objeto, cada livro da Averno deve ser um todo, “a capa também deve ser lida” e é sempre um projeto de autor. Reclamando toda a independência e sem recorrer a qualquer tipo de apoio, querem continuar a editar livros em que acreditam, se forem menos, isso não os angustia. “Os nossos autores não têm urgência. É quando estiver pronto. Nós esperamos o tempo que for preciso. Não temos pressa!”

Livros, fotografias e imagens

Com vinte e poucos anos, estavam os dois a viver em Londres e ambos sabiam que queriam fazer livros de fotografia enquanto autores. Estavam mesmo à procura de editoras para fazer os seus primeiros livros. E foi durante esse processo que André Príncipe e José Pedro Cortes perceberam que o melhor era serem eles próprios o editor. “Era preciso trazer dinheiro para a editora, muito tempo de espera e depois perdia-se o controlo do papel, do design…”conta André Príncipe, o primeiro dos dois a ter um livro pronto e a contactar com uma editora portuguesa para o fazer. Michael Mack, editor de fotografia inglês, foi também procurado, levava dois anos a publicar o livro e, nessa altura, aos 26 anos, tudo era urgente para Príncipe, que tal como Cortes, vinha dos fanzines e da não necessidade de legitimação do trabalho. As urgências, contudo, ficaram-se por essa altura mesmo. Silence, de José Pedro Cortes, foi o primeiro livro editado pela novíssima Pierre von Kleist, em 2005. Foi preciso mais tempo, ainda não havia lojas online para se chegar num ápice a todos os mercados, nacionais e internacionais, estavam os dois em Portugal, a começar. Afinal, tudo era mais difícil.

"Não valorizamos só aquilo que o trabalho pode valer, juntamos a isso aquilo que consideramos ser uma porta aberta para o leitor entrar. Tudo através de uma narrativa nada clássica e que pode ser parecida tanto com um romance como com um filme.”

Ou talvez não. Por coincidência, André Príncipe tinha conhecido a filha de Victor Palla, andava ainda no Conservatório a estudar cinema. Interessara-se pelo trabalho do pai dela e tinha até falado a Teresa Siza, então à frente dos destinos do Centro Português de Fotografia, no Porto. Havia todo o interesse em que a obra major da dupla de arquitetos-fotógrafos Victor Palla (1922-2006) e de Costa Martins (1922-1996), “Lisboa, Cidade Triste e Alegre”, de 1959, voltasse a ser editada. “Queríamos que fosse visível outra vez, mas achávamos o trabalho demasiado grande para nós”, contam. Palla vem a falecer em 2006 e a família desentendeu-se, dando a entender que se a Pierre von Kleist não avançasse, o livro não viria a existir. Surge assim o segundo livro da editora. Foi, como dizia Victor Palla: “Atira-te primeiro ao mar, depois aprende a nadar!”

Alexandra Pinho, então aos comandos da Coleção BESPhoto, avançou com uma pré-compra de 500 cópias, pagando 40 a 50% do preço total do livro, mais de 40 mil euros. Os editores convidaram Gerry Badger, co-autor com Martin Parr, da Photobook: A History, que dera grande destaque à Lisboa, Cidade Triste e Alegre, para vir até Lisboa. Ele vem e escreve a separata que acompanha a edição da Pierre von Kleist. Com o livro pronto, mas com apenas três exemplares, André Príncipe e José Pedro Cortes, amigos desde a infância, escola primária e secundário incluídos, chegam à feira ParisPhoto de 2009 e toda a gente quer o livro que não existe fisicamente. Quando abriram o email já em Portugal perceberam o quanto as pessoas o queriam. Três mil cópias encomendadas a 90 euros cada! “Pagámos as contas todas e ainda sobrou dinheiro para os livros que queríamos editar, os nossos e de outras pessoas.”

Entrevista a André Principe e José Pedro Cortes, diretores da editora de livros de fotografia Pierre von Kleist. 29 de Agosto de 2022, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

André Principe e José Pedro Cortes, da Pierre von Kleist: "Não nos interessa a manipulação. Queremos coisas reconhecíveis"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Com uma operação de distribuição internacional, nomeadamente a partir de Inglaterra e do Japão, mas sediados em Portugal, foram os fotógrafos nacionais que primeiro quiseram editar: António Júlio Duarte, André Cepeda, Daniel Blaufuks, Augusto Alves da Silva. Mas também livros de cineastas e artistas plásticos. Primeiro com “Casa de Lava”, de Pedro Costa, depois com “Café Bissau”, de Julião Sarmento (as fotos), e agora com “Diários”, desenhos de Rui Chafes. São 49 títulos que contam, obviamente, com contributo estrangeiro: JH Engström, Osamu Kanemura, Keiko Nomura, Anne Lefebvre, entre outros. Eles ocupam-se do design e da digitalização.

“A ideia é trabalhar com a fotografia como medium que tem uma relação próxima com o real, que imita o real. Não nos interessa a manipulação. Queremos coisas reconhecíveis, cidades, pessoas, tempos históricos, um certo lado documental que a fotografia tem. A forma como isso se transforma em livro, interessa-nos. É mais uma experiência. Não valorizamos só aquilo que o trabalho pode valer, juntamos a isso aquilo que consideramos ser uma porta aberta para o leitor entrar. Tudo através de uma narrativa nada clássica e que pode ser parecida tanto com um romance como com um filme.” Ou então, querem ser, como diz Kohei Sugiura, o grande editor de photobooks, “o tradutor de uma língua do autor para outra língua do público”.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora