Quando era pequena, dizia aos pais que um dia a iam ver na televisão. Entrou na Central Models com 12 anos e estreou-se nas novelas aos 16. O namoro com João Félix, assumido no dia em que fez 17 anos, acabaria por fazer de Margarida Corceiro nome frequente na imprensa nacional e internacional, dos jornais desportivos às revistas cor-de-rosa. Hoje, já sobreviveu a mais polémicas do que a breve carreira faria adivinhar. Celebrou 21 anos na passada quinta-feira, 26 de outubro, três dias depois de se estrear como a nova protagonista de “Morangos com Açúcar”.

Mas o sucesso de Magui, como prefere ser tratada, não se faz só de ficção ou de namoros mediáticos. Atualmente com 1,6 milhões de seguidores no Instagram, é a figura mais influente do país no digital. “Nem sequer consigo imaginar o que é ter 1,5 milhões de pessoas à minha frente. Eu acho que não conseguia falar publicamente para 1,5 milhões de pessoas, e faço isso de forma natural nos stories porque nem sequer as vejo”, disse em julho, em entrevista à Forbes.

Não são números para subestimar. Com a mira apontada para a carreira enquanto atriz, o Instagram continua a ser a sua maior fonte de rendimento. “Posso viver bem do Instagram”, acrescenta, à mesma revista. “Ganho mais no Instagram do que como atriz”. De que valores estamos a falar? “Um conteúdo meu por post, uma fotografia, pode ficar à volta dos 10 mil euros. Mas lá está, é muito raro uma marca pedir só um post, normalmente é sempre um pack.”

Para assinalar o 21.º aniversário, partilhou no Instagram uma fotografia em bebé

Os primeiros passos na representação

Nasceu em Santarém, filha de Rita Ferreira e Paulo Corceiro, ambos médicos. Tem uma irmã mais velha. Desde pequena, Magui recorda que já gostava de se ver refletida nos ecrãs. “Adoro tirar fotografias, desde pequenina. O meu pai andava sempre com a máquina atrás de mim e da minha irmã. A minha irmã odiava e eu amava”, contou no podcast Dear Wooman. “Sempre disse aos meus pais que um dia ainda me iam ver na televisão”, confessou, por outro lado, à Magg.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Aos 12 anos, assinou contrato com a agência Central Models e começou a ser chamada para castings de novelas, filmes e séries. Quando estava no 10.º ano, com 16 anos, foi escolhida para entrar na novela da TVI “Prisioneira”. Também nesse período, lançou-se na formação em representação com a atriz Rita Alagão. “Ia todos os dias de Santarém para casa dela ter aulas. Ensinou-me a estudar o guião”, explicou no Dear Wooman. “Tento sempre complementar o trabalho com a formação, é fundamental.”

Começou a trabalhar em ficção aos 16 anos, mas a carreira como modelo começou aos 14

Foi na mesma altura, em 2019, que o namoro com João Félix se tornou público. No dia em que Magui fez 17 anos, o futebolista deixou-lhe um comentário com vários corações no Instagram e a história espalhou-se pela imprensa. A partir daí, tornou-se alvo do escrutínio público. “Nem toda a gente vê novelas, nem toda a gente liga muito ao Instagram, e claro que isso [a relação com João Félix] ajudou no meu reconhecimento”, declarou à TV7 Dias, em dezembro do mesmo ano.

Estudou Humanidades no liceu, em Santarém, e chegou a ponderar seguir jornalismo. “A vida muda. Neste momento, jornalismo não”, reconheceu no Dear Wooman. Os trabalhos continuaram a surgir na ficção, em novelas como “Bem Me Quer” (2020-2021) e “Quero é Viver” (2022-2023). Pelo meio, foi convidada para participar no “Dança com as Estrelas” e para apresentar a quinta edição do concurso Cabelos Pantene. Fez trabalhos como modelo e influencer para marcas como a Intimissimi, Missus, Armani Beauty, NOS, Adidas ou H&M.

“Nas novelas, o ritmo é super acelerado. Não dá para respirar. Gravamos, gravamos, chegamos a casa e temos de decorar 30 páginas para o dia a seguir“, desabafou à conversa com Maria Maia.

Em “Morangos Com Açúcar” é Gabi, a rapariga mais popular do Colégio da Barra

Nos novos “Morangos Com Açúcar”, é a mean girl Gabi. Há cerca de seis meses, confessava no mesmo podcast ainda estar “em choque” por ter entrado no projeto. “A minha irmã é um bocadinho mais velha do que eu e acompanhou [a série] desde muito cedo, por isso lembro-me de estar a beber o leitinho do biberon e de estar a ver os ‘Morangos’.”

Foi a produção que a abordou para o papel — “achavam que eu fazia sentido para a personagem e eu também acho”. As conversas começaram entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. “Para dar sorte, pus uma foto no Instagram a comer um morango. Tenho literalmente uma foto super estúpida, só a comer um morango. E a minha agente a comentar ‘risos’.” A notícia de que tinha, oficialmente, ficado com o papel, chegou mais tarde. “Estava no Havai com a Kika Cerqueira Gomes. Fizemos uma festa. Estávamos na rua e eu aos berros”, disse ainda no Dear Wooman.

A fotografia que publicou no Instagram para “dar sorte”, durante o processo de seleção dos “Morangos com Açúcar”

O inusitado envolvimento do “tio Careca”

“Tenho um carinho muito grande por esta miúda”, disse Nuno Graciano em junho no painel de comentadores do “TVI Extra”, depois de contar que, antes da fama, o pai de Magui lhe pediu ajuda para pôr a filha na televisão. “Estava nas Festas de Lavre, no Alentejo, na tertúlia ‘Casa do Cabecinhas’, há uns seis, sete, oito anos, não consigo precisar, e um dos tertulianos veio ter comigo, um senhor muito simpático, muito bem arranjado, e disse-me assim: ‘Nuno, tenho uma filha muito bonita e acho que ela tem jeito para estas coisas da televisão’.”

“Disse-lhe assim: ‘Não me leve a mal, mas isto é recorrente. As pessoas vêm dizer-me que têm filhos bonitos e com jeito para isto e para aquilo. Ele respondeu, ainda nos tratávamos por você: ‘Acho que o Nuno não está a perceber. A minha filha é mesmo muito bonita’. Pedi-lhe, então, para me mostrar uma fotografia. Mostrou-me a fotografia e eu disse: ‘A sua filha não é muito bonita, a sua filha é linda. Vou, neste momento, ligar para o Tó Romano, da Central Models, para você ir com a sua filha à Central Models’”, acrescentou.

O “tio Careca” continua a frequentar as mesmas tertúlias com o médico escalabitano, mas nunca conheceu a atriz. “Se quiseres, fui eu que dei este tiro da Corceiro”, declarou. “O pai dela até brinca com isso: ‘Para o ano, trago a minha filha. Temos de combinar para estares com a minha filha’. Dizem que fui eu que a ajudei. Não fui nada, foi o talento dela e o facto de ela própria ser uma menina linda. Mas também é muito culta e muito inteligente.”

A atriz com o pai, Paulo Corceiro, que convenceu Nuno Graciano a ligar para o dono da agência Central Models

As polémicas (e as ameaças de morte)

“Sou sportinguista ferrenha. O meu pai foi quem me fez sportinguista, a mim e à minha irmã. Mas, como amantes de futebol, reconhecem o trabalho do João e adoram-no”, explicou sobre a relação dos pais com o namorado no programa “Dois às 10”, da TVI. O namoro com João Félix chegou ao fim em junho, depois de quatro turbulentos anos, ao longo dos quais o craque do Benfica assinou pelo Atlético de Madrid, em 2019, e foi emprestado ao Chelsea, em janeiro de 2023.

Na imprensa, a relação à distância não foi poupada a escrutínio ou rumores de traições de ambos os lados. “Nunca em momento algum pensei que ia estar exposta desta maneira ou chegar a um público tão alargado. Nunca pensei que ia ser esta loucura”, desabafou no Dear Wooman. “Já estou super habituada a que falem de mim. Dá-me igual”.

O maior de todos os escândalos deu-se em fevereiro de 2022, quando começou a circular um vídeo nas redes sociais que mostrava Margarida Corceiro a conversar com Pedro Porro, então jogador no Sporting, na discoteca Lust em Lisboa, junto com os rumores de que teria havido uma troca de beijos entre os dois. Na mesma noite, surgiu nas redes sociais um áudio gravado pelo condutor de Uber que, alegadamente, os terá transportado entre a discoteca e o Montijo. No relato, descrevia a atriz como estando “mal disposta”, enquanto o jogador, agarrado a ela, “dava-lhe beijinhos” e “chamava-lhe de mi amor“.

GettyImages-1190721907

Com um João Félix de 20 anos, em dezembro de 2019. A atriz tinha 17 anos

“Isto já está a sair um bocado fora do controlo, está-me a deixar numa posição chata”, justificou-se a atriz nas redes sociais, negando os rumores. A história do “triângulo amoroso” acabou por chegar aos jornais britânicos quando, em maio do mesmo ano, Porro entregou a T-shirt a Margarida no final de um jogo do Sporting. “A imagem da Magui está a ser destruída por causa deste disparate. Ninguém traiu ninguém, parem com isso”, acabou por se insurgir João Félix no X (na altura Twitter), em defesa da namorada.

“Tomou proporções ridículas, recebi ameaças de morte. As pessoas são loucas”, recordou este ano no Dear Wooman. “É tão triste uma miúda de 17, 18, 19 anos, ter de pensar no que pode fazer ou não. Ter de pensar se é boa ideia ir a uma discoteca com os meus amigos não faz sentido nenhum. Tenho 20 anos, posso fazer o que quiser.” E acrescenta, sobre a perseguição das revistas: “Eu preciso da imprensa e a imprensa precisa de mim. Mas há linhas que algumas revistas passam que eu não entendo. Pensar que há pessoas com idade para serem meus pais ou meus avós a escreverem certas coisas de uma miúda…”

Uma “menina da aldeia” feliz, independente e livre

Há sempre um reverso da moeda. A exposição precoce contribuiu, inevitavelmente, para que o seu nome chegasse a tão longe e lhe abrisse tantas portas — incluindo a da sua própria casa, que conseguiu comprar aos 18 anos. “A minha maior conquista. Que dia feliz”, anunciou, na altura, no Instagram, sobre o apartamento em Lisboa com piscina, jacuzzi, ginásio e garagem.

Aos 18 anos, anunciou no Instagram que tinha comprado a primeira casa. O apartamento em Lisboa tem piscina e jacuzzi

“Só aceito os trabalhos que quero”, contava ainda no Dear Wooman, descrevendo-se como “uma menina super normal da aldeia, quase”. Lida bem com a exposição e com as críticas, mas admite que é uma “pessoa igual às outras”. “Devem pensar que figuras públicas são extraterrestres e que podem falar o que querem, dizer o que querem e fazer o que querem com elas, mas não podem. Nós somos pessoas iguais a vocês. Também chegamos a casa com roupa para lavar e montes de louça na pia. Acho que se esquecem que somos humanos. E eu sou humana.”

Considera-se feliz. Recorda uma infância “incrível”, com um “suporte familiar inacreditável”. No mesmo podcast, contou que se orgulha da pessoa em que se está a tornar, que “não stressa muito” e que “vai pouco a pouco, com a maré”. É segura e nada parece fazer-lhe grande mossa. Gosta de dançar e de sair com os amigos.

Esta, chamemos-lhe, “abordagem Margarida Corceiro à vida” pode muito bem resumir-se num tweet publicado pela própria em janeiro deste ano, que, sem surpresas, incendiou a rede social, atraindo hordas de comentadores indignados: “Vivemos num mundo em que trair é ser mulher que sai à noite com amigos do sexo masculino. Que se diverte, dança, ri, conversa, etc. Espero continuar a trair a vida inteira”.