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ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Rockers de meia idade, baladas de gente meiga, rappers de todo o lado: um roteiro em 15 concertos para o NOS Alive

Um festival de música é uma lição de vida: faz-se de escolhas e de conflitos. Para ajudar na tarefa, sugerimos palcos e artistas para seguir no Passeio Marítimo de Algés a partir desta quinta-feira.

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Herman Melville entrou para a história da literatura à conta de Moby Dick, um tremendo romance em todos os sentidos: qualidade de escrita, camadas de leitura, poder simbólico e uma enormidade de páginas que o torna – para ser franco – tão aborrecido que nunca o acabei; sei apenas que o cânone o considera “tremendo” nas categorias que mencionei e, volta e meia, em jantares, faço de conta que sim, sei perfeitamente do que estão a falar, enquanto dou uma mirada rápida na Wikipedia, para não dizer disparates.

Aqueles que, como eu, tendem a fazer apenas o que lhes dá prazer e a não se submeterem a torturas de centenas e centenas de páginas sobre um pescador, capitão, whatever, que anda atrás de uma baleia, preferem Bartleby, um conto longo ou novela curta, com a mais simples  das sinopses: o escrivão Bartleby recusa-se. Simplesmente, recusa-se. O chefe pede-lhe para ir ali ao arquivo buscar um dossier? Ele responde “I rather not to”. A mãe pergunta-lhe se ele pode ir à loja comprar cenouras? Ele responde “I rather not to”. A prima pergunta-lhe se ele pode fazer de ama para ela ir ao cinema? Ele responde “I rather not to”.

Não sou desmancha-prazeres: tirando o protagonista, as personagens e situações acima descritas podem ou não constar do livro e/ou terem sido inventadas por mim. O essencial é que Bartleby preferia não o fazer, não lhe apetece, não quer. O que o tornou uma espécie de herói para milhões de pessoas que a) leram o livro e b) não nasceram ricas e todos os dias têm de fazer coisas que não querem e não conseguem ou não podem, pelas mais diversas razões, simplesmente responder “I rather not to”.

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Que é o que me apetece sempre que me pedem para escrever um texto a apresentar um festival. Os festivais em Portugal apareceram quando eu era um miúdo de 17 ou 18 anos (tirando aquele antigo de Vilar de Mouros) e na altura eram uma excitação: os concertos eram tão raros que puder ver, num par de dias, 4 ou 5 bandas que nunca imaginámos ser possível encontrar num palco – isto era um sonho.

Depois tornaram-se uma espécie de enlatados de género: o festival X é mais indie, o Y é mais pop com alguma música incomum, o Z é reggae, o W é eletrónica para betos que adoram MD. Enfim, o interesse dos festivais passou a ser apanhar aquela banda que não vimos na adolescência, rever ex-namoradas, estrear camisas às flores.

Nos melhores festivais, os melhores concertos são daquelas bandas que aparecem em letras tão miudinhas que nos recordam da razão para termos começado a usar óculos (nesse sentido, e para quem ainda não usa óculos, uma mirada no cartaz pode servir de aviso de que está na hora de ir ao oftalmologista); os concertos dessas bandas acontecem na tenda mais pequena, a cerca de 4,5 km da principal, às 16h da tarde, quando ainda se está de ressaca da noite anterior, ou acabou de chegar de viagem. Inevitavelmente têm 14 pessoas nas grades, fidelíssimas à banda, e 382 espanhóis aos berros, sem prestar atenção à música, espalhados num raio de 200 metros.

Álvaro Covões: “Se calhar 80% das pessoas que estão no Governo acamparam num festival do qual fiz parte”

Mas, enfim, que fazer? As pessoas vão a festivais, estoirar 5 euros por imperial, que mais não seja porque estão lá 3 ou 4 bandas que querem ver e custaria 2 ou 3 vezes mais vê-las todas a solo do que em festival; ou então porque a Maria Antónia vai e há meses que vocês só pensam na Maria Antónia. E depois dão de caras com a Maria Antónia e a namorada, porque estamos em 2023 e apesar disso nunca vos tinha ocorrido que a simpatia dela era só mesmo isso, simpatia, ela nem sequer joga no mesmo campeonato.

Yada, yada, yada, yada, vamos lá aos concertos que vale a pena ver no festival cujo nome está mencionado no título.

5ª feira, dia 6

Black Keys (palco NOS, 21h30) – O grande problema dos Black Keys, como de tantas outras bandas que um dia faziam rock na garagem e no outro saltaram para as maiores arenas, é a sobre-exposição que canções como “Lonely Boy” ou “Next Girl” sofreram – não deixam de ser grandes canções de garage rock estupidamente bem alinhavado, só está batido. Ainda assim, pouca gente executa tão bem este revivalismo do rock primário, baseado no riff sujo, inequivocamente sexual – e com uma cerveja na mão, um desfilar de dezena e meia de êxitos rasgadinhos sabe sempre bem. Não tem nada que saber: copo na mão, abanar a anca e no fim evitar dizer: “Já não se faz rock assim”.

Ibibio Sound Machine (palco Heineken, 22h25) – Parece impossível, mas este é um concerto que vale mesmo a pena assistir e não é incluído no cardápio apenas para encher chouriços – não é a enésima banda de indie-rock melancólica nem a pop-star do momento nem mais um projeto eletrónico tunts tunts tunts tunts que obriga a drogaria para aturar uma batida 4 por 4. O som desta malta distingue-se a milhas, com a sua combinação de afro-beat, funk, disco e todos os tipos de eletrónica (e até pop) a criarem uma linguagem dançável e frenética, que parte da música de raízes nigeriana (da etnia Ibibio) para chegar a uma espécie de pop futurista eletrónica. E se isto faz sentido em casa, ao vivo ainda mais e (caso o/a/e senhor/a/e da mesa de som esteja inspirado) aquele baixo vai fazer-se sentir nas vossas ancas.

Red Hot Chilli Peppers (palco NOS, 23h30) – Porquê? Porque é que no ano de 2023 ainda alguém quererá ver os Red Hot Chilli Peppers, que terão sido engraçados durante cerca de 2 minutos, isto reunindo toda a obra. Ah, tocaram nus ou com meias na pila. Ah, eram rebeldes e metiam drogas. Se querem bandas pelo funk, ouçam bandas que façam funk a sério; se querem bandas rock ouçam bandas que fazem rock a sério. Agora, ver bandas por uma suposta rebeldia que ocorreu há décadas, numa altura em que já precisam de bengalas – porquê? E porquê incluir os Peppers nesta lista — porquê?

Pedro da Linha (palco WTF Clubbing, 01h00) – Puto prodígio dos beats do subúrbio, é o produtor mascote de uns quantos eleitos – para ser preciso: Ana Moura, EU.CLIDES e Pedro Mafama). Em maio lançou o EP Rua Rosa, 24 que – e vou citar este mesmo jornal, há dias – reinterpreta “música popular portuguesa e a torna apetecível para as pistas de dança dos clubes”. A experiência está umbilicalmente ligada à sala Musicbox, em Lisboa, onde Pedro da Linha passa discos de forma regular e o objetivo é elevar e transformar a música popular portuguesa. Consta que volta e meia deita a discoteca Lux abaixo – é de presumir que seja menino para fazer o mesmo no Alive (com a companhia de Kelman Duran).

Spoon (palco Heineken, 01h05) – Seriam o João Moutinho do indie-rock se por acaso João Moutinho fosse para dentro do campo com ótimas camisas. E antes de explicar esta linda metáfora, permitam-me um momento de trivia pop, secção truca-truca: devemos sempre respeitar um homem por quem Eleanor Friedberger (que foi metade dos Fiery Furnaces, ao lado do seu irmão Matthew, antes de enveredar por uma carreira a solo) esteve apaixonada durante anos, e digo isto com toda a imparcialidade. (Casa comigo, Eleanor. Eu também tenho ótimas camisas.) Voltando a João Moutinho: é o tipo de jogador que não parece ter nenhum traço de génio, depois ao vivo percebemos que faz tudo bem, chegamos mesmo a pensar que vai atingir o topo da carreira (um Barcelona, um City), mas acaba por continuar a fazer tudo bem, só que num palco mais pequeno. Enfim, sem eventualmente a faísca do génio, mas sempre fiável, como um Fiat 500. Britt Daniel (vocalista e líder da banda) tem sempre uma malha para tirar do bolso (ou, vá da guitarra), as harmonias entre as seis cordas funcionam sempre, Ga Ga Ga Ga Ga (2007) e They Want My Soul (2014) são dois belos discos, “The Underdog”, “I Turn My Camera On”, “Inside Out” e “Do You” têm ótimas melodias.

6ª feira, dia 7

Idles (palco NOS, 19h20) – Ainda há uns aninhos era preciso ir a bares obscuros para ouvir o punk provocatório e obscuro dos Idles. De repente, do nada, eles estão em todo o lado a toda a hora – OK, isto é possivelmente exagero, ainda devem ser banda de culto em termos de vendas, apenas que com maior exposição do que antigamente. O magnum opus dos Idles será sempre Joy as an Act of Resistance (de 2018), uma daquelas raras ocasiões em que um disco politicamente engajado está musicalmente à altura do seu moralismo. Centrado em temas como a masculinidade tóxica e o binómio imigrantes vs. racismo (imigrantes = OK, racismo = mau, só para quem não tiver sido informado), Joy as an Act of Resistance é um portento, com “Danny Nedelko” (sobre um imigrante amigo do vocalista Joe Talbot) à cabeça. “Colossus”, “Samaritans”, tudo isto vos dará vontade de andar à biqueirada (com neo-nazis, se levarem as letras a peito). Aqui não há enganos: é bomba.

Lizzo (palco NOS, 20h50) – Segundo um número do Daily Mail desta semana, Lizzo mostrou as suas incríveis curvas quando ficou só de soutien e cueca fio dental numa festa em Ibiza. Só li o título, não aprofundei a temática, mas é sempre interessante quando a imprensa fala de tudo menos da música – e por acaso até há razões para falar de música neste caso e nem é preciso ir muito mais longe que os singles óbvios para o perceber: “About damn time” é uma bela faixa funk, que recorda as guitarrinhas das Sister Sledge, prova de que o disco sound nunca acabou. Um tipo pica “Good as hell” e não há a mínima dúvida: Lizzo tem um vozeirão, bai beber às fontes mais inspiradas da soul e do funk da década de 60 e sabe implantar uns beats engraçados e refrões garrafais na tradição. Não liguem ao DailyMail, liguem à música.

Artic Monkeys (palco NOS, 22h45) – Diz a juventude que os primeiros discos dos Artic Monkeys são incomparavelmente melhores que os mais recentes, que soam a música lounge e crise de meia idade. Mas a juventude está (quase sempre) errada. AM (de 2013) já batia aos pontos o início da carreira dos rapazes – era o momento em que eles deixavam de fingir que eram muito rock e começaram a produzir grandes canções, como “Do I Wanna Know?” ou “R U Mine?”, em que perdiam o medo de soarem ridículos. O mais recente Car prolonga o som de bar decadente que encontrávamos em Tranquility Base Hotel & Casino e encontra uma banda vestida de fatos beige e cabelo com gel puxado para trás – a música soa a casa de meninas de má reputação, onde se corre o risco de perder um rim; e isso, apesar das excelentes memórias de 2006, é melhor que o indie rock chapa 4 de “I Bet You Look Good on the Dancefloor”. Uma grande banda (mas só agora).

Little Nas X (palco NOS, 01h15) – Tenho estado à procura de motivos para alguém se deslocar a este concerto e, tanto quando pude apurar, a popularidade de Little Nas X deve-se ao êxito “Old Town Road”, que por acaso já era uma canção altamente conhecida antes de Nas X fazer uma versão que se tornou viral. Aparentemente, e estou praticamente a parafrasear críticas de concertos que encontrei, os espectáculos de Nas X são altamente produzidos e têm uma energia contagiante, o tipo de frase que soa por completo a comunicado de imprensa, o que diz bem do estado da crítica nos dias de hoje. Mas talvez seja uma boa razão para ir ao concerto: tentar perceber o porquê de haver imensas alminhas que se interessam pelo assunto.

Papillon (palco WTF Clubbing, 01h25) – Poeta urbano da linha de Sintra (daquela que os nativos digitais não visitam e não tem cappuccinos com corações desenhados) fez carreira com os GROGnation, tem um flow sacana, que por sua vez é ajudado por ótimas produções de gente como Slow J ou Sam the Kid. Jony Driver, o seu mais recente disco, é marcado pela vida em Algueirão, Mem Martins, onde cresceu no que diz ter sido um constante caos, como ter de saltar de casa em casa sempre que a família era despejada – a música, diz, é uma forma de encontrar estabilidade. E também paz: em Jony Driver, tão ou mais marcante que a vida em Algueirão, é a morte do pai, um homem trabalhador que morreu com sonhos por realizar – escrever sobre ele é, de certa forma, dar um final mais feliz ao progenitor. Aconteça o que acontecer, vai ser intenso.

Sábado, dia 8

King Princess (palco Heineken, 18h30) – Mark Ronson é conhecido pelo seu trabalho com Amy Winehouse (bem), produzir “Uptown Funk”, interpretado por Bruno Mars (boa canção, artista desinteressante) e ter co-escrito “Shallow”, a balada interpretada por Lady Gaga e Bradley Cooper, naquele filme que podemos descrever como shallow. De modo que o facto de King Princess ter assinado pela Zelig Records, editora de Ronson, não nos dá certezas de nada. Uma boa parte da obra de Princess são baladas e baladas, migas, é terreno pantanoso e que facilmente resvala para a lamechice. (Uma das baladas chama-se “Prophet”, outra “Pussy is God”. Não descobri se existe uma balada chamada “Geni”, mas existe uma chamada “Talia”.) Se não quiserem baladas têm de esperar pelo 1m50s de “Ohio”, até se ouvirem guitarras a rasgar; mas em geral é concerto que se aconselha a quem aprecie baladas.

Machine Gun Kelly (paclo NOS, 19h30) – Os putos parecem adorar Machine Gun Kelly, o que pode indiciar algum problema com os putos (convém estarmos atentos). Musicalmente, o rapaz é um rapper com apreço pelo rock, algo que já era notório em Lace Up, o disco de estreia, de 2012. Lá por 2017, com Bloom, o pendor do rock alternativo aumentou, tal como a pop – quer dizer, “Bad Things” conta com participação de Camila Cabello. A fase de rapper é mais interessante do que a de rocker (ou popper) e, honestamente, vocês estejam atentos à música que os vossos filhos andam a ouvir. (Em “In this walls” ele rapa “She’s my Kate Moss / I’m her Johny Depp” e, ouçam: isto não é poesia.)

Angel Olsen (palco Heineken, 20h10) – Vou poupar-vos tempo: ouçam tudo o que puderem de Angel Olsen, o mais próximo que existe, nos dias de hoje, de uma deusa. My Woman (de 2016) é o disco em que que ela se liberta da folk e dispara para todos os lados, All Mirrors (de 2019) é o disco experimental que todos precisamos de ter na nossa prateleira e Big Time (de 2022) o álbum de country que não sabíamos que queríamos. Ela é perfeita e o preço do bilhete de qualquer festival vale só por ela.

Iolanda (palco Coreto, 21h10) — Este é o palco com gente teoricamente “menos conhecida” de todo o cartaz, como costuma acontecer. Mas é também o palco onde as maiores surpresas podem acontecer, precisamente porque apresenta os artistas “menos conhecidos” (em teoria). O mediatismo interessa pouco, esta é uma área de revelações na música portuguesa. O que aqui passa pode chegar aos outros palcos nos anos próximos, por isso é de lhe dar atenção. Exemplo? Iolanda. Aqui há talento e sensibilidade pop, tudo o que é preciso para, depois do concerto, deixarmos aquela nota no telefone: “ver mais sobre Iolanda” — que, ajudamos nós, faz parte do coletivo Avalanche, de gente trabalhadora, e junta R&B, eletrónica e tiques de tradição portuguesa.

Sam Smith (palco NOS, 23h05) – Se, tal como eu, não virem televisão há anos, pode ter-vos escapado o facto de Sam Smith se ter tornado uma das maiores estrelas pop atuais, embora as razões não sejam óbvias. Como outras estrelas pop, Smith é um homem de muitos ofícios, o que inclui as inevitáveis baladas, como “Stay with Me” (do álbum In the Lonely Hour, de contornos soul), ou “Writing’s on the Wall” (esta está na BSO de “007 Spectre” e tem arranjos dramáticos, se a noção de drama for mais telenovela e menos clássicos gregos) ou “I’m Not the Only One”, que tem um pianinho engraçado e um batida agradável e é parecida com cerca de 13859 outras baladas que ninguém conhece. (Se Sam Smith tivesse nascido uns anos antes podia ter fundado os Coldplay.) Mas, CALMA, nem todas as canções de Sam Smith são baladas; ocasionalmente ele cria uma malha mais dançável de pendor soul (inesperado, numa estrela pop, é que ninguém faz carreira hoje em dia entre baladas e malhas dançável de pendor soul): “Baby, you make me crazy” é das melhores nesse capítulo. Enfim, será certamente um concerto competente. Pelo menos para quem na música procura competência.

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