Foi um dos argumentos centrais da campanha de Donald Trump: o voto antecipado e por correio abriria espaço a fraude eleitoral e prejudicaria o Presidente.

Antes da eleição, Trump procurou limitar na justiça as possibilidades de os estados contarem todos os boletins de voto enviados por correio (as estatísticas mostram que grande parte dos eleitores democratas recorreram ao voto antecipado, enquanto a maioria dos republicanos foi às urnas no dia 3 de novembro); depois da eleição, a campanha de Trump tem procurado colocar em causa a legitimidade da contagem e já começou a mover processos para impedir a contabilização de votos em estados cruciais. Parte desse esforço tem passado pela disseminação da desinformação nas redes sociais por parte de elementos ligados à campanha do Presidente, que têm publicado alegações de que há boletins com votos em Biden a serem acrescentados às urnas e, por outro lado, boletins com votos em Trump a serem destruídos.

Na quarta-feira, Eric Trump, o terceiro filho de Donald Trump e um dos líderes da Trump Organization, partilhou no Twitter um vídeo que, supostamente, mostraria 80 boletins com votos em Trump a serem queimados dentro de um saco de plástico. A conta que originalmente publicou o vídeo foi suspensa, mas o tweet de Eric Trump mantém-se online (embora já não seja possível ver as imagens). O vídeo também foi partilhado em páginas do Facebook.

A veracidade daquela informação foi rapidamente desmentida.

Num comunicado publicado online, a autarquia da cidade de Virginia Beach, no estado da Virgínia (de onde aqueles boletins de voto são), explicou que os boletins que surgem no vídeo não são oficiais, mas sim cópias de boletins de amostra.

“Um cidadão preocupado partilhou connosco um vídeo que mostra alguém a queimar boletins de voto de forma ostensiva”, lê-se no comunicado. “NÃO são boletins oficiais, são boletins de amostra. Em anexo podem ver um fotograma do vídeo e uma imagem dos boletins oficiais, que têm código de barras.”

No anexo, é possível ver como os boletins que surgem no vídeo não incluem as barras em torno do papel. O comunicado acrescenta ainda que as autoridades estão ainda a investigar um possível crime de fogo ilegal.

Conclusão

De acordo com as autoridades eleitorais do estado da Virgínia, os boletins de voto que surgem no vídeo não são oficiais, o que significa que não eram votos reais em Donald Trump. Não se trata de um ato de fraude eleitoral (embora possa ser um crime de fogo ilegal e esteja a ser investigado) e a afirmação de Eric Trump é falsa.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

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